Colapso do Silicon Valley Bank é a segunda maior falha bancária da história dos EUA – Empresas cripto revelam exposição ao SVB

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Imagem: Bloomberg

Reguladores federais americanos decretaram o colapso do Silicon Valley Bank (SVB), um dos maiores prestadores de serviços financeiros para empresas de tecnologia de ponta, incluindo empresas cripto.

O SVB era um dos financiadores mais populares das empresas de tecnologia e crescimento do Vale do Silício. Sua falência foi decretada em 10 de março, a partir decisão do Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC).

No mesmo dia, a agência federal assumiu o controle do banco e criou o Deposit Insurance National Bank of Santa Clara, que agora detém os depósitos segurados do SVB.

Espera-se que os depositantes segurados tenham acesso a seus fundos. Os depositantes com fundos que excedam os limites máximos do seguro receberão certificados de recebimento para seus saldos não segurados, o que significa que as empresas com grandes depósitos presos no banco dificilmente terão seu dinheiro disponível em breve.

Segunda dados fornecidos pelo DFPI, os ativos do SVB no momento da penhora são de cerca de US$ 209 bilhões, enquanto seus depósitos totais são de cerca de US$ 175,4 bilhões. Isso significa que o SVB é a segunda maior instituição financeira a entrar em colapso na história dos EUA, ficando atrás apenas da queda do Washington Mutual Bank em 2008.

BlockFi tem US$ 227 mi bloqueados em fundo não segurado no SVB

De acordo com um informe de 10 de março do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, a BlockFi tem US$ 227 milhões bloqueados em um fundo mútuo do mercado monetário, que não está segurado pela Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), no agora falido Silicon Valley Bank.

O Departamento de Justiça disse que os documentos do SVB mostram que a conta BlockFi não é considerada um depósito, não é segurada pelo FDIC e, portanto, pode perder valor. O órgão federal alegou que a BlockFi ignorou avisos no início deste mês sobre os perigos da conta não segurada.

Há, no entanto, analistas da comunidade cripto que defendem que os fundos da BlockFi podem não estar em risco direto, apesar dos problemas do SVB.

Alguns influencers cripto no Twitter argumentaram que o valor das ações da BlockFi dependeria do que está nos Money Market Funds (MMF), não do que acontece com o Silicon Valley Bank.

“Este é um MMF regular, não afiliado ao SVB, custodiado no SVB ou em sua afiliada de títulos? A administração do SVB não deve afetar isso”, disse o usuário do Twitter @mattwwaters. “O MMF não é segurado pelo FDIC, mas o valor das ações dependeria do que está no MMF, não do que acontece com o SVB”.

A BlockFi tornou-se a primeira empresa a declarar falência após o colapso da FTX. O financiador de ativos digitais fundado por Zac Prince e Flori Marquez em 2017 esediado na cidade de Jersey tem mais de 100 mil credores e deve entre US$ 1 bilhão e US$ 10 bilhões.

Circle e Pantera estão entre empresas cripto afetadas com a falência do SVB

Além da BlockFi, inúmeras outras empresas cripto também revelaram exposição ao SVB. A Circle, emissora da segunda maior stablecoin do mundo, USDC, revelou que detinha uma parte não revelada de suas reservas de US$ 9,8 bilhões no falido Silicon Valley Bank.

A direção da empresa informou em uma declaração na sexta-feira (10/03) que o SVB era um dos seis bancos que administravam as reservas de dinheiro do USDC. No mesmo comunicado, a Circle afirmou que a stablecoin será capaz de continuar operando normalmente.

Ainda assim, o USDC se distanciou de sua meta de US$ 1 em meio a uma onda de saques.

A empresa de capital de risco Pantera, com foco criptográfico, também pode ter uma quantidade desconhecida exposta ao falido SVB. No mês passado, a empresa contou o banco falido entre apenas três custodiantes de seus fundos privados, de acordo com um arquivamento da SEC de 3 de fevereiro.

A Avalanche Foundation, que apoia a blockchain da Avalanche, Yuga Labs, a entidade por trás do projeto Bored Ape Yacht Club NFT e algumas outras coleções blue-chip, assim como a Web3 Proof, está entre as empresas cripto duramente atingidas pelo recente colapso do Silicon Valley Bank.

Legisladores americanos se dizem “espantados” com falência do SVB

Os legisladores nos EUA realizaram uma reunião com o Federal Reserve e a Federal Deposit Insurance Corporation na sexta-feira (10/03) para discutir o rápido e impressionante colapso do Silicon Valley Bank.

A representante democrata norte-americana Maxine Waters se reuniu com funcionários dos dois reguladores do banco federal, bem como do Departamento do Tesouro, horas após o colapso do SVB. Legisladores tanto do Partido Democrata quanto do Partido Republicano estiveram presentes nas reuniões.

“Estou espantada com a falência do Silicon Valley Bank, que marca a segunda maior falha bancária da história dos EUA”, disse Waters em uma declaração, acrescentando que está monitorando de perto e convocando membros do Comitê com os reguladores para entender o que há de mais recente em torno do fechamento do Silicon Valley Bank.

Maxine Waters acrescentou:

“Aprecio a DFPI e o FDIC por tomarem medidas decisivas hoje, e continuo confiante nos mercados financeiros americanos e na capacidade de nossos reguladores de proteger consumidores e investidores.”

Vários outros legisladores disseram que também estavam acompanhando a situação. No Twitter, o advogado Ro Khanna, congressista da Califórnia desde 2017, disse que chegou à Casa Branca e ao Departamento do Tesouro para discutir a situação do banco.

Além disso, a Secretária do Tesouro dos EUA Janet Yellen encontrou-se com os reguladores bancários, incluindo o FDIC, para discutir o colapso do SVB. Em uma declaração, ela disse que o sistema bancário “permanece resistente” e os reguladores têm ferramentas eficazes para abordar este tipo de evento.

Crash do SVB precede falência do Silvergate

O rápido colapso do Silicon Valley Bank ocorreu apenas dois dias após a falência do Silvergate, um banco com forte atuação no mercado cripto. Conforme noticiado, a controladora do Silvergate Bank, Silvergate Capital Corporation, anunciou em 08/03 que decidiu encerrar suas operações e liquidar sua subsidiária.

Silvergate estava entre os financiadores mais atingidos pela queda da bolsa cripto FTX em novembro do ano passado. O banco cripto sofreu com uma corrida de saques após o colapso da FTX e teve que vender US$ 5,2 bilhões de títulos de dívida que mantinha em seu balanço com um prejuízo significativo para cobrir cerca de US$ 8,1 bilhões em retiradas de usuários.

Enquanto isso, o sentimento de descrédito dos usuários em torno do setor bancário viu as ações de outro banco cripto, o Signature Bank, descer a pique. As ações do banco caíram quase 23% na sexta-feira (10/03) e mais de 37% desde o início da semana.

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