Brasileira investe na venda de fotografias em NFTs e ensina como fazer
Da contabilidade para a fotografia. Você vai conhecer a história da fotógrafa brasileira Suelen Tieko, radicada em Vancouver, no Canadá. Mas essa não é apenas uma história de transição de carreira. Suelen é uma artista do mundo cripto e encontrou nos NFTs um diferencial para a sua nova carreira.
Continue lendo para conhecer mais sobre o trabalho dessa fotógrafa apaixonada por paisagens. E você vai aprender o que é fotografia NFT, como vender fotos como NFT e como registrar imagens como NFT. Só para aguçar sua curiosidade, já adianto que é uma forma de registrar fotos na Web3, a nova internet.
Do burnout para a contemplação das paisagens
A curitibana Suelen Tieko trabalhava em contabilidade no Brasil, e se viu em apuros na profissão, assim como acontece com muitas pessoas. E foi nessa fase de desgaste mental que veio a mudança para o Canadá. Mas trocar de país não foi suficiente para evitar um burnout.
“Provavelmente começou no Brasil, mas estourou aqui no Canadá”, disse a fotógrafa.
Dessa explosão mental surgiu uma nova profissão, a fotografia. E depois vieram mais novidades, ela encontrou sua vocação para registrar paisagens, e ainda um caminho inovador para divulgar, distribuir e vender sua arte, os NFTs. Vamos explicar mais adiante o que é NFT, pois, antes vamos falar sobre essa trajetória da Suelen.
“Sempre me interessei por fotografia, mas nunca achei que fosse algo pra mim. Comecei a fotografar pra valer em 2018, depois que tive um burnout no trabalho. Comecei a pensar no que eu poderia fazer fora do trabalho que me trouxesse felicidade, e aí lembrei que eu gostava muito de fotografia”, disse Tieko
E ela, assim como tantos, havia comprado uma máquina fotográfica e deixou de lado, exatamente pela correria da rotina. O equipamento, que seria o portal para a nova vida, ficou num canto, esquecido por alguns anos.
“Desde 2018 não parei, fui descobrindo cada vez mais que eu gostava de fotografia, e também descobri o que eu gostava de fotografar: paisagens”, lembrou.
Que lindo reencontro com a máquina fotográfica, mesmo que ela sempre estivesse ali, tão perto.
NFTs: uma nova descoberta
Paralelamente, Suelen conheceu as criptomoedas. Começou a estudar sobre cripto em 2019 e depois de um ano começou a investir em moedas criptografadas. E nessa jornada pelo mundo digital das blockchains, se deparou com os NFTs.
“Fiquei sabendo sobre NFT através de grupos de discussão sobre cripto que eu acompanhava. No final de 2020 e começo de 2021 esse assunto ficou muito forte no meio cripto, então fui investigar”.
Exatamente como falamos aqui no Cryptonews na matéria sobre como ganhar NFTs, os NFTs começaram a recuperar força em 2023, depois da alta de 2021 e da queda em 2022. Bem a cara do emocionante e volátil mundo cripto.
“Decidi colocar minhas fotos a venda como NFT, pois vi uma oportunidade de monetizar meu trabalho e receber um valor bem maior do que recebemos quando licenciamos nossas fotos em sites de banco de imagens”, contou a fotógrafa.
“Entre 2020 e começo de 2021 vi que tinham vários artistas 3D, ilustradores que estavam vendendo sua arte como NFTs. Esse tipo de arte era o que estava em alta. Então, pensei que fotografia poderia ser, num futuro próximo, algo que seria também possível de se vender como NFT”, falou.
Suelen disse que continuou acompanhando o movimento NFT pelo Twitter e começou a ver essa área para fotografia crescer.
“Foi aí que conheci alguns fotógrafos e fotógrafas lá pelo Twitter que já estavam vendendo suas fotos, então decidi criar minhas primeiras NFTs e testar as águas”.
Tieko acredita que o NFT se mostrou como mais uma forma para fotógrafos e fotógrafas poderem diversificar suas fonte de renda.
“Algumas pessoas conseguiram transformar a venda de NFTs como seu meio principal de renda, mas acredito que isso aconteceu com somente 1% dos artistas que estão ativamente divulgando seu trabalho e vendendo como NFT”, esclareceu.
Isso quer dizer que pode ser um bom caminho, mas não necessariamente fácil.
O que são fotos registradas em NFTs?
Suelen fez uma introdução ao assunto, em poucas palavras, sobre o que são fotos registradas em NFTs. Mas claro que esse é um tema que precisa de mais estudo para entender melhor.
“Você faz um registro da sua foto na blockchain. A grosso modo, é como se fosse uma escritura de um imóvel registrado num cartório. Quem conhece sobre a tecnologia blockchain sabe que ela tem características como a imutabilidade, rastreabilidade e descentralização e por isso se torna interessante para trabalhar com registros”, explicou.
Blockchain é um espaço digital onde são registrados vários tipos de ativos, como criptomoedas, contratos inteligentes e NFTs, que podem ser usados até mesmo para jogos online, como o Tamadoge.
Clique aqui para investir em criptomoedas
O que são NFTs?
A sigla NFT quer dizer Non-Fungible-Tokens – Tokens Não Fungíveis, que são únicos, não podem ser substituídos, nem alterados. A não ser que a mudança esteja prevista no momento do registro, que são dos NFTs dinâmincos, mas na essência, eles nunca irão mudar.
