Estudo aponta aumento no lobby em torno das criptomoedas desde 2017
Esforço para fazer lobby em nome das empresas de ativos digitais gerou um investimento recorde no setor. Exemplo disso ocorreu no ano passado, quando algumas instituições injetaram valores que ultrapassam a marca de US$ 40,42 milhões na atividade.
A projeção do mercado só foi possível por causa da intervenção ativa de algumas empresas. Muitas delas atuaram investindo em manter lobistas atuando junto aos governos. Desse modo, as corporações buscam influenciar as políticas adotadas. O aumento de gasto com esse tipo de atividade destaca o papel fundamental na prática no crescimento do mercado.
Os dados foram divulgados em um momento em que as criptomoedas se destacam por se tornarem mais integradas ao mercado convencional. Mesmo com o atual cenário de baixa de preços, a circulação de ativos digitais se mostra um campo resiliente e bastante procurado.
A evolução do lobby em torno das criptomoedas
Um estudo recente divulgado pela Social Capital Markets chamou a atenção para essa atividade em torno das criptomoedas. A atuação de pessoas influenciando atividades governamentais cresceu quase 1.400% desde 2017. Além disso, as empresas que promoveram o lobby investiram cerca de US$ 40,42 milhões no setor.
O aumento do investimento fica evidente quando comparado com os dados de 2017. Naquele ano, foram gastos aproximadamente US$ 2,72 milhões com a interação entre empresas e governos.
O uso da intermediação por meio de lobistas pode ser considerada uma atividade criminosa. No Brasil, por exemplo, não há legislação para definir os limites da atuação em lobby. Por isso, muitas vezes ele é visto como corrupção. Nesse caso, o crime fica definido pela oferta ou entrega de valores para que os agentes públicos tomem determinadas decisões.Podemos citar como exemplo, o recebimento de propina para que se criem leis favoráveis para as empresas. No entanto, a ação consiste na representação dos interesses de pessoas ou ainda de entidades junto ao poder público.
Nos Estados Unidos, a atividade é protegida pela legislação vigente. Por isso, acabou sendo usada como uma ferramenta das empresas do setor de criptomoedas. Agora está sendo procurada mais que nunca, já que a regulamentação dos ativos digitais caminha mais rápido.
A regulamentação do setor digital impulsiona a ação de lobistas
A expansão das criptomoedas fez aumentar a atenção dos governos. Alguns países estão avançando na regulamentação do setor e aumentando a fiscalização da atuação das exchanges. Com o aumento desse cerco regulatório, as empresas passaram a investir cada vez mais para influenciar nas novas legislações. O objetivo é que as regulamentações estejam de acordo com os seus interesses.
Isso fez com que fossem investidos cerca de 131,91 milhões de dólares em lobby desde 2017. Mais da metade desse valor foi movimentado apenas entre os anos de 2022 e 2023. Isso mostra que houve uma resposta à crescente pressão regulatória, especialmente nos Estados Unidos.
O governo norte-americano vem debatendo a melhor abordagem para fazer a regulamentação dos ativos há algum tempo. Agora, o andamento das ações depende do resultado da eleição que está em curso.
Dentre as empresas com maior número de investimento em lobby está a Apollo Global Management. Essa corporação investiu sozinha US$ 7,56 milhões através de uma subsidiária, isso apenas em 2023. Outra empresa com grande influência é a Managed Funds Association, a qual destinou 4,11 milhões de dólares para a atividade.
Engana-se quem acha que as exchanges ficam de fora do lobby. A Coinbase, uma das maiores corretoras do mercado, também figura na lista das empresas que recorrem ao lobby nos Estados Unidos. Em 2023, a exchange destinou US$ 2,86 milhões para a atividade.
Outros nomes comuns do mercado também destinaram valores para atividade de lobistas como, por exemplo, a Binance.US e a Ripple. Ambas tiveram bom crescimento desde 2017, indicando que a atividade está dando bons frutos.
Quem são os lobistas que atuam diretamente na intermediação de interesses?
O estudo da Social Capital Markets aponta para o papel fundamental de intermediários na atividade de lobby. Eles são indivíduos que atuam em transições governamentais, usando de conhecimento privilegiado dos processos internos. Assim, eles conseguem ajudar os interessados a navegar com maior facilidade em cenários regulatórios complexos.
As grandes empresas do ramo do lobby são prova disso. A Apollo Global Management, por exemplo, empregou cerca de 104 lobistas em 2023. Pelo menos 78 dos quais tinham conhecimento do trâmite interno. Da mesma forma, a Coinbase contou com 32 lobistas ligados ao governo.
Esses profissionais têm a missão de aprofundar a relação do público com o privado, levando os envolvidos na elaboração de políticas a se identificarem com o mercado de criptomoedas. Além disso, existe uma tendência de aumento da atividade, devido ao enrijecimento da legislação.
À medida que o mercado se expande e é notado por hackers e golpistas, aumenta o medo do cometimento de crimes. Portanto, há uma tendência de que as novas regulamentações sejam mais duras e mais difíceis de serem cumpridas. Esse receio não existe apenas no mercado norte-americano. Com isso, os lobistas têm uma missão ainda mais importante: manter os interesses das empresas do setor intactas.
Isso porque, caso haja entraves para a circulação e funcionamento das corretoras, há uma grande chance de que essas corporações enfrentem sanções judiciais. Isso pode ocasionar a quebra da confiança dos investidores e, consequentemente, prejuízo para os empresários. Por isso, investir em convencimento acerca da importância de uma menor rigidez legislativa é fundamental. Ainda mais agora que o mercado de criptomoedas está tomando seu lugar no mundo.