Alex Mashinsky não é mais CEO da ‘falida’ Celsius Network

Gabriel Gomes
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Em meio ao seu processo de falência, a plataforma de empréstimos de criptomoedas Celsius anunciou que seu diretor-executivo, Alex Mashinsky, decidiu renunciar e será substituído, em caráter provisório, por Chris Ferraro, que, durante 18 anos, atuou como executivo da instituição financeira JPMorgan Chase & Co.

Além de anunciar a partida de Mashinsky e a chegada de Ferraro, a Celsius também anunciou que este último acumulará com a posição de diretor-executivo a de Chief Restructuring Officer, ou seja, de executivo dotado de amplos poderes para reformar a empresa na esteira do requerimento de falência que ela fez.

Alex Mashinsky diz que sua permanência não era benéfica

Em um comunicado que divulgou, Alex Mashinsky afirmou lamentar as dificuldades financeiras pelas quais passam membros da comunidade Celsius e justificou sua decisão de deixar seu cargo com a crença de que sua permanência nele havia se tornado uma fonte de desvio de foco.

A Celsius entrou com um pedido de falência com base no Capítulo 11 da Lei de Falências do Código dos Estados Unidos em julho deste ano, um mês após ter suspendido o direito de seus 1,7 milhão de depositantes de realizar transferências e retiradas de seus fundos, decisão que justifica alegando a existência de condições extremas no mercado.

Em seu requerimento de falência feito junto à Corte de Falências dos Estados Unidos para o Distrito Sul de Nova Iorque, a plataforma admitiu que seu balanço não lhe dava condições de cumprir suas obrigações, pois nele havia um déficit que ultrapassava US$ 1 bilhão.

No referido documento legal, a empresa também afirmou à citada corte ter 40 milhões de dólares a receber da Three Arrows Capital, um fundo de hedge que investia muito em criptomoedas e é o maior dos devedores da plataforma de empréstimos Celsius e também requereu falência.

Crise no mercado atingiu duramente diversas empresas do mundo cripto

Plataformas de empréstimos de criptomoedas, das quais a Celsius era uma das mais famosas, mostraram grande vitalidade durante a pandemia de COVID-19. Entre seus atrativos, estava o pagamento aos depositantes de juros mais altos do que aqueles com que os bancos habitualmente remuneram os depósitos. 

Por isso, foram procuradas até por grandes instituições em busca de rentabilidade mais elevada para seus fundos. No entanto, a crise do mercado de criptomoedas colocou essas plataformas sob considerável stress, situação que piorou com o colapso de moedas como a LUNA e de empresas que investiram nesses ativos, o que criou um efeito dominó.

Por exemplo, a Three Arrows Capital havia investido pesadamente em LUNA, cujo colapso levou-o à insolvência, impedindo-o de saldar sua dívida vultosa com Celsius, colaborando para a falência da plataforma.

Outro exemplo de plataforma de empréstimos de criptomoedas que requereu falência foi a Voyager Digital, que, no dia 25 deste mês, anunciou que a exchange FTX apresentou o lance vencedor de 1,42 bilhão de dólares no leilão por seus ativos.

O anúncio da Voyager, outra plataforma que alega ter dinheiro a receber de Three Arrows Capital, explicou que, apesar da citada aquisição pela FTX, qualquer parte da dívida daquele fundo de hedge que for recebida será dividida entre os credores da plataforma em vez de embolsado pela exchange.

Celsius coleciona escândalos nos últimos meses

Além da troca de Mashinsky por Ferraro, outro drama da saga da falência de Celsius é o processo movido pela plataforma falida contra um ex-gerente de investimentos seu, a quem acusa de ter perdido milhões de dólares em ativos através de investimentos ineptos e de ter se apropriado indevidamente de outra parte do patrimônio da empresa.

O executivo em questão, Jason Stone, e sua empresa, a KeyFi Inc., já haviam entrado antes com um processo contra a Celsius. Eles acusam a plataforma de ter operado um esquema do tipo Ponzi, ter administrado indevidamente os fundos que lhe foram confiados pelos clientes, ter deixado de fazer as apropriadas operações de hedge contra riscos, além de deixar de pagar ao ex-gerente de investimentos centenas de milhões de dólares em compensação como havia sido combinado.

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