Justiça do Rio começa a julgar caso do “Faraó dos Bitcoins”
A justiça do Rio de Janeiro começará na próxima semana o julgamento do caso da GAS Consultoria. A empresa ficou famosa pelo apelido de seu representante, Glaidson Acácio dos Santos, o “Faraó dos Bitcoins”.
Na próxima quarta-feira (24), a 1ª Vara Criminal Especializada de Combate ao Crime Organizado vai fazer a primeira audiência do caso. Portanto, ouvirá as testemunhas elencadas pelo Ministério Público. Aliás, a maioria delas são investidores lesados pela GAS.
“Faraó dos Bitcoins” também é réu da Justiça Federal
Além disso, Glaidson é réu na Justiça Federal pela prática de crime contra o sistema financeiro nacional.Trata-se do caso que deu origem à Operação Kryptos pela Polícia Federal. Aliás, foi em meio a essa operação que o “Faraó” acabou preso em agosto de 2021.Por fim, no que diz respeito a esse caso na Justiça Federal, a primeira audiência já ocorreu neste ano. Também está prevista uma segunda audiência para 10 de setembro.
Glaidson ainda responde por casos de homicídio
No caso do julgamento da justiça estadual, Glaidson responde por financiamento de organização criminosa. Além disso, também tem em suas costas uma acusação de homicídio.O Faraó dos Bitcoins vai acompanhar a sessão à distância. Afinal, ele está detido no Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná.Até o ano passado, Glaidson estava em Bangu 1, no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio. No entanto, foi transferido após uma investigação do Ministério Público do Rio descobrir que ele comandava um grupo de pistoleiros. O objetivo desse grupo era monitorar e eliminar os concorrentes.Além disso, ele responde por mandar matar Nilson Alves da Silva, o Nilsinho, em 2021. Isso ocorreu depois que Nilsinho espalhou que o Faraó seria preso e sugeriu que os clientes da GAS transferissem fundos para a sua empresa. No entanto, a vítima sobreviveu à tentativa de homicídio.
Advogado pediu habeas corpus e anulação do processo
Em junho deste ano, a defesa de Glaidson protocolou um novo pedido de habeas corpus ao Supremo Tribunal Federal (STF). A alegação era de que o réu passava por problemas psiquiátricos. Então, a defesa solicitou que ele respondesse ao processo em prisão domiciliar, com o uso de tornozeleira eletrônica.Aliás, segundo o documento, o acusado já estaria em tratamento psiquiátrico antes da prisão, fazendo uso de medicamentos controlados. Além disso, sua saúde mental teria deteriorado, exigindo cuidados fora da cadeia. Embora os advogados tenham anexado um laudo psiquiátrico ao requerimento, o ministro Gilmar Mendes negou o pedido.No entanto, o advogado Ciro Chagas, que defende Glaidson na esfera federal, acredita que o processo na Justiça Estadual deveria ser anulado. Segundo ele:
“O Superior Tribunal de Justiça, em sede de conflito de competência, já definiu, até o presente momento, a instância federal como competente. E mais uma vez, entendo que este processo será devidamente arquivado ou anulado. As provas produzidas lá não podem ser utilizadas. É a minha opinião.”
Quem é o Faraó dos Bitcoins
Até 2014, Glaidson trabalhava como garçom em Búzios, na Região dos Lagos. Além disso, havia feito o treinamento para pastor da Igreja Universal. No entanto, um ano depois, ele abriu cinco empresas de consultoria e investimentos no mercado de criptomoedas. Essas empresas atraíam clientes com promessas de rendimentos que supostamente viriam da negociação de criptomoedas. Aliás, a GAS Consultoria prometia um retorno de mais de 10% do valor investido sobre empréstimos em Bitcoin. Essa empresa sozinha possuía um capital social de R$ 75 milhões. Além disso, as cinco empresas juntas chegaram a ter um valor de capital de R$ 136 milhões. Por fim, o esquema movimentou cerca de R$ 38 bilhões entre 2015 e 2021.Por volta de 2017, o modelo de operação de pirâmide financeira da empresa desencadeou diversas investigações das autoridades brasileiras. No entanto, o Faraó dos Bitcoins foi preso somente em 2021, em meio à Operação Kryptos. A prisão ocorreu em sua mansão no Rio, onde a polícia achou cerca de R$ 14 milhões em dinheiro. Além disso, encontrou barras de ouro, 21 carros de luxo, joias e 591 BTC (equivalente a R$ 147 milhões).Além de Glaidson, outros membros do esquema foram presos na época. No entanto, parte dos envolvidos conseguiu escapar da polícia e fugir do Brasil.Por exemplo, a esposa de Glaidson, Mirelis Yoseline Dias Zerpa, conseguiu deixar o Brasil. No entanto, acabou presa em janeiro deste ano, em Chicago, por morar ilegalmente nos Estados Unidos.Segundo informações de pessoas próximas ao casal, havia uma divisão clara de tarefas na GAS. Afinal, enquanto Glaidson lidava com as pessoas, era Mirelis que tratava do dinheiro.
Caso emblemático foi parar em CPI
No ano passado, a GAS apareceu em uma extensa lista de empresas convocadas para a CPI das Pirâmides. Portanto, o Faraó também foi intimado.Na ocasião, Glaidson protagonizou uma série de bate-bocas com deputados. Aliás, chegou a ser chamado de “um dos maiores bandidos da história do sistema financeiro nacional”.Atualmente, ele é conhecido como o primeiro Faraó dos Bitcoins. Afinal, depois dele, também se tornou conhecido o caso de Claudio Barbosa, da Trust Investing.Alvo da operação La Casa de Papel, Barbosa foi preso mês passado em Florianópolis. Ele teria participado de um esquema de pirâmide com criptomoedas que levou a um prejuízo de R$ 4,1 bilhões em mais de 80 países.
Leia mais: