Com valorização deste ano, capitalização do Bitcoin volta a superar a da Visa

Gabriel Gomes
| 8 min read

Como muitos outros criptoativos, o Bitcoin sofreu forte desvalorização durante o inverno cripto do ano passado. Apesar disso, no ano de 2023, até agora, a criptomoeda mais conhecida de todas e de maior capitalização de mercado experimentou uma alta em sua cotação de cerca de 50%, resultado para o que contribuíram de maneira especial as duas semanas de alta ininterrupta entre os dias 4 e 17 de janeiro.

Com grande valorização em 2023 o Bitcoin volta a ultrapassar gigante dos cartões

Em consequência dessa valorização recente, o Bitcoin voltou a superar em capitalização de mercado a Visa, maior empresa de processamento de pagamentos, mundialmente conhecida por seus cartões de crédito.

Segundo dados do site CoinCodex, a capitalização de mercado do Bitcoin, cuja cotação tem flertado com o patamar de US$ 25 mil dólares, está pouco acima de US$ 470 bilhões de dólares, enquanto a da Visa está pouco acima de US$ 460 bilhões de dólares.

A pequena diferença que separa os dois valores em termos relativos significa que as capitalizações de mercado de Visa e Bitcoin podem trocar de lugar subitamente ou mesmo se alternar na dianteira uma da outra.

Esta ocasião é a terceira vez em que a capitalização da Visa é superada pela do Bitcoin. A primeira vez aconteceu em dezembro de 2020, quando a cotação do criptoativo atingiu o patamar de US$ 25 mil dólares, o que nunca tinha feito antes, em meio a um processo de rápida valorização que levaria o valor da moeda digital de pouco mais de US$ 10.200 dólares em setembro daquele ano a mais US$ 63.170 dólares em abril de 2021, uma multiplicação por 6.

A dianteira do Bitcoin sobre a Visa durou até junho de 2022, e foi retomada, muito brevemente, em outubro do mesmo ano, mas a desvalorização da criptomoeda eliminou-a, processo que foi agravado pela falência em novembro da corretora de criptomoedas FTX, que abalou o mercado desses ativos.

Em apenas 4 dias daquele mês, no qual a empresa acabou pedindo falência após se mostrar incapaz de honrar todos os pedidos de retiradas de fundos de clientes, o Bitcoin perdeu US$ 100 bilhões de dólares em capitalização de mercado.

De acordo com o Coin Market Cap, a capitalização de mercado do Bitcoin é bem superior à da segunda maior empresa do setor de processamento de pagamentos, a Mastercard, que é de cerca de US$ 345 bilhões de dólares.

Por si mesmo, o fato de a capitalização de mercado do Bitcoin ter alcançado mais uma vez a da Visa não queira dizer muito. Afinal, há várias empresas gigantescas (Apple e Microsoft, por exemplo) com capitalização ainda mais elevada e muitas com capitalização mais baixa (por exemplo, Johnson & Johnson e Walmart). 

No entanto, o cenário parece ilustrativo do bom ano que o criptoativo tem tido, por enquanto, e é um marco que ajuda a inspirar esperanças nos touros (bulls, em inglês – investidores otimistas com um mercado ou ativo) do Bitcoin.

Recente valorização e atualizações alimentam expectativas para período de alta do Bitcoin

Alguns outros eventos recentes, além da valorização de sua criptomoeda e a ultrapassagem da capitalização de mercado do gigante corporativo, têm chamado atenção para a rede de blockchain Bitcoin. A principal delas talvez seja a possibilidade de criação e armazenamento de tokens não-fungíveis (NFTs) nela. Isso foi viabilizado pelo surgimento do protocolo Ordinals, que passou a receber a concorrência de outro, chamado Stacks, que possui a mesma finalidade.

Como se sabe, a maior parte dos tokens não-fungíveis são hospedados na rede de blockchain Ethereum. Apesar disso, graças ao uso do protocolo Ordinals, a atividade na rede Bitcoin atingiu níveis que não alcançava desde o primeiro semestre de 2021, quando o regime chinês baniu do país os mineradores de criptomoedas, inclusive do Bitcoin.

