Líderes em patrimônio e bilionários do Brasil têm histórico de investimento em criptoativos

Gabriel Gomes
| 7 min read

bilionários do Brasil

A mais recente lista de bilionários do Brasil e do mundo publicada pela revista de negócios Forbes apresenta algumas interessantes mudanças em relação à do ano passado, como a queda de posição do polêmico Elon Musk, que é, segundo a referida publicação, o segundo homem mais rico do mundo. 

Elon Musk deixa de ser o homem mais rico do mundo


Seu lugar foi tomado pelo terceiro colocado do ano passado, Bernard Arnault, o Diretor-Executivo da LVMH, conglomerado de artigos de luxo que tem sob suas asas marcas icônicas como Tiffany & Co e Louis Vuitton. Na lista do ano passado, Arnault estava em terceiro lugar, imediatamente atrás de Jeff Bezos, que, na lista deste ano, ficou na terceira posição.

Apesar da redução do patrimônio de Musk de 2022 para 2023, causada principalmente pela perda de valor das ações da montadora de veículos elétricos Tesla, a Forbes estima que ele tenha US$ 180 bilhões de dólares. 

O empreendedor, nascido na África do Sul, tem um histórico de investimentos (modestos, em comparação com o tamanho de sua fortuna) em criptomoedas através de seu patrimônio pessoal ou de suas empresas, além de outras ligações com esse tipo de ativo, por exemplo, declarações em favor do Dogecoin. 

Mais recentemente, ele chegou a trocar o logotipo do Twitter, rede social que ele controla, pelo logotipo do Dogecoin e reverter a medida dias mais tarde. O primeiro movimento acompanhado de alta da memecoin, e o segundo seguido da queda de sua cotação. 

A ligação entre Musk e o Dogecoin já foi notada — e levada em conta — por muitos observadores. Há alguns meses, o analista Matthew Dibb, um dos diretores da Stach Funds, empresa de gestão de ativos, a associação entre o bilionário e o Dogecoin faz com que muitos considerem os tuítes de Musk como indicadores do futuro da criptomoeda meme. Como visto acima, Musk já não se limita mais aos tuítes. 

Musk já foi processado por promover o Dogecoin

A promoção do Dogecoin por Musk já lhe causou um problema legal, do qual, pois no dia 31 de março, tentou se livrar, requerendo a um juiz, por meio de advogados seus e da Tesla. A requisição foi que se arquive um processo de US$ 258 bilhões de dólares ajuizado no ano passo por investidores que se julgam prejudicados por Musk e acusam-no de ter operado um esquema de pirâmide, promovendo o Dogecoin.

De acordo com os autores do processo — que também acusam a Dogecoin Foundation, Musk, embora soubesse que o Dogecoin não tinha valor intrínseco, promovia a memecoin, atraindo investidores para ela e fazendo com que a cotação da moeda digital subisse. Assim, facilitou para ele vender seus tokens com lucro antes que a cotação da criptomoeda desabasse. 

Segundo os advogados do bilionário, a acusação não passa de “fantasiosa obra de ficção” baseada nos “tuítes inócuos e frequentemente brincalhões” dele. As recentes ações de Musk à frente do Twitter talvez o faça parecer mais com um manipulador da cotação do Dogecoin, tenha sido ou não a intenção dele manipulá-la.

Bilionários do Brasil também têm alguma relação com as criptomoedas


Alguns dos magnatas brasileiros presentes na lista de bilionários do Brasil da Forbes têm, além da própria presença na lista, algo em comum com Musk: eles também têm ou tiveram algum tipo de relação com as criptomoedas. 

A Forbes conta, juntos, na primeira posição entre os brasileiros, Vicky Safra, que nasceu na Grécia e é viúva do banqueiro Joseph Safra, e os filhos adultos do casal. A principal fonte da riqueza da família é o Banco Safra, instituição fundada por Joseph Safra, a qual lançou no ano passado, através do portal O Especialista, um curso de educação financeira que trata de ativos digitais, entre os quais o Bitcoin.

