Enegix Global inaugura data center de mineração sustentável no Brasil
De chegada ao Brasil, a mineradora Enegix Global anunciou, nesta última terça-feira (10), que sua fazenda de mineração usará uma fonte de energia limpa: gás natural ilhado.
A empresa anunciou em maio deste ano a chegada ao Brasil, com a instalação de um escritório em São Paulo e uma fazenda de mineração no Nordeste. O movimento faz parte de um projeto de expansão da Enegix na América Latina.
Primeira etapa inicia em novembro
A Enegix Global atua desde 2017 no mercado de criptomoedas, criando fazendas de mineração que oferecem serviços de hospedagem de equipamentos para terceiros.
Aliás, a fazenda a ser construída no Brasil deverá gerar até 80 MW de energia elétrica. Mas o desenvolvimento será dividido em duas partes. Portanto, a capacidade energética inicial será de 25MW.
Além disso, a primeira etapa tem previsão de início para novembro de 2024. No entanto, o que chama a atenção é a matriz energética do projeto, que usará gás natural ilhado como fonte de energia limpa.
O que é o gás natural ilhado?
Há áreas nas quais o gás natural está basicamente preso localmente. Ou seja, nas quais não existe infraestrutura disponível para transportá-lo de maneira eficiente para consumidores de outras regiões.
Por exemplo, nesses casos, faltam gasodutos, plantas de liquefação, estradas ou portos para escoar o produto para outras áreas.
Portanto, mesmo que o gás natural esteja disponível na região, ele não pode ser comercializado nem utilizado em larga escala. Então, acaba sendo considerado “ilhado” na região. Por isso, justamente, essa fonte de energia é chamada de “gás natural ilhado”.
Brasil é paraíso de fontes de energia limpa
A instalação do novo data center no Brasil vai possibilitar que a Energix Global aumente em mais de 36% sua capacidade de gerenciamento de energia. Até o momento, a empresa gerencia mais de 220 MW.
O Brasil era uma escolha bastante clara para esse projeto. Afinal, como explica o CEO da empresa, Yerbolsyn Sarsenov, o país é considerado um dos maiores mercados cripto do mundo. Além disso, tem as condições ideais para atrair a mineração de criptomoedas:
“Com fontes de energia limpa, como gás natural ilhado e hidrelétricas, o país favorece a promoção da sustentabilidade no setor. Ao mesmo tempo, apresenta condições favoráveis de custo operacional e de geração de energia elétrica”.
Custo da mineração aumentou
Segundo um relatório financeiro da BitFuFu, relativo ao segundo trimestre de 2024 (encerrado em 30 de junho), houve um aumento significativo no custo da mineração de Bitcoin. A BitFuFu é uma empresa líder mundial de serviços de mineração em nuvem.
Conforme os dados do estudo, a mudança mais drástica ocorreu no custo médio necessário para minerar cada BTC. Afinal, esse valor disparou para US$ 51.887.
No mesmo período do ano passado, o custo era de US$ 19.344 por BTC. Aliás, o aumento pode ser atribuído às despesas mais elevadas com eletricidade e operações.
Além disso, a alta pode estar relacionada ao halving do BTC, que ocorreu em abril de 2024. Afinal, com esse evento, aumentou a dificuldade de mineração ao mesmo tempo em que houve uma redução de 50% nas recompensas em BTC.
Por fim, mesmo com os custos maiores de mineração, a BitFuFu conseguiu expandir a escala de suas operações de mineração. Ela conseguiu aumentar em 60% sua capacidade, chegando a 24.7 exahashes por segundo (EH/s). Além disso, a empresa aumentou em quase 70% sua receita total.
Mineração sustentável teve crescimento em 2023
Os dados do relatório da BitFuFu mostram que, mesmo com o aumento de custo, a mineração de Bitcoin não decaiu. Na verdade, a popularidade da criptomoeda fez com que o consumo de energia da sua rede chegasse a 147,3 terawatts-hora por ano.
Aliás, os dados divulgados em janeiro de 2024 apontam para um consumo de energia da rede muito próximo ao consumo médio anual de alguns países, como Ucrânia, Malásia e Polônia.
Por outro lado, o alto consumo de eletricidade, comparável ao de um país, também reforça a narrativa de que a mineração de Bitcoin é prejudicial ao meio ambiente.
Por isso, em meio a esse contexto de crescimento da atividade e de uso de energia, as empresas também vêm buscando cada vez mais o uso de energia sustentável. Segundo dados do Bitcoin ESG Forecast, essa prática aumentou 3,6% em 2023.
A mineração de Bitcoin já se destaca no consumo de energia sustentável de diversos tipos. Um exemplo é o uso do metano ventilado para gerar eletricidade para a mineração.
Essa prática reduz o impacto ambiental em comparação com a liberação do gás no ar. Portanto, a rede consegue mitigar 7,3% de todas as suas emissões sem compensação. Aliás, esse é um novo recorde e o nível mais alto de mitigação de emissões de qualquer indústria.
Vale lembrar que, em 2022, China e Cazaquistão, dois dos principais destinos das mineradoras, proibiram a atividade. Portanto, as empresas começaram a se mudar para redes mais verdes na América do Norte ou para locais com energia off-grid sustentáveis.
Além disso, segundo os dados do Bitcoin ESG Forecast, as redes globais estão ficando 0,7% mais verdes a cada ano. Esse número representa uma melhora de 29% na intensidade de emissão para mineradoras on-grid, em comparação com 2021.