PF descobre esquema de pirâmide cripto que movimentou cerca de US$ 769 milhões

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(mehaniq41/Adobe)

 

A polícia federal destruiu um suposto esquema de pirâmide de criptomoedas que parece ter enganado jogadores de futebol e outros famosos como a filha de Xuxa, a modelo Sasha Meneghel. No total, a fraude pode envolver valores na faixa de US$ 769 milhões.

No dia 27 de setembro, policiais federais realizaram operações de busca e apreensão em 15 empresas em dois estados brasileiros: Santa Catarina e São Paulo.

Sheik dos Bitcoins é investigado desde março

De acordo com a agência Jornalistas Livres, as investigações tiveram início em março deste ano.

“A Interpol encontrou em contato com a PF em janeiro. Uma empresa internacional e seu principal gerenciador, Francisley Valdevino da Silva – o ‘Sheik dos Bitcoins’ – estavam sendo investigados pela Força Tarefa de El Dorado, da HSI de Nova York.”

Oficiais da PF alegam que as empresas estavam ativas “entre 2017 e 2020” e que haviam “atraído clientes” a fazer “investimentos em criptoativos e outros negócios” prometendo “lucros além daqueles existentes no mercado”.

Segundo a imprensa brasileira, a PF acredita que Francisley Valdevino da Silva foi o idealizador do projeto, que gira em torno de uma empresa chamada Forcount e um token chamado Mindexcoin.

Não há confirmação de que esse token seja listado em alguma bolsa cripto.

Mais de 400 pessoas podem ter perdido dinheiro com o Sheik dos Bitcoins

Como muitos esquemas de fraude no mercado cripto, os organizadores da pirâmide prometiam ganhos mensais “garantidos”.

A PF disse que seus agentes apreenderam uma variedade de itens durante suas buscas, incluindo relógios caros, computadores portáteis, passaportes, barras de ouro maciço, joias, telefones celulares e armas de fogo.

Os agentes disseram que “mais de 400 pessoas” podem ter perdido dinheiro no suposto golpe. Na outra ponta, os fraudadores arrecadaram cerca de US$ 5,6 milhões de suas vítimas.

A polícia intensifica a repressão aos esquemas de fraude no mercado cripto

Foram emitidos 20 mandados de busca e apreensão, operados por policiais federais e funcionários da Receita Federal participantes da chamada Operação Poyais. Pelo menos 11 pessoas foram acusadas e indiciadas, com o Tribunal Federal emitindo vários mandados de prisão.

As identidades dos indivíduos não foram reveladas.

 

Alguns dos itens apreendidos pelos oficiais durante as batidas (Fonte: Polícia Federal do Brasil)

Bens bloqueados e congelados, inclusive os depositados em bolsas cripto

Interlocutores da polícia disseram que os indivíduos presos haviam sido acusados de falsificação de documentos oficiais, juntamente com “lavagem de dinheiro e desvio de fundos”.

O tribunal também autorizou os agentes a bloquear e congelar bens, incluindo criptoativos, mantidos em contas bancárias e carteiras hospedadas em bolsas cripto.

As prisões ocorrem dias depois de outra operação da PF em seis bolsas cripto no que parece ser um esquema de lavagem de dinheiro do de uma grande rede internacional de crime a partir de operações com cripto ativos.

Uso do mercado cripto para lavagem de dinheiro é investigado

O anonimato característico do mercado cripto é também o principal fator a atrair operações de lavagem de dinheiro neste setor. No Brasil, investigações como as que desencadearam a Operação Poyais se multiplicam.

Em agosto, o Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio de Janeiro, apreendeu R$ 48 mil na casa de um vereador do município de Armação dos Búzios, na Região dos Lagos.

O dinheiro foi encontrado durante a Operação Cryptolavagem, destinada a cumprir mandados de busca e apreensão em endereços do vereador.

A operação também investiga Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como Faraó do Bitcoin, e Carlos Alexandre da Silva, pelo crime de lavagem de dinheiro, informa a Agência do Brasil.

O Ministério Público informou que o vereador é acusado de ocultar, por meio de investimentos em cripto ativos, a origem ilícita de valores obtidos com a venda de alvarás em Búzios. Acrescentou que os investimentos em criptoativos eram intermediados por Carlos Alexandre e Glaidson Acácio dos Santos.

Enquanto isso, a CVM quer mais controle sobre o mercado cripto

Enquanto a polícia reprime os suspeitos de fraude, políticos e reguladores começaram a intensificar o escrutínio da indústria no Brasil – com um oficial do governo esperando exercer mais controle sobre a indústria.

O regulador do mercado brasileiro diz querer “transparência” em criptografia e afirma que está preparando um conjunto de diretrizes para a indústria. O órgão está trabalhando em conjunto com o Ministério da Economia do país – em um possível revés adicional para os parlamentares que esperam regular o setor.

No início deste mês, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) anunciou o desejo de desempenhar um papel fundamental na formação da política de criptografia.

A CVM está sob nova administração, mas seu ex-chefe parecia feliz em lavar as mãos da comissão sobre a questão do mercado cripto. Assim, os parlamentares elaboraram um projeto de lei relativamente favorável aos negócios de membros privados, que aguarda agora  a confirmação final do congresso.

A intervenção da CVM na última hora pode exigir que o presidente vete todo o projeto de lei, o que equivale a afundar um processo que começou em 2015.

João Pedro Nascimento, chefe da CVM, foi citado como tendo afirmado que a comissão estava “atenta à questão” do mercado cripto e “em breve” emitirá suas próprias diretrizes “consultivas” para o setor. Ele afirmou que as “questões de transparência” cripto precisavam ser “exploradas”.

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