Brasil e Argentina estudam a implementação de uma moeda comum entre os países

Gabriel Gomes
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Continuam sendo discutidos na imprensa, inclusive na especializada em finanças, os sinais de que os países da América Latina, Brasil e Argentina à frente, possam adotar, em um futuro mais ou menos próximo, uma moeda comum, que seria batizada de Sur.

É válido ressaltar, porém, que esta não substituiria as nacionais atualmente em uso, mas poderia ser usada em operações comerciais ou financeiras que fossem efetuadas entre as nações que a adotarem.

Diversos seriam os benefícios de adotar uma moeda comum

Entre as vantagens que alguns atribuem à adoção de uma moeda comum por países latino-americanos estariam o incentivo ao comércio regional e a redução da dependência das economias da América Latina em relação ao dólar.

Segundo o jornal britânico Financial Times, autoridades ouvidas pela publicação afirmaram que, ainda nesta semana, devem ser anunciados preparativos para a criação de uma moeda comum entre o Brasil e a Argentina, à qual outros países da América do Sul e do restante da América Latina poderiam aderir sem necessidade de eliminação de suas próprias moedas. Ela deve se chamar Sur (Sul em espanhol).

Uma das autoridades que falaram ao diário financeiro londrino, Sergio Massa, o ministro da Economia da Argentina, afirmou que serão estudados os parâmetros que influenciariam a criação e o uso de uma nova moeda, entre os quais os papéis dos bancos centrais das nações que a adotassem e as questões fiscais deles.

Um bloco monetário que abrangesse toda a América Latina corresponderia a 5% do PIB mundial, cerca de um terço do tamanho da União Europeia, a maior união desse tipo em existência.

Outros exemplos de blocos citados pelo jornal britânico são o formado pelos países da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental, que fazem uso do franco CFA, e aquele das nações da Organização dos Estados do Caribe Oriental, que empregam o dólar do Caribe Oriental.

No começo deste mês, Massa esteve no Brasil e reuniu-se com, entre outras figuras importantes da área econômica do governo brasileiro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e Geraldo Alckmin, que acumula a vice-presidência e o ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Intenção da criação de uma moeda comum já existe há algum tempo

Em um passado recente, Brasil e Argentina já discutiram a criação de uma moeda comum aos dois países, mas a oposição do Banco Central brasileiro durante o governo de Jair Bolsonaro foi decisiva para a interrupção das discussões do tema.

Agora, a ideia volta com força com a busca de aproximação do governo encabeçado por Lula com os países vizinhos e a relativa proximidade de pontos de vista entre o presidente brasileiro e sua contraparte argentina, Alberto Fernández, ambos membros de partidos de esquerda.

Um funcionário do Ministério da Fazenda brasileiro ouvido pelo Financial Times negou ter ciência da existência de algum grupo de trabalho tratando de um bloco monetário de Brasil e Argentina. No entanto, ele mencionou um artigo publicado no ano passado de que Haddad foi coautor em que se defendia a ideia de uma moeda digital para a América do Sul.

Nos primeiros 11 meses do ano passado, o volume do comércio entre Argentina e Brasil, as duas maiores economias do bloco econômico Mercosul, superou os US$ 26 bilhões de dólares e foi cerca de 20% superior ao do mesmo período do ano anterior.

No entanto, apesar dos laços econômicos próximos entre Argentina e Brasil, lembra o artigo do Financial Times que o Brasil pode sentir receio em se ligar de forma mais íntima ao vizinho, cuja economia sofre há décadas de forte instabilidade.

Outra notícia na frente econômica ligada a Brasil e Argentina é a promessa argentina de fornecer ao mercado brasileiro gás natural a preços mais baixos que o do combustível vindo da Bolívia. Em sua visita ao país vizinho, Lula disse que o BNDES deverá financiar a construção do gasoduto argentino Néstor Kirchner.

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