Segundo dados da empresa de análise do mercado de criptomoedas CryptoQuant, as transações na rede Bitcoin alcançaram o patamar de 345 mil por dia.

Polêmica

Contudo, nem todos na comunidade do Bitcoin aprovam a existência de protocolos como o Ordinals. Em algumas de suas postagens no fórum Bitcoin Talk, Satoshi Nakamoto, o criador do Bitcoin, cujo verdadeiro nome não se conhece, manifestou-se de forma veemente contra usos de sua criação que não fossem financeiros.

Alguns apontam a possibilidade de que a crescente demanda por espaço leve a um aumento das taxas de transação da rede de blockchain, encarecendo seu uso, inclusive para aqueles que a utilizam “corretamente”.

Apesar da recuperação de valor que tem experimentado, o Bitcoin ainda vale pouco mais de dois terços da cotação que alcançou em novembro de 2021, no auge da valorização do mercado de criptomoedas: US$ 69.044 dólares, no dia 10 daquele mês.

Perspectivas

Uma questão que interessa aos investidores é o futuro do Bitcoin como veículo de investimentos. Embora tenham se desenhado recentemente no gráfico de cotação do Bitcoin padrões que, no passado, precederam fortes valorizações do Bitcoin, a cotação do criptoativo tem encontrado resistência à altura dos US$ 25 mil dólares.

A questão do Bitcoin confunde-se com a das criptomoedas em geral, que têm entusiastas, mas também críticos assertivos. Um deles é o bilionário Ray Dalio, fundador da Bridgewater Associates, conhecida empresa do setor de administração de fundos.

Ray Dalio

Recentemente, em entrevista à rede CNBC, especializada em notícias e análises relacionadas ao mundo financeiro, o investidor disse que, embora o que o Bitcoin alcançou em sua relativamente curta história seja impressionante, ele não é a solução para os problemas do sistema financeiro internacional, especialmente a inflação, para a qual muitos o consideram um hedge (proteção).

Ele lembrou que, apesar da atenção que ele recebe e de sua capitalização de mercado (que como dissemos, é maior, no momento, que a da gigante Visa), o Bitcoin tem capitalização de cerca de 1/4 da Microsoft.

Para Dalio, as criptomoedas como o Bitcoin não podem constituir dinheiro eficaz: não servem como meios adequados de reserva de valor, meios de troca ou como bons meios de contabilidade, usos clássicos do dinheiro. Ele lembrou que não é fácil fazer compras com os ativos e que eles são muito voláteis.

Além disso, apesar das alegações de privacidade feitas em defesa das criptomoedas, elas não correspondem à verdade ao ver do investidor, que disse “todo mundo está seguindo o que você está fazendo [com a criptomoeda], então não é tão privado assim”.

Para ele, seria melhor a existência de uma moeda atrelada à inflação, de modo que ela conservasse seu valor, mas não sofresse com a volatilidade das criptomoedas.

Outro crítico, o presidente do Comitê Bancário do Senado americano, o senador Democrata Sherrod Brown, afirmou que as criptomoedas estão destinadas a desmoronar.

Mas também há previsões otimistas no mercado

Para um dos colaboradores da CryptoQuant, Venturefounder, a cotação do Bitcoin deve continuar a subir, mas antes passará algum tempo em patamares mais baixos antes de superar a barreira dos US$ 25 mil dólares. Para ele, a conformação do gráfico do preço do Bitcoin no momento parece com a que ele assumiu em 2021, quando o valor de US$ 31 mil dólares desempenhou um papel parecido com o de US$ 25 mil, atualmente.

Ele lembrou também que eventos como as decisões do banco central americano, o Fed, em seu combate à inflação podem influenciar muito a trajetória do Bitcoin. A política monetária restritiva adotada pela instituição em resposta à inflação americana, que chegou ao patamar mais elevado desde o início dos anos 80, foi apontada como uma das causas do inverno cripto por reduzir a quantidade de recursos disponíveis para investimentos, especialmente em ativos menos ortodoxos e considerados de mais risco.

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