Banco californiano Silvergate é forçado a devolver US$ 9,85 mi ao BlockFi e pode ser o próximo a quebrar na esteira da FTX

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Imagem: Yahoo Finance

O banco “crypto-friendly” Silvergate, como sede na California, foi forçado a devolver US$ 9,85 milhões ao BlockFi como parte do processo de falência em andamento do credor cripto.

De acordo com documentos disponibilizados no site do consultor de reestruturação do BlockFi, o tribunal de falências que supervisiona o processo ordenou ao Silvergate a liberação imediata de US$ 9,85 milhões ao agora extinto credor cripto na sexta-feira (03/03).

BlockFi é um emprestador de ativos digitais fundado em 2017. Baseado em Nova Jersey, o banco já foi avaliado em US$ 3 bilhões. Em julho de 2022, foi anunciado que a bolsa cripto FTX fez um acordo com uma opção de compra do BlockFi por até US$ 240 milhões.

Reserva de US$ 10 mi foi estabelecida em novembro de 2021

A ordem de devolução do dinheiro veio depois que BlockFi e Silvergate assinaram um acordo em agosto de 2020 no qual Silvergate atuava como instituição depositária “com respeito a entradas de crédito e/ou débito iniciadas por BlockFi através do Silvergate para contas mantidas no Silvergate e outras instituições financeiras depositárias”.

Em novembro de 2021, o BlockFi concordou em estabelecer uma reserva contendo US$ 10 milhões. O acordo estabelecia que a conta terminaria 90 dias úteis após a última transferência relevante, concedendo ao BlockFi acesso irrestrito a esses fundos.

“Silvergate deverá liberar imediatamente US$ 9.850.000 da Conta de Reserva Silvergate para uma conta designada pelos Devedores”, diz a ordem, ao mesmo tempo em que permite que Silvergate mantenha os US$ 150.000 restantes na conta de reserva.

A ordem judicial é parte do processo de falência em andamento do BlockFi, que se tornou a primeira empresa a pedir a falência após o colapso da FTX. O credor cripto tem mais de 100.000 credores e deve entre US$ 1 bilhão e US$ 10 bilhões a esses credores.

Fundado há seis anos, o BlockFi tinha, em 2021, entre US$ 14 bilhões e US$ 20 bilhões de depósitos de clientes e havia emprestado US$ 7,5 bilhões.

Enquanto BlockFi e Silvergate têm trabalhado juntos nos últimos anos, as duas empresas não tiveram um relacionamento muito próximo. Após o colapso do BlockFi, Silvergate disse que tinha menos de US$ 20 milhões de exposição ao credor cripto, acrescentando que não era um custodiante para os empréstimos de alavancagem SEN do BlockFi com garantia Bitcoin e não tinha investimentos no BlockFi.

Êxodo de clientes de Silvergate em meio a preocupações sobre condição financeira do banco

No início desta semana, Silvergate anunciou que não poderia apresentar seu relatório financeiro anual 10-K à SEC dentro do prazo e que está avaliando sua capacidade de permanecer no negócio. As ações do banco caíram mais de 55% na quinta-feira (02/03) após o anúncio.

Silvergate estava entre os financiadores mais atingidos pela quebra da FTX em novembro do ano passado. A principal consequência foi uma corrida bancária após o colapso da FTX, o que forçou o banco californiano a vender US$ 5,2 bilhões de títulos de dívida que mantinha em seu balanço com um prejuízo significativo para cobrir cerca de US$ 8,1 bilhões em saques de usuários.

O banco americano sofreu um prejuízo de US$ 718 milhões, o que supera os lucros totais da instituição desde 2013. Além disso, Silvergate tinha apenas US$ 3,8 bilhões de depósitos no final de 2022, em comparação com US$ 11,9 bilhões em 2021.

Várias empresas de criptografia, incluindo Coinbase, Paxos, Galaxy Digital e Kraken, encerraram suas relações com o banco após a notícia do arquivamento na quarta-feira (01/03). A MicroStrategy e a Tether também revelaram que não tiveram nenhuma exposição significativa ao banco.

 

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