Os problemas experimentados pela Americanas não foi o bastante para manter fora da lista de bilionários da Forbes deste ano Alexandre Behring, Carlos Alberto Sicupira, Marcel Herrmann e Jorge Paulo Lemann (cujos patrimônios são estimados em, respectivamente, US$ 5,2 bilhões de dólares, US$ 8,6 bilhões de dólares, US$ 10,6 bilhões de dólares e US$ 15,8 bilhões de dólares).

Os brasileiros estão à frente da empresa brasileira-estadunidense de investimento 3G Capital, que controla a citada empresa de varejo, além de muitos outros negócios. Em 2021, a 3G investiu US$ 24 milhões de dólares na empresa de pagamentos digitais Block, mas recentemente vendeu sua posição nela.

Outro brasileiro presente na lista da Forbes, é o cofundador do Facebook, Eduardo Saverin, cujo patrimônio estimado é pouco superior a US$ 10 bilhões de dólares.

Ele é um investidor de tecnologia e filantropo e, além de ter uma carreira de sucesso no mundo dos negócios, fundou a Saverin Philanthropy para apoiar projetos educacionais, de pesquisa, de saúde e de meio ambiente em todo o mundo. 

Através de sua agência de investimentos, a B Capital, já investiu em empreendimentos como a plataforma de gestão de investimentos relacionada a criptomoedas FalconX. 

BTG Pactual é uma empresa brasileira com investimentos no setor cripto


Além de indivíduos bilionários do Brasil, pelo menos uma empresa brasileira bilionária também investiu no setor cripto: a BTG Pactual, que, na lista de maiores empresas da Forbes do ano passado, ocupava a sétima entre as brasileiras, com quase US$ 70 bilhões dólares em ativos e mais de US$ 50 bilhões de dólares em valor de mercado. 

Ela foi fundada em 1983 e está sediado na capital paulista, possui presença em vários países e oferece serviços financeiros para clientes institucionais e de varejo em todo o mundo. É conhecida por sua forte atuação em áreas como gestão de ativos, private banking, fusões e aquisições, além de ter se consolidado como um dos principais players do mercado de capitais e de renda fixa no Brasil.

A instituição financeira, que é o maior banco de investimentos do subcontinente latino-americano, anunciou no dia 4 de abril o lançamento de sua moeda digital, chamada de BTG Dol, uma stablecoin com valor atrelado ao dólar. O BTG Pactual lançou o BTG Dol através da Mynt, plataforma de criptomoedas do banco. 

Trata-se da primeira stablecoin de banco do mundo lastreada em dólar. Cada BTG Dol emitido deve ter o lastro de um dólar em reserva, para garantir a paridade entre a criptomoeda e a moeda dos Estados Unidos. O BTG Dol pode ser uma opção interessante para investidores que desejem ‘dolarizar’ parte do patrimônio como forma de protegê-lo, por exemplo, do risco de perda de valor do real.

André Portilho, que lidera a divisão de Digital Assets (Ativos Digitais) do BTG Pactual, afirmou que a inovação trazida pelo banco constitui uma forma de investir no dólar que combina segurança, simplicidade e inteligência.

Apesar de mais discreto, envolvimento dos bilionários do Brasil com criptomoedas é relevante


Como se vê do exposto acima, são variadas as maneiras através das quais alguns dos bilionários do Brasil investiram no setor cripto. De modo geral, as incursões conhecidas deles na corrida do ouro digital são mais do tipo “vender pás” do que “garimpar”. 

O envolvimento conhecido deles deu-se principalmente na forma de investimentos em empresas que lançaram iniciativas voltadas para o público que deseja investir em criptomoedas ou usá-las com algum fim, como fazer transferências rápidas de fundos. 

Nenhum deles chegou a ligar sua imagem tão intimamente às criptomoedas quanto Musk, mas empresas a que eles estão ligados investiram em empreendimentos de grande porte relacionados a ativos digitais.

Isso pode ser visto como um sinal da crescente inserção desses ativos no mainstream financeiro, apesar de incertezas regulatórias, da volatilidade das criptomoedas e da suscetibilidade delