Como se tornar um validador do “The Merge” do Ethereum

Ethereum logo. Source: Adobe

Que tal receber recompensas ao se tornar um validador de novas moedas de Ethereum? Quem participa recebe ETH em troca. Para isso, é preciso entender como funciona o novo mecanismo de consenso da plataforma Ethereum, o “Proof-of-Stake” – Prova de Participação, que começou a ser usado no ano passado, com a transição chamada de “The Merge” – A Fusão.

É isso que nós vamos mostrar nessa matéria e você também vai saber o passo a passo para participar e ficar por dentro das vantagens da mudança feita pela rede Ethereum, que antes, operava com o “Proof-of-Work” – Prova de Trabalho.

Mesmo que você não se torne um validador de novas criptomoedas, é interessante estar atualizado para investir com mais segurança, neste ou em outros criptoativos.

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O que é “The Merge”?

Segundo a própria plataforma da Ethereum explica, The Merge (A Fusão) foi o nome dado à atualização do mecanismo original de “Proof-of-Work” (prova de trabalho) para “Proof-of-Stake” (prova de participação).

Isso quer dizer que houve uma fusão da Ethereum Mainnet com uma blockchain Proof-of-Work separada, chamada de Beacon Chain (cadeia de farol), que agora existe em forma de cadeia (chain). Ainda está confuso, não é? Mas vamos seguir esclarecendo.

Nós iremos explicar melhor essa mudança, mas já damos destaque a uma das maiores vantagens do Proof-of-Stake, a redução no gasto de energia, que diminuiu em 99,95%, como você pode ver nesse artigo:

Genocídio Yanomami: enquanto a mineração de ouro mata indígenas, a de criptomoedas reverte a fama de poluidora. 

E o gasto exorbitante de energia  é uma das maiores preocupações com a mineração de criptomoedas, devido ao uso de computadores super potentes,  o que ocorre no caso da Prova de Trabalho e deixa de ser necessário na Prova de Participação.

O que é Proof-of-Stake?

Vamos detalhar um pouco mais? Também, podemos dizer que o Proof-of-Stake é uma forma de verificar as transações para produzir criptomoedas, ou seja, um meio de validar a criação de moedas digitais, no caso em questão, de ETH. 

Para ficar clara a importância dessa validação, é bom entender para que servem as blockchains.

Como já é de conhecimento de muitos, as blockchains são os blocos de cadeias em forma digital, que usam a criptografia para registrar transações de ativos digitais, como é o caso dos tokens, das moedas digitais, dos NFTs (Tokens Não Fungíveis), Smart Contracts (contratos inteligentes) e por aí vai.

E também é sabido que blockchain é uma tecnologia que possibilita a criação de um dinheiro digital sem controle dos governos e nem dos bancos, por isso, fala-se que é uma moeda descentralizada. O Bitcoin foi a primeira. 

Esse entendimento, também, pode ser aplicado para outras transações, como os Smart Contracts, que não precisam de um controle institucional, como os cartórios. 

Tudo é registrado nas blockchains e com autenticidade e segurança garantidas pela criptografia (um sistema de segurança de dados por meio de longos códigos, formados com algorítmos).

A importância da validação

Pois bem, já que não há intervenção do governo, com os criptoativos descentralizados, então, como podemos confiar nessa cadeia de criptografia? Isso acontece através da validação, que antes era feita pela “Proof-of-Work”, no caso do Ethereum e que, agora, é feita pela “Proof-of-Stake”. Ficou mais fácil entender, agora?

Não existe uma central que administra as blockchains, em vez disso, empresas e pessoas, independentes, ajudam a dar validade às moedas com a criação de novos blocos em cadeia, as transações em blockchain.

E, para ficar ainda mais claro, tem uma comparação que ajuda muito a entender o que é uma blockchain. É como se fosse um livro onde são escritos todos os dados sobre determinadas transações. Podemos citar, como exemplos, um livro de atas de reunião de condomínio ou um livro de cartório de registro.

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Participação com recompensas

Agora, estamos prontos para entender que Proof-of-Stake é um mecanismo de consenso, com requisitos pré-definidos que vão determinar quem pode ser um validador das novas criptomoedas. 

Até a publicação desta matéria, já estavam listados na rede Ethereum quase 540 mil validadores.

Esse validador precisa respeitar todos os processos, com precisão e sem trapaças, caso contrário, não pode ser um participante e, muito menos, receber as recompensas pelo trabalho. Essas recompensas são em criptomoedas, no caso, ETH.  

“Quando os participantes do blockchain verificam se uma transação é legítima e a adicionam ao blockchain, dizemos que os participantes chegaram a um consenso”, disse à Forbes, Marius Smith, chefe de desenvolvimento de negócios da custódia de ativos digitais Finoa.

Como funciona o Proof-of-Stake?

Qualquer pessoa que tenha criptomoedas, em sua carteira, pode se tornar um validador de Proof-of-Stake, desde que essa criptomoeda use o mecanismo de Prova de Participação. 

