2022 foi o ano com maior volume de roubos em criptomoedas

Gabriel Gomes
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Segundo a empresa Comparitech, que atua no ramo de cibersegurança, 2022 foi o ano em que mais foram roubadas criptomoedas: o equivalente a US$ 3,55 bilhões de dólares. O ano anterior já havia sido recordista: em 2021, o equivalente a US$ 2,73 bilhões de dólares em criptomoedas foi roubado, mais de 5 vezes os US$ 496 milhões de dólares roubados em 2020.

De acordo com o levantamento da empresa, ao longo da história, foram roubados cerca de US$ 8,8 bilhões de dólares em criptomoedas quando se considera o valor delas no momento do roubo. Às cotações atuais, isso corresponde a pouco menos de US$ 46,5 bilhões de dólares. A capitalização total do mercado de criptomoedas é estimada em aproximadamente US$ 3 trilhões de dólares.

Hackers aproveitam falhas para roubarem muito dinheiro

Falhas de segurança podem permitir que hackers roubem criptomoedas. Um exemplo é o problema na rede Ethereum que foi identificado por um hacker conhecido como Riptide. Ele publicou um documento detalhando a situação, que permitiria o acesso de invasores a US$ 475 milhões de dólares. Como recompensa para si, ele arrebatou 400 tokens de Ether, o equivalente a modestos US$ 540 mil dólares.

Outro exemplo foi o ataque sofrido pela Nomad Bridge em agosto de 2022, no qual foram levados mais de US$ 190 milhões de dólares. Foi o terceiro maior ataque do ano e o nono de toda a história. A Nomad Bridge funciona como uma ponte que permite que tokens de criptomoedas sejam enviadas de uma rede (como Ethereum, Avalanche ou Moonbeam) para outra. 

Aparentemente, depois de um primeiro ataque, outros hackers copiaram o procedimento do atacante original para explorar a fraqueza que ele descobrira. No entanto, alguns desses imitadores eram white hat hackers (“hackers de chapéu branco”, ou seja, hackers éticos, que exploram o ambiente cibernético sem cometer crimes) que pegaram dinheiro para mantê-lo a salvo. Eles devolveram US$ 36 milhões de dólares.

Maior ataque da história ocorreu em 2022

O artigo da Comparitech, publicado no site dela, também apresenta os maiores roubos de criptomoedas segundo o valor na época do crime dos ativos roubados. O maior ataque de todos os tempos aconteceu no ano passado. A Ronin Network, blockchain ligado ao jogo Axie Infinity, perdeu US$ 620 milhões de dólares em março em duas transações irregulares. 

O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos ligou o crime ao grupo hacker Lazarus, patrocinado pelo regime norte-coreano, mesmo grupo a que o FBI atribuiu um ataque de US$ 100 milhões de dólares sofrido três meses depois por uma ponte entre redes, a Horizon Bridge.

O segundo maior ataque aconteceu em agosto de 2021: uma lacuna de segurança da Poly Network permitiu a um hacker drenar cerca de US$ 610 milhões de dólares. Interessantemente, o hacker entrou em contato com a rede e concordou em devolver o dinheiro, exceto por US$ 33 milhões de dólares em Tether. Mais tarde, ele recebeu US$ 500 mil dólares para entregar a senha necessária para liberar US$ 200 milhões de dólares dos fundos que ele roubara.

Um caso interessante é o do quinto maior roubo de criptomoedas. Depois do anúncio do pedido de falência da corretora FTX, ela parece ter sido alvo de um ataque hacker, no qual foram levados US$ 477 milhões de dólares em ativos, o que levou a empresa a armazenar offline o restante de seus fundos.

O levantamento da Comparitech (em inglês), inclusive a lista dos 12 maiores roubos de criptomoedas de todos os tempos, pode ser consultado neste link.

Apesar dos problemas, a tecnologia blockchain ainda tem prestígio

Rebecca Moody, que lidera a pesquisa de dados da Comparitech, diz que apesar dos esforços da empresa para fazer um levantamento abrangente, ele pode ter subestimado o total roubado ao longo da história porque muitos crimes de magnitude relativamente pequena provavelmente não são nem relatados. Além disso, ações de criminosos infiltrados e esquemas fraudulentos do tipo Ponzi ou pirâmide, não foram computados.

Segundo ela, apesar dos ataques de hackers, ainda há bastante confiança nas criptomoedas e tokens não-fungíveis como investimentos, a qual pode ser fortalecida com o advento de regulação legal adequada.

Ademais, é válido ressaltar que a tecnologia blockchain ainda é relativamente nova, ou seja, muito do que acontece na indústria ainda se dá por território inexplorado, o que naturalmente a deixa mais suscetível a falhas e, consequentemente, à ação de pessoas de má índole. Contudo, a tendência é que as falhas sejam corrigidas com o tempo e que aos poucos a tecnologia ofereça diversas soluções para o setor financeiro e outros mais.

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