A KKR está usando a Blockchain da Avalanche para tokenizar seu fundo de crescimento estratégico de saúde

Gabriel Gomes
| 4 min read

A KKR, que já foi conhecida como Kohlberg Kravis Roberts, é uma empresa do setor financeiro, cujo principal campo de atuação é o de private equity (participações privadas, ou seja, a compra e a reestruturação ou o gerenciamento de empresas com o fim de lucrar com a venda delas).

Parte de um dos fundos da KKR, o Health Care Strategic Growth Fund II (HSGF II), está passando a ser acessível a investidores através da rede de blockchain Avalanche. Com essa tokenização, pessoas com patrimônios muito inferiores ao que geralmente é necessário para isso poderão investir no fundo, que tem valor estimado em cerca de US$ 4 bilhões de dólares.

Agora o investimento mínimo no HSGF II da KKR é bem mais acessível

O investimento mínimo na fatia tokenizada do HSGF II agora é de US$ 100 mil dólares, o que pode parecer muito, mas é bem menos do que o necessário em sua versão tradicional, cujo investidor típico tem, segundo o site Forbes, que cobre o universo dos negócios, cerca de US$ 100 milhões de dólares de patrimônio.

Segundo Dan Parant, co-diretor de patrimônio privado dos Estados Unidos da KKR, a tecnologia de blockchain terá, a longo prazo, muitas aplicações para o setor de participações privadas, cujos atores, como investidores e gerentes de ativos, terão suas despesas de operação reduzidas.

Parant explica que em 2018 a KKR organizou uma competição entre os seus funcionários, evento no qual a equipe dele identificou as oportunidades oferecidas pelos tokens, que podem permitir que investimentos sejam fracionados e se tornem mais acessíveis a investidores de menor patrimônio.

Parceria com a Securitize possibilitou a tokenização do fundo da KKR

Para efetuar a tokenização de seu fundo, a KKR aliou-se à Securitize, uma empresa que se especializou na emissão de títulos em blockchain. Esta encontra-se em uma fase de bonança. Seu diretor-executivo, Carlos Domingo, afirmou acreditar que a receita da organização terá dobrado até o fim do ano. Além disso, segundo ele, mesmo sem fechar nenhum novo negócio, o empreendimento seria capaz de permanecer ativo até 2025.

Um dos pontos fortes da Securitize é a sua experiência na criação de veículos de investimento compatíveis com a regulação vigente. Àqueles que alegam que o custo desse tipo de adequação é alto, Domingo responde que o preço de fracassos, como os das plataformas de empréstimos de criptomoedas Voyager e Celsius, é muito maior. Lembrando que estas duas empresas faliram e causaram bilhões de dólares em prejuízos a seus investidores.

O executivo lembra também que projetos como o que a Securitize levou a cabo com a KKR democratizam as oportunidades de investimento, reduzindo a quantidade de dinheiro necessária para aproveitá-las.

Embora reconheça que as regras existentes limitam o acesso dos cidadãos comuns às melhores oportunidades de investimento, das quais podem desfrutar grandes atores no mercado como, por exemplo, o fundo de dotação de Harvard, Domingo diz que elas existem para a proteção dos pequenos investidores, que costuma se as maiores vítimas dos fracassos dos projetos.

Associação de blockchain com private equity deve se tornar cada vez mais comum

Segundo Miles Radcliffe-Trenner, vice-presidente de Relações Públicas da KKR, a empresa está sendo cautelosa neste primeiro uso de blockchain para a estruturação de private equity, para ter certeza de que sairá tudo certo nessa experiência pioneira. Mas no futuro, é possível que sejam feitas aplicações ainda mais ousadas, as quais abririam os investimentos a uma parcela muito mais ampla da população.

Embora a Securities Exchange Commission (SEC), que é o equivalente estadunidense da Comissão de Valores Mobiliários brasileira, esteja apertando o cerco a esquemas ligados a cripto finanças que não se conformem às regras, Parant diz não ter temores relacionados a isso porque é importante para a KKR agir dentro do arcabouço regulatório relevante.

Apesar de a KKR ter saído na frente na aplicação da tecnologia de blockchain às participações privadas, segundo artigo da Forbes, ela provavelmente não ficará muito tempo sozinha, pois outras empresas já estão se movimentando para explorar esse tipo de oportunidade. Um exemplo é um consórcio encabeçado pela iCapital, que reúne mais de dez companhias.

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