É que a lógica desse mecanismo é exatamente essa: que a pessoa possa usar suas próprias moedas para que a validação seja feita. 

Não é garantido que a pessoa seja escolhida para ser um validador. Isso depende se ela cumpriu as tarefas da forma correta e se os dados são seguros e se ela não tentou fraudar o sistema.

Uma vez que a pessoa seja escolhida como validador, ela recebe uma recompensa em novas criptomoedas. E se ela tentar fraudar o sistema ou informar dados duvidosos, pode ser punida, perdendo as moedas que usou para tentar fazer a validação. 

Conforme explicado na plataforma Ethereum, quem possuir, ao menos 32 ETH, pode se “candidatar” para ser um validador individual de um novo bloco de criptomoedas. 

Quem não tiver essa quantidade, pode aderir aos pools de participação, uma validação coletiva.

Para participar como validador individual, é preciso que o interessado adquira um ticket. A partir daí, um primeiro validador é escolhido, aleatoriamente, e outros vão sendo listados, em seguida, no mecanismo de validação.

A escolha dos validadores é controlada pela Ethereum, como consta no site da rede:

“Em seguida, existe um protocolo que rege como validadores honestos são selecionados para propor ou validar blocos, processar transações e votar por sua visão do topo da cadeia.”

O primeiro validador selecionado cria um novo bloco, que é compartilhado com a rede.

O principal objetivo do mecanismo de consenso é se proteger contra-ataques Sybil.

O ataque Sybil acontece quando um usuário ou um grupo se passa por muitos usuários. Tanto a prova de trabalho, quanto a prova de participação protegem a rede, porque fazem com que os invasores gastem muita energia e garantias, tornando o crime sem vantagem.

Por isso, existem os incentivos, para encorajar os participantes individuais a operar, apenas, validadores honestos, ao mesmo tempo que foram estabelecidas punições para quem agir de má fé, além de gastos muito altos para aplicar golpes, como consta no site da Ethereum.

“A rede é mantida segura pelo fato de que você precisaria de 51% da capacidade dos computadores da rede para defraudar a cadeia. Isso exigiria investimentos tão grandes em equipamentos e energia que é bastante provável que você teria mais prejuízos do que lucros.”

Como se tornar um validador da Ethereum?

Tornar-se um validador Proof-of-Stake requer um pouco de familiarização com tecnologia. É necessário usar um aplicativo chamado “Staking Lauchpad”, que é um APP de código aberto.

O aplicativo ajuda na escolha dos clientes – novos validadores em cadeia e, também, serve para gerar as chaves e para ser feito o depósito de ETH no contrato de depósito de staking. 

Em seguida, o usuário terá acesso a uma lista de verificação, para checar se seguiu todos os procedimentos exigidos para configurar o validador com segurança.

Passo a passo para se tornar um validador:

  1. Obter um hardware – para executar um nó – executar um o software “cliente”; pode ser feito no próprio computador, mas muitos optam por um máquina dedicada para eliminar o impacto no desempenho do PC e minimizar o tempo de inatividade do nó.
  2. Sincronizar um cliente na camada de execução;
  3. Sincronizar um cliente na camada de consenso;
  4. Gerar suas chaves e carregá-las no seu cliente validador;
  5. Monitorar e manter o nó.

Para mais detalhes, acesse a página de cadastro de validadores da Ethereum.

A Ethereum esclarece que é possível parar as atividades como validador, mas a retirada dos fundos só será possível depois da atualização Xangai, que fica planejada, conforme divulgado no site da rede:

“Após a atualização Xangai, os usuários poderão retirar suas recompensas, assim como seu stake, se assim o desejarem.”

Para o especialista em blockchain, Maurício Magaldi, diretor de Estratégia Global Crypto da 11:FS, o Proof-of-Stake (POS) é um mecanismo de consenso muito interessante, pois alinha incentivos entre os validadores e os usuários da rede, do ponto de vista econômico e de segurança. 

“Ao contrário do mecanismo de POW (Proof-of-Work), o POS (Proof-of-Stake) não demanda um poder computacional muito grande e, por isso, a validação de redes POS é mais acessível a usuários comuns”, disse Magaldi. 

Ele também acredita que, com as redes POS, vai ser possível evoluir a proteção das transações até o limite em que toda casa poderá participar do processo de validação, um conceito conhecido como “home staking”.

“Home Staking vai ser algo tão onipresente e simples de usar como uma geladeira. Toda casa vai ter uma”, explicou.

O POS já era usado por outras redes, como Solana, Terra e Cardano, mas acabou se tornando mais divulgado depois da adesão feita pela Ethereum, já que se trata da segunda mais forte criptomoeda do mundo. 

Maurício destaca que a Ethereum migrou para o POS para reduzir sua pegada de carbono e ser mais sustentável. E aí vem uma pergunta que não quer calar: se a Ethereum viu mais vantagem no POS, por que o Bitcoin continua usando o Proof-of-Work? 

“Segundo os bitcoiners, esse (POW) é o único mecanismo de consenso realmente à prova de censura”, disse o especialista.

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