Drex só mesmo em 2026 – Como o real digital pode impactar a vida cotidiana do brasileiro

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Drex só mesmo em 2026 – Como o real digital pode impactar a vida cotidiana do brasileiro
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Com atraso no cronograma, o lançamento do Drex deve mesmo ficar para 2026. Durante o Blockchain.Rio, evento realizado nos dias 24 e 25/07, o coordenador do projeto da moeda digital Fabio Araújo reafirmou a importância dessa fase de testes. E revelou que o Banco Central (BC) deve abrir chamada para empresas interessadas em participar do piloto do Drex. O que significa oferecer casos de uso já a partir de 2025.

Até o final de agosto, segundo a Associação Brasileira de Internet (Abranet), o BC divulga os projetos selecionados para testes de caso de uso na segunda fase do piloto.

Realizar transferências e pagamentos de forma instantânea através do Pix já faz parte do cotidiano de milhões de brasileiros. Mas o lançamento do Drex impulsiona a tokenização no Brasil algumas milhas mais. Trata-se da CBDC brasileira (sigla em inglês para moeda digital do banco central), que promete facilitar o acesso e baratear os custos das operações financeiras no país.

Drex é o mesmo real, só que disponível apenas no ambiente digital

Diferente de uma criptomoeda, o Drex é uma moeda segura emitida e regulada pelo Bacen. É o mesmo real usado no dia a dia do brasileiro, só que disponível apenas no ambiente digital. Por essa razão, o valor do Drex é o mesmo do real: 1 Drex vale R$ 1.

Ao contrário do Pix, que veio popularizar e democratizar a realização de transferências e pagamentos instantâneos no sistema financeiro tradicional, o Drex é uma moeda digital que opera numa plataforma própria. Por isso, pode interagir com outros ativos tanto financeiros como não financeiros por blockchain.

A própria escolha do nome é explicativa: O D é do digital; o R do Real; o E remete ao caráter eletrônico do ambiente digital; e o X, finalmente, acrescenta a ideia de inovação ao nome da moeda.

Custos e impactos do Drex

Todo serviço financeiro tem um custo, por isso é natural que haja também um valor associado ao uso da plataforma do real digital. No entanto, como se trata de uma tecnologia automatizada, não há a necessidade de uma terceira parte envolvida para assegurar as transações financeiras. O que por si só já vai baratear a realização dessas trocas.

O Drex tem o potencial de transformar significativamente a economia e a vida do brasileiro. Ao promover maior inclusão financeira, reduzirá custos e burocracia. Ou seja, mais eficiência e segurança das transações. Além de estimular a inovação e a competitividade no setor.

Espera-se que o Drex estimule a educação financeira digital, ajudando os brasileiros a se familiarizarem com novas tecnologias e práticas financeiras. Do lado comercial, incentiva também o desenvolvimento e inovação de tecnologias e serviços financeiros, ao aumentar a competitividade do setor bancário e de pagamentos.

Transações feitas com o Drex tendem a ser mais baratas do que as realizadas por meio de sistemas bancários tradicionais. Isso vale tanto para consumidores como comerciantes, de modo que a CBDC tem importante papel no estímulo da economia.

Mais transparência e eficiência

Por ser 100% digital, o Drex traz vantagens em termos de segurança. Por exemplo, não há riscos de roubo ou perda no armazenamento e transporte da moeda. Para além disso, todas as transações são registradas digitalmente, o que contribui para maior transparência do sistema e dificulta práticas de corrupção e lavagem de dinheiro.

A implementação bem-sucedida da moeda digital depende de diversos fatores. Por exemplo, a aceitação do público e a construção e manutenção da infraestrutura tecnológica. Ademais do enquadramento da regulamentação ao ordenamento jurídico brasileiro.

Um exemplo prático

A promessa da CBDC é facilitar o acesso a serviços financeiros e negócios de todo tipo. Exemplos: a venda de um carro, a compra de uma casa, a contratação de um seguro ou qualquer outro tipo de serviço. Tudo isso de forma segura, rápida e de baixo custo através de um mesmo sistema que reúne ativos tanto financeiros como não financeiros. Ou seja, possibilitando a conexão simultânea entre níveis diferentes de um único contrato.

Um vendedor que teme ser passado para trás na hora de fechar um negócio tem a segurança de que o bem que está vendendo só mudará de propriedade depois que o pagamento pela venda for concretizado. Simples assim.

Sem o Drex, por outro lado, a venda do bem passaria por pelo menos dois sistemas distintos, que não se comunicam: o bancário e o da transferência de propriedade. Um cartório, por exemplo.

Dessa forma, a integração desses processos dentro do sistema Drex oferece mais rapidez, eficiência e segurança para o negócio. Além de torná-lo mais barato e menos burocrático por ser constituído como um smart contract.

Segunda fase de testes incorpora ativos não financeiros

O projeto está agora na segunda fase de testes, autorizada pelo Bacen por meio de resolução publicada no dia 22 de maio. Nessa etapa, serviços e modelos de negócio dos consórcios que participam na criação do Drex serão conectados. Até então, apenas serviços do Bacen haviam sido testados.

Com o início dos testes de implementação dos contratos inteligentes, será necessária a participação de outros órgãos reguladores. Entre esses, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Afinal, os ativos não regulados pelo Bacen estarão envolvidos.

A fase inicial de planejamento e testes começou em 2020. Em 2023, os testes foram expandidos para incluir mais participantes e transações reais. O que possibilita uma análise mais aprofundada dos resultados ajustados aos aspectos técnicos e regulatórios.

Lançamento pode ficar para 2026

O lançamento oficial do Drex estava originalmente previsto para 2024. No entanto, de acordo com o Bacen, os resultados dos testes ainda não satisfazem. Não indicam “maturidade necessária” no cumprimento dos requisitos jurídicos de segurança para a proteção de dados dos usuários.

Como a plataforma da moeda digital funciona em blockchain, a transparência das transações e visibilidade das carteiras são os pilares do sistema. O que gera um problema em relação aos princípios de sigilo fiscal e bancário do ordenamento jurídico brasileiro.

Mateus Casanova, chefe de produtos e TI da Unicred (que participa de um dos consórcios envolvidos nos testes), afirmou que o lançamento do Drex pode ser adiado para 2026. O Bacen, no entanto, ainda não anunciou nova data e continua a conduzir testes.

A ideia é começar com um grupo seleto de instituições financeiras e expandir para o público em geral em um segundo momento. Esse último passo depende ainda de uma forte campanha de educação. Em resumo, ensinar o público como usar a moeda digital de maneira segura e eficiente.

Além das questões de segurança e privacidade, fatores trabalhistas podem ter contribuído para adiar o lançamento do Drex. No início deste ano, duas greves de funcionários do Bacen atrasaram a realização de reuniões e testes da moeda digital. Entre outras demandas, os servidores exigiam aumento salarial. Apesar dos percalços, o mercado segue confiante de que o Drex será lançado com sucesso.

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