Investidores Latino-Americanos esperam elevar cotações de criptomoedas “até a lua” com adoção oficial por parte do mercado

Tim Alper
| 4 min read

Um relatório sobre o mercado de criptomoedas na região da América Latina concluiu que a adoção oficial dessas moedas continuará sendo prioridade e encontrará terreno fértil para o crescimento no mundo dos pagamentos “além fronteiras” e no mercado de  “cartões de crédito”.

O relatório foi publicado pela Americas Market Intelligence (AMI), empresa de inteligência de mercado voltada para a América Latina.

Em suas previsões para o restante de 2022, a AMI afirmou que enquanto a palavra “criptomoeda” permanecer como “sinônimo de volatilidade”, o mercado ainda terá dificuldades para atrair novos investidores. 

Impulso à adoção

O estudo mostrou que a maioria dos casos de investimento em criptomoedas são provenientes do setor privado, que fazem a aposta em cripto com a esperança de que as cotações subam “até a lua”. Grande parte desta atenção está centrada em “ativos de alta volatilidade”, incluindo bitcoin (BTC) e ethereum (ETH), detalha o relatório.

É provável que o setor financeiro alimente essa crescente necessidade de lançamento de mais carteiras digitais e acesso a criptoassets via aplicações bancárias – além de “suporte limitado para outros casos de uso como o movimento de dinheiro P2P [peer-to-peer]”, explicam os autores do estudo.

O surgimento de moedas estáveis


Alguns esforços de adoção do sistema “evitarão ativamente o rótulo de criptomoedas'”, opinam os autores, com contas de moedas estáveis que “supram uma demanda não atendida” por “dinheiro estável e pagamentos entre fronteiras”.

Os autores explicam que os prestadores desses serviços “procuram minimizar a impressão de risco e volatilidade evitando a palavra ‘criptomoeda’, utilizando por sua vez termos como “moeda digital” ou “dólar digital”.

Impulso à parceria

Os autores do relatório apontam que o lançamento de “programas de cartões” que oferecem aos clientes BTC e altcoin cashbacks “no início” são uma tendência, sugerindo que outros planos podem estar no horizonte. 

“O ano de 2022 se tornará o ano do cartão cripto. Após o lançamento dos cartões de débito pela Crypto.com, NovaDAX e belo, outros players do mercado se sentirão pressionados a lançar seus próprios programas de cartões para se manterem competitivos”.

Os “principais emissores” também foram aconselhados a “começar a experimentar” cartões cripto em “parceria com grandes bandeiras de cartões”.

DeFi para permanecer como “interesse minoritário”

Os Produtos Financeiros Descentralizados (DeFi) terão “por enquanto, dificuldades para competir com as ofertas financeiras tradicionais”, devido às necessidades de “garantias substanciais” do setor, bem como “um alto nível de sofisticação técnica”.

Entretanto, as altas taxas de juros DeFi, “que ultrapassam em muito as oferecidas pelas contas de poupança regionais”, continuarão atraentes, e “muitas bolsas regionais” deverão “expandir o acesso a essas taxas nos próximos meses”.

Os CBDCs ainda são proibidos

As moedas digitais de Bancos Centrais (CBDCs) foram apontadas como tendo “impacto limitado a curto prazo”, proporcionando “pouca competição por moedas cripto” – apesar do fato de muitos bancos centrais da região terem iniciado projetos do CBDC.

Os autores escreveram:

“A curto prazo, os benefícios dessas tecnologias serão mínimos, especialmente em países como Brasil e México, que já têm esquemas robustos de transferência bancária em tempo real. […] Muitos consumidores aderem ao ecossistema de criptomoedas justamente para tirar suas finanças da competência dos reguladores governamentais e teriam pouco interesse em uma moeda controlada pelo governo”.

O relatório também mostrou uma série de diferenças entre os país em termos de taxa de adoção. Enquanto 33% dos peruanos expressaram interesse em receber remessas em criptomoedas, apenas 8% dos brasileiros compartilham deste mesmo ponto de vista.

Enquanto apenas 8% dos latino-americanos pesquisados para o relatório disseram que têm cripto, esse número é de 12% na Argentina, pressionada pela hiperinflação. Cerca de 18% dos latino-americanos mostraram interesse em comprar essas moedas.

Mas se a inflação se espalhasse pela região, este poderia ser o fator que empurraria os latinos americanos para o mercado de moedas digitais.

O estudo mostra ainda que 54% das pessoas “cripto-curiosas” (ouvidas em setembro de 2021) “citaram a ‘proteção da poupança’ como um benefício chave”.

A inclusão também poderia ser importante – o relatório afirmou que 40% das pessoas na região não têm uma conta bancária “de checagem”.