Os NFTs são registrados em blockchains por meio de cálculos criptografados, que vão sendo guardados em cadeias de blocos (blockchains).
Quando a Suelen faz uma foto, ela tem o arquivo original daquela imagem e não existe outra. Quando a imagem é registrada na blockchain ganha a garantia da autenticidade e unicidade.
Influência de outras fotógrafas
A curitibana teve influência de outras fotógrafas especializadas em paisagens, como Rachel jones Ross, Isabela Tabacchi e Cath Simard. Inclusive, a Simard também vende suas fotos em NFT. A exemplo dessa abaixo, vendida por 30 ETH, o que equivale, hoje, a R$ 278.400. Ela fez a venda em janeiro deste ano.
Como funciona a venda de fotos em NFT?
Suelen explica que ao vender uma fotografia em NFT, o artista não perde os direitos sobre ela, transfere os direitos para quem comprou.
“É como vender um quadro, a pessoa (que comprou) pode fazer o display daquela imagem, pode revender o quadro, mas não pode fazer cópias e vender”, explicou
“Você pode vender a mesma imagem para mais de uma pessoa, contanto que você faça edições. Se você vende uma foto como 1/1 (peça única) não pode vender novamente para outra pessoa, é bem mal visto no mercado se você fizer isso,” acrescentou.
A fotógrafa esclareceu que a blockchain não tem nenhum mecanismo que impede que você minte (cunhe, crie na blockchain) a mesma imagem várias vezes, então se você quiser mintar uma imagem hoje e vender para um colecionador e amanhã mintar a mesma imagem e vender para outro, você tecnicamente pode. Mas essa prática no mercado de arte NFT é vista como desonesta.
“Então, quem estabelece que aquela arte é uma peça única é o artista, e ele quem vai ter que honrar com sua palavra e não vender mais aquilo. Na blockchain o que é único é o registro, e não a imagem. A imagem pode ser transformada em NFT inúmeras vezes. Cada uma com um registro único”, disse Tieko.
O mais importante é entender que aquela foto que o artista fez é insubstituível e o NFT dá a garantia da autenticidade.
22 fotos vendidas em NFT
Desde que iniciou suas vendas de fotografia em NFTs, Suelen vendeu 22 imagens. A primeira delas foi em 2021, depois que ela conheceu um grupo de brasileiros no Twitter, que já vendia NFTs, o Brazuca NFT.
No grupo, a artista entendeu que não apenas fotógrafos famosos conseguiam vender suas imagens em NFTs.
“E foi aí que eu me encorajei a tentar e colocar algumas fotos minhas lá (blockchain), também, pra tentar vender”, disse
Ela se inscreveu na plataforma OpenSea para registrar suas fotos, que foram mintadas na blockchain Polygon.
Foi então que a Suelen criou a coleção Luminoza, com cinco fotografias noturnas. A primeira foto vendida (a primeira no topo desta matéria) foi negociada por 0,10 ETH em 10 de setembro de 2021, quando 0,10 ETH valia US$ 317.
As transações em NFT são feitas com criptomoedas, que são a base das transações na Web3, a internet que existe em blockchain.
A segunda foto da Suelen foi vendida pelo dobro do valor, 0,20 ETH, um mês depois. A terceira foi vendida por 0,50 ETH, essa logo abaixo.
Ajudando a desvendar o mundos das NFTs para fotógrafos
Depois de alguns anos de estudo, Suelen passou a compartilhar o conhecimento que adquiriu através de seu canal no YouTube, onde ela inspira e motiva pessoas a saírem na natureza para fotografar. Ela tem vários conteúdos sobre fotografia e também sobre NFT.
Suelen deixa bem claro que não se trata de conselhos financeiros para fotógrafos. Ela estudou muito antes de começar e também é importante pesquisar sempre muitas fontes e entender como está o mercado hoje, que não é o mesmo de 2021.
Além disso, ela faz workshops presenciais no Canadá.
“Nesse mês estou lançando uma série de vídeos tutoriais para ajudar artistas que desejam vender sua arte como NFTs. Nesses tutoriais vou explicar toda a parte técnica: medidas de segurança para evitar golpes, passo a passo de como criar uma NFT, quais as melhores plataformas e quais as melhores blockchains pra colocar sua arte à venda, como criar um smart contract, e vários outros itens”, contou.
Apesar de ser um grande desafio entender como esse mundo cripto funciona, Suelen Tieko se diz satisfeita com a decisão de aceitar o desafio.
“É mais uma forma de monetizar o meu trabalho, e além disso conheci muitas pessoas do meio fotográfico que não teria tido a oportunidade de conhecer e também tive a oportunidade de expôr as minhas fotos em eventos por vários países.”
Ela expôs nas cidades de Liverpool, Paris e Rio de Janeiro. E para fechar essa história de relacionamento com fotografia e NFT, Tieko deixa mais algumas dicas para quem estiver interessado.
“Quem tá começando é preciso saber que é muito trabalho envolvido em divulgação e construção de relacionamento pra conseguir ter vendas nesse mercado. Algumas pessoas pensam que é uma forma rápida e fácil de ganhar dinheiro, mas a realidade é muito longe disso”.
“Hoje estamos passando por uma baixa, um bear market, em NFT mas ainda assim acredito que seja interessante não só artistas mas profissionais de várias áreas (como marketing, por exemplo) estarem por dentro de como funciona NFT, pois é algo que ainda pode evoluir e expandir”, finalizou.
Para ver a primeira coleção da artista, Luminoza, clique aqui.