Polícia do Brasil invade 6 exchanges de criptomoedas contra lavagem de dinheiro e evasão fiscal

Gabriel Gomes
| 4 min read

Com o apoio da Receita Federal, a Polícia Federal lançou a Operação Colossus, que tem por finalidade o combate a crimes financeiros como a lavagem de dinheiro e a evasão de divisas.

Na manhã do último dia 22 de setembro, quase 200 agentes cumpriram um total 101 ordens judiciais emitidas pela 6ª Vara Criminal de São Paulo (SP), divididas entre os mandados de prisão preventiva, além dos de busca e apreensão.

Segundo a Polícia Federal, a operação Colossus foi planejada com base no trabalho do Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro da Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo. 

Seu desenrolar deverá colaborar para o aprimoramento do ambiente de negócios e da atuação dos órgãos de controle e regulação em sua atuação contra a lavagem de dinheiro, inclusive aquela realizada por meio de cripto ativos.

Buscas foram feitas em seis exchanges de criptomoedas

No caso das buscas realizadas pelos policiais, chamam especial atenção às que foram realizadas em seis exchanges, que alegadamente têm ligações com o esquema de ocultação de crimes financeiros sob investigação.

As exchanges são plataformas de criptomoedas, que podem ser centralizadas ou descentralizadas de acordo com o modelo de operação. Confira aqui uma lista com algumas internacionalmente reconhecidas e confiávels.

O esquema descrito pelas autoridades supostamente funcionava da seguinte maneira: arbitradores de criptomoedas as compravam no exterior, em países como Cingapura e os Estados Unidos, e revendiam-nas a exchanges, que os negociavam com empresas e pessoas físicas sob as quais pesam suspeitas de delitos financeiros passados, ou então com empreendimentos de fachada, que adquiriram os ativos com o objetivo de lavar dinheiro.

Mais de 1000 desses empreendimentos de fachada estavam sob responsabilidade do mesmo contador. Juntos, movimentaram aproximadamente 1 bilhão de reais com as outras peças do esquema. Segundo as investigações, os delitos as operações com cripto ativos ocorreram entre os anos de 2017 e 2021.

Além das buscas levadas a cabo em exchanges por ordem do Judiciário, este determinou o sequestro de bens de investigados em 28 plataformas de negociação de criptomoedas atuantes no Brasil e no exterior. além do bloqueio de mais de 1,2 bilhão de reais em ativos.

Também foram alvo das buscas feitas por agentes policiais quatro instituições financeiras que operam com autorização do Banco Central e três escritórios de contabilidade.

Esquema bilionário pode render 30 anos de cadeia para os culpados

As penas dos crimes atribuídos aos suspeitos, por exemplo, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, podem, se forem somadas, passar dos 30 anos de reclusão. Entre os participantes que a que se atribuíam as operações investigadas, estavam identidades pertencentes a maiores de 90 anos, pessoas falecidas e beneficiários de programas de auxílio a indivíduos de baixa renda, o que contribuiu para intensificar as suspeitas da polícia.

Segundo a Polícia Federal, o esquema que está sob investigação conseguiu movimentar 61 bilhões de reais através do sistema bancário formal, o que ela atribui a falhas de compliance das instituições financeiras em questão.

Vale destacar que o termo refere-se à observância das leis, dos regulamentos e das normas éticas que devem reger o funcionamento do empreendimento, bem como os mecanismos usados para alcançar esse fim.

A ação policial no Brasil, que aconteceu pouco depois de uma operação na Argentina com o fim de combater mineradores clandestinos de criptomoedas, mostra que os cripto ativos tem imposto a si mesmos à atenção das autoridades na América do Sul.

Tudo motivado pela disseminação de seu uso, bem como por suas flexibilidade e agilidade, as quais podem ser usadas para contornar controles cambiais, evadir a cobrança de tributos e disfarçar delitos financeiros.

O nome Colossus faz referência a um pioneiro projeto de computador que criptologistas britânicos criaram durante a Segunda Guerra Mundial, eles o fizeram com o objetivo de quebrar os códigos do Eixo e descobrir os planos dele, favorecendo assim o esforço de guerra dos Aliados, que passaram a contar com informações sobre as operações dos seus inimigos fascistas.

---------------------