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Como investir em créditos de carbono

O aprofundamento da consciência da ameaça representada pela Mudança Climática deve aumentar o apelo dos créditos de carbono, seja como fruto de investimentos voluntários, seja como produto de novas ou mais severas medidas governamentais, forçando as empresas à compensação de suas emissões de gases causadores do efeito estufa.

Nessa situação, residem interessantes oportunidades para quem sabe como investir em créditos de carbono, mas elas ainda não são muito numerosas, o que pode deixar perdido aquele que quer saber como começar a investir em créditos de carbono. Neste artigo, discutiremos como investir em créditos de carbono em 2022.

Como investir em créditos de carbono em 4 passos

Para quem deseja um roteiro simples de como começar a investir em créditos de carbono, é possível, por exemplo, usar a conhecida corretora eToro para comprar ativos dessa classe. Uma maneira de realizar isso é através da aquisição de cotas do fundo KraneShares Global Carbon ETF, de que trataremos em mais detalhes mais à frente.

Passo a passo de como investir em créditos de carbono na eToro

1. Abrir conta na corretora eToro

Entre no site da eToro. Então Clique no botão “Comece a Investir”. Com isso, o internauta é enviado a uma página com um formulário que deve preencher com seus dados. Além disso, deve ler os Termos e condições e assinalar o espaço apropriado para indicar concordância. Feito isso, aperta o botão “Aderir” para transmitir suas informações. É possível que sejam solicitados documentos para confirmação da identidade do titular da conta.

2. Selecionar KraneShares Global Carbon ETF

Ir a https://www.etoro.com/markets/krbn para investir no KraneShares Global Carbon ETF, um fundo que investe em contratos de emissão de carbono no mercado futuro.

3. Realizar a transação

O investidor deve agora clicar no botão “Investir” e informar os dados (por exemplo, valor) relativos à transação e confirmá-los, efetivamente realizando a compra das cotas do ETF.

Você sabe o que são ETFs?

Esta é apenas uma das opções interessantes para começar a investir em créditos de carbono, boa para iniciantes por ser através de um EFT. Para quem ainda não conhece, um ETF trata-se de um fundo de investimento, ou seja, pode-se fazer a analogia com uma cesta, onde o ETF é uma cesta com vários ativos dentro.

Dessa forma, ao comprar uma cota de um ETF como o KraneShares Global Carbon ETF, você estará adquirindo participação em todos os investimentos em que o fundo aplica. Isso costuma ser muito interessante no começo, pois é uma forma barata de diversificar seus investimentos, uma vez que um fundo diversificado investe em vários ativos diferentes, o que seria bem complicado de fazer por conta própria.

Ademais, os ETFs contam com uma equipe de gestão profissional, sendo assim, você pode investir em ativos selecionados por quem conhece do assunto. Por estas razões os ETFs costumam ser uma boa porta de entrada para o mundo dos investimentos, assim, à medida que você for adquirindo mais conhecimento e conhecendo melhor o mercado, pode ir fazendo suas próprias análises e focando os investimentos em ativos individuais.

Dicas para investir em créditos de carbono no Brasil com segurança

É compreensível que o investidor, sobretudo aquele que está querendo começar a investir em créditos de carbono, seja por idealismo, seja por interesse nas possibilidades de lucro, tenha receio de ser enganado. A seguir, apresentamos três dicas sobre como investir em créditos de carbono com segurança.

1. Pesquisar sobre o ativo em que está interessado e a transação com ele que é oferecida

Isso vale para qualquer investimento, mas é especialmente relevante para o quer saber como investir em créditos de carbono com segurança. É importante que o investidor entenda a natureza do ativo (fundo, contrato futuro, criptomoeda, etc.) que está comprando, seu funcionamento e seu histórico. Procurar as opiniões de analistas e veículos confiáveis sobre ele pode ser bastante útil.

