Bolsa do Rio de Janeiro entrará em operação no 2º semestre de 2025
O Rio de Janeiro voltará a ter uma bolsa de valores depois de mais de 20 anos. O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), e o CEO do Americas Trading Group (ATG), Claudio Pracownik, anunciaram o empreendimento na última quarta-feira (3).O anúncio ocorreu na sede da Associação Comercial do Rio de Janeiro. A ATG será a responsável pela gestão da nova bolsa. A ATG é uma empresa de tecnologia que negocia ativos financeiros. Ela já atua no Brasil, bem como em outros países da América Latina e nos EUA. Afinal, oferece uma plataforma para clientes operarem em bolsas e outros mercados. O controle da ATG pertence à Mubadala, dos Emirados Árabes Unidos, desde 2023.Segundo o representante da ATG, a operação da nova bolsa tem previsão de início para o 2º semestre de 2025. Além disso, foi informado que ela está, atualmente, na fase final de obtenção das autorizações regulatórias. Esse processo se dá junto ao Banco Central (BC) e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Redução do ISS é incentivo para nova bolsa de valores
Durante a cerimônia de lançamento, o prefeito sancionou a lei municipal que reduz o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS).Esse imposto se aplica às atividades de bolsas de valores, mercadorias e futuros. Além disso, incide nas atividades de grupos envolvidos na negociação, liquidação e custódia de ativos financeiros.A redução do ISS será de 5% para 2% sobre atividades da bolsa de valores. Afinal, segundo Paes, esse é o grande incentivo para o retorno do mercado de ações em solo carioca.Aliás, foi a gestão de Paes que propôs o projeto de lei, que acabou aprovado pela Câmara Municipal em junho, por 37 votos a 5.
Objetivo é competir com a B3
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, falou sobre a importância da nova bolsa para levantar o setor produtivo na cidade:
“O Rio tem uma parte importante da força econômica do Brasil: a Vale está aqui, a Globo tá aqui, a teledramaturgia da Record está no Rio. Mas onde está o setor produtivo? A gente tem um monte de coisas interessantes acontecendo no setor privado do Rio, mas a gente não consegue levantar essa turma.”
Além disso, o prefeito disse que o objetivo é competir com a B3, que funciona em São Paulo. Segundo ele:
“A volta da bolsa de valores é a ponta do iceberg. É o esforço do governador, prefeito, atores políticos. O setor privado percebeu que tem uma concorrência a ser feita com São Paulo. Começamos a criar um ambiente econômico, um conjunto de atrativos, de novos mercados que surgirão”.
Aliás, a antiga bolsa de valores do Rio era uma das mais antigas do Brasil, inaugurada em 1820. No entanto, ela parou de operar em 2002, sendo incorporada justamente pela bolsa de São Paulo.
Renascimento do mercado financeiro na cidade
Quem também mostrou empolgação com a criação da nova bolsa de valores foi Claudio Pracownik, CEO da ATG. Para ele, a criação de uma segunda bolsa de valores no Brasil é sinal da maturidade do mercado de capitais do país.Além disso, uma segunda bolsa também contribui para que o país seja visto de forma mais positiva por investidores, especialmente os internacionais.Precownik também falou sobre a importância da nova bolsa para o renascimento do mercado no Rio:
“A nova bolsa terá sua sede administrativa localizada no Rio de Janeiro. Isso é muito importante para a cidade e para o Estado. O Rio voltará a ser um grande centro de negócios, atraindo investidores, e isso tem uma relevância enorme. Nós esperamos que este seja o marco inicial do renascimento do mercado financeiro no Rio de Janeiro.”
Por fim, o presidente da Câmara do Rio, vereador Carlo Caiado (PSD), destacou que o projeto de lei recebeu amplo apoio tanto dos parlamentares quanto dos agentes econômicos e especialistas. Além disso, também destacou o renascimento econômico da cidade:
“Este é um marco a consolidação do renascimento econômico do Rio de Janeiro. Após mais de 20 anos, a cidade vai ganhar uma nova Bolsa de Valores. A lei proposta em parceria pelo executivo e pelo legislativo foi aprovada com ampla maioria. A Câmara fez reunião com os setores financeiros e mostrou a importância da lei para especialistas, empresários. Será uma revitalização do mercado financeiro carioca. A nova Bolsa de Valores vai incentivar investimentos diretos e indiretos, estimular emprego e promover crescimento econômico e inovação tecnológica.”
Setor financeiro em crescimento
O secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico, Chicão Bulhões (PSD), também comemorou a retomada da economia na cidade do Rio. Além disso, destacou a importância do mercado financeiro para a economia carioca:
“É o quarto maior pagador de ISS da cidade, mais de um bilhão e meio de reais. São quase 70 mil pessoas trabalhando no setor, que, com a Bolsa, vai ganhar uma nova dimensão, atraindo mais investidores para cá.”
Segundo os dados da Secretaria Municipal de Fazenda e Planejamento (SMFP), os impostos do setor representam 9,1% da arrecadação total. Além disso, o setor conta com 68,5 mil trabalhadores. Também gerou 2,7 mil novos empregos entre 2021 e 2023.Por fim, também segundo a prefeitura, o Rio tem mais de 4 mil fundos, representando 17,6% do total do país.Além disso, é um mercado forte em termos de patrimônio gerido. Afinal, reúne R$2,2 trilhões sob gestão, o que representa 34% dos valores investidos no Brasil.O Rio reúne 22,6% dos cotistas, com 1,1 milhão de investidores, e 20,4% das assets (gestoras de fundos).De acordo com a prefeitura, os dados constam no estudo “Setor Financeiro no Rio”.
O que a nova bolsa do Rio pode gerar
Segundo a Prefeitura do Rio de Janeiro, a nova bolsa negociará ações, derivados, câmbio e commodities. Portanto, entrará em competição com a B3, de São Paulo. Além disso, será a 1ª Bolsa Brasileira de Crédito de Carbono sediada na capital carioca.O CEO da ATG, Claudio Pracownik, destacou a importância da concorrência para trazer eficiência, redução de riscos e criação de novos produtos.Além disso, Eduardo Paes defendeu que a criação da nova bolsa vai promover a concorrência. Afinal, a redução do ISS pretende equiparar o imposto do Rio ao de São Paulo, deixando a capital carioca mais atraente que a B3.Segundo a prefeitura, a competição criada pela abertura da nova bolsa pode trazer diversos benefícios. Por exemplo, pode gerar a redução dos custos de listagem cobrados pelas empresas, o incentivo à abertura de capital e a busca por recursos por parte de novas companhias.Além disso, o incentivo pode gerar redução nas taxas de negociação e mais movimentação de liquidez de capitais.
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