Caso se trate de um contrato futuro, por exemplo, o investidor tem de que ter certeza que compreende suas implicações. Caso seja um fundo, é importante que ele tenha uma ideia de que tipo de ativos o compõe, além de dar uma olhada mais de perto ao menos nas maiores posições do fundo.

É essencial verificar a confiabilidade do vendedor e/ou emissor do ativo, bem como do mercado ou intermediário, se houver, que efetua a transação. Exemplos de corretoras consideradas confiáveis são eToro, Binance e Libertex. Mercados como Intercontinental Exchange, do Chicago Mercantile Exchange ou New York Mercantile Exchange desfrutam de respeito. Então certifique-se de verificar se as plataformas são realmente confiáveis. 

2. Ficar atento ao mercado

É essencial ficar de olho em regulações, que está entre os maiores impulsionadores do mercado de crédito de carbono, tecnologias novas surgem enquanto outras se tornam obsoletas, as condições do mercado, etc. Inclusive vale salientar que as condições macroeconômicas que ditam boa parte do comportamento dos investidores. Também tenha em mente que as preocupações da sociedade variam com o passar do tempo em natureza e em intensidade.

Um investimento que mantinha bom desempenho pode passar a apresentá-lo mau, e um que há muito se desvalorizaram ou marcava passo, pode passar a destacar-se favoravelmente. É necessário, tanto quanto possível, entender as tendências que estão movendo os investidores, seu capital e, com ele, os preços e cotações dos ativos.

Acompanhar a trajetória dos ativos e ler as notícias e as análises análises em publicações e sites especializados pode fornecer importante peças do quebra-cabeça do mercado de créditos de carbono. No fim das contas, mesmo sendo algo essencialmente em busca da melhoria do planeta, o mercado de créditos de carbono segue as mesmas diretrizes dos mercados tradicionais, o que torna as verificações acerca do mercado igualmente importantes. 

3. Pensar em termos de portfólio

Assim como o investimento em créditos de carbono devem ser feitos de uma maneira compatível com a manutenção de um portfólio equilibrado, é recomendável que esse investimento também seja diversificado, abrangendo diferentes classes de ativos. Para isso, é necessário comprender os diferentes tipos de ativos à disposição. 

Em cada classe deles que for selecionada, é recomendável dar preferência aos de melhor qualidade e, presumivelmente, menor risco. Nem sempre as ofertas que parecem mais atraentes em termos de rendimentos prometidos ou previstos sãos os melhores para o investidor, especialmente para o inexperiente, que quer saber como começar a investir em créditos de carbono.

6 melhores créditos de carbono para investir agora

1. European Union Allowance (EUA) Futures Contracts

O investidor interessado em aprender como investir em créditos de carbono em 2022 pode se interessar pelo The European Union Allowance (EUA). Trata-se de um programa de concessão de permissões de emissão de gases causadores do efeito estufa.

Cada unidade de EUA permite a seu detentores a emissão de uma tonelada de dióxido de carbono. Essas permissões são emitidas anualmente, no dia 28 de fevereiro. É possível comprar os contratos futuros relativos a essas permissões, que são denominados em euros e são acessíveis através de corretoras como a eToro.

2. Vitreo Carbono

Para quem quer aprender como investir em créditos de carbono no Brasil, a existência de um fundo brasileiro que investe em créditos de carbono pode ser bastante interessante, especialmente para o interessado em como investir em créditos de carbono com pouco dinheiro, pois o investimento mínimo nele é de 100 reais.

O fundo Vitreo Carbono, da gestora de patrimônio Vitreo, investe em contratos futuros de crédito de carbono europeus negociados através de ICE ECX Emission, ou seja, a empresa European Climate Exchange, que foi adquirida pela Intercontinental Exchange, Inc.

Como argumentam os defensores da Vitreo Carbono, os créditos em que ele investem têm demanda restrita enquanto a compra pelas empresas emissoras de gases do efeitos estufa é compulsória, o que cria um efeito que favorece a valorização dos contratos. Por exemplo, nos quase três anos entre maio de 2018 e abril de 2021, o crédito de carbono valorizou-se 187%.

Como investir em créditos de carbono no Brasil nesse caso é bem fácil, pelo menos para alguns investidores, pois o investimento no fundo Vitreo Carbono pode ser feito através da plataforma digital do BTG Pactual, dispensando o recurso a exchanges com sede no exterior, por exemplo.

3. IMPT

A criptomoeda IMPT foi criada para fornecer um incentivo para que empresas e indivíduos invistam em projetos de combate à Mudança Climática. Na plataforma IMPT.io, os investidores podem usar seus tokens IMPT para a compra de créditos de carbono representados por tokens não-fungíveis (NFTs).

Posterirmente, estes NFTs podem ser usados na compensação de atividades que causam emissão de gases do efeito estufa (dando origem a um NFT colecionável que pode ser vendido) ou então listados no marketplace da plataforma, onde podem ser negociados.

O dinheiro angariado com a venda da criptomoeda e parte da margem de lucro nas vendas a usuários da plataforma doada por empresas parceiras de IMPT.io, irá para projetos de redução da emissão de carbono na atmosfera ou de mitigação de seus efeitos.

No momento, a moeda digital IMPT ainda está na fase de pré-venda, que tem angariado dinheiro rapidamente, o que parece ser sinal de forte interesse e talvez até confiança dos investidores. Para comprá-la, é necessário ter uma wallet que seja compatível com tokens ERC-20. A MetaMask é um exemplo reconhecido, gratuito e recomendado pela plataforma IMPT.io.

O passo seguinte é comprar, se ainda não tiver, a criptmoeda a ser usada para realizar a transação, que, pelo menos durante a fase de pré-venda, será Tether (USDT) ou Ether (ETH). Elas pode ser adquiridas facilmente em corretoras como eToro, Binance e Libertex, por exemplo.

O próximo passo é dirigir-se a https://www.impt.io/ e clicar em um botão onde está escrito “CONNECT WALLET”. Uma caixa de diálogo surgirá. O investidor deverá selecionar a opção de wallet correspondente ao seu caso e seguir as instruções para conectá-la à plataforma.

Estabelecida a conexão entre a wallet e a plataforma, o usuário deve informar qual criptmoeda, Ether ou Tether, usará para realizar a transação e quantos tokens de IMPT deseja adquirir. Feito isso, deve conferir as informações do negócio e confirmá-lo, completando assim a transação de compra do ativo.

É bem provável que, algum tempo depois de encerrada a sua fase de pré-venda, a criptmoeda IMPT vá ser listada em exchanges, o que, incidentalmente, deve fazer aumentar seu preço como aconteceu com o Tamadoge (TAMA) logo após sua primeira listagem. Então essa critptomoeda poderá ser adquirida através daquelas instituições, talvez sem necessidade da intermediação de moedas como Ether e Tether.

Sugere-se ao investidor em potencial que vá a https://www.impt.io/ para estudar a apresentação do IMPT por seus desenvolvedores e depois que busque em outras fontes sobre mais sobre a moeda e se o projeto realmente é tão promissor quanto parece.

 4. KraneShares Global Carbon ETF

ETFs são fundos negociados na Bolsa de Valores (por exemplo, na B3 brasileira ou na Volsa de Valores de Nova Iorque). Eles geralmente selecionam os ativos que o compõem de modo a emular o desempenho de um índice (por exemplo, do mercado acionário ou do mercado de obrigações).

No caso do KraneShares Global Carbon ETF, ele busca emular o desempenho do IHS Markit’s Global Carbon Index, que é comporto pelos ativos mais líquidos (ou seja, mais frequentemente negociados e por isso mais fáceis de vender) do mercado futuro de créditos de carbono. 

Entre eles, estão contratos pertencentes a programas como Regional Greenhouse Gas Initiative (RGGI) UK Allowances (UKA), de que falaremos mais adiante, e California Carbon Allowances (CCA), que também discutiremos na sequência.

Segundo a S&P Global, empresa especializada no fornecimento de informações e análises financeiras que administra o IHS Markit’s Global Carbon Index, os critérios que governam este são conhecidos e facilmente replicáveis, o que confere a ele transparência. Além disso, os dados que o alimentam são apurados e conferidos de maneira rigorosa, o que, em tese, garante a representatividade do índice.  

5. California Carbon Allowance (CCA) Futures Contract

O programa chamado de California Carbon Allowance (CCA) é um programa do tipo “cap and trade”, ou seja, em que é fixado um limite para as emissões das empresas que podem comprar ou vender permissões comforme sua necessidade de emitir gases do efeito estufa seja maior ou menor do que a cota que lhes foi destinada. Ele inclui o estado de Califórnia e, desde o ano de 2014, a província canadense do Quebec.

São emitidos mensalmente contratos futuros relativos às permissões de emissão totalizando cerca de US$ 1,5 bilhões de dólares. Eles podem ser negociados através da Intercontinental Exchange, do Chicago Mercantile Exchange ou do New York Mercantile Exchange.

Como o desempenho desses contratos futuros mostra pouca correlação com os desempenhos de outras classes de ativos, a inclusão deles no portfólio do investidor que deseja descobrir como investir em créditos de carbono pode ter um efeito de diversificação bem-vindo.

6. UK Allowance (UKA) Futures Contract

Outro tipo de contrato futuro que pode interessar ao investidor que quer saber como como começar a investir em créditos de carbono, é aquele que faz parte da UKA (United Kingdom Allowance), programa que abrange o Reino Unido. Apesar de ter sido lançado em tempos relativamente recentes, os contratos futuros do programa UKA constituem uma boa opção de como investir em créditos de carbono em 2022.

Esses contratos, cada um dos quais dá direito à emissão de 1000 toleladas de dióxido de carbono, podem ser negociados através da empresa Intercontinental Exchange, que já mencionamos acima.

Como em outros casos similares, as exigências do governo (no caso, do Reino Unido) de restrições à emissão de dióxido de carbono e outros gases causadores do efeito estufa, bem como a quantidade fixa de permissões disponíveis aos emissores tendem a favorecer a valorização, com o passar do tempo, dos contratos futuros de direitos de emissão.

Não é garantido que o valor desses papéis suba, mas é uma forte possibilidade tendo em vista o equilíbrio que existe entre oferta e procura.

Criptomoedas ou ETFs: Qual a melhor maneira de investir em créditos de carbono?

A resposta para essa pergunta pode ser um tanto quanto complicada, pois além de fatores objetivos, há de se considerar o perfil de cada investidor, fatores como sua tolerância a risco vão influenciar muitas das decisões no mundo dos investimentos. Entretanto, algo que pode ser considerado bom para todos os investidores é a diversificação.

Diante disso, você não necessariamente precisa escolher entre os dois, mas pode criar uma carteira de investimentos diversificada, com vários ativos que cumpram cada um sua função dentro da sua carteira. Os ETFs, podem entrar como a parte do portfolio que visa maior estabilidade, pois contam com equipes gestoras profissionais que focam em investimentos seguros, o que consequentemente entrega um retorno menor, porém, mais previsível.

Por outro lado, o investimento em criptomoedas como o IMPT token pode trazer retornos “astronômicos”, contudo, assim como em qualquer investimento de renda variável, a possibilidade de retorno é diretamente proporcional ao risco. O que pode causar um efeito devastador em sua carteira de investimentos caso a mesma não esteja bem balanceada.

Levando tudo isso em consideração, provavelmente a melhor aposta seja colocar uma parte maior dos investimentos em créditos de carbono em ETFs, uma parte em contrato futuros e uma porcentagem menor no IMPT token. 

Mas sem deixar de considerar que os investimentos em crédito de carbono devem corresponder a apenas uma parte dos seus investimentos totais. Pois assim como se deve diversificar em ativos diferentes, sua concentração em setores também deve ser o mais variada possível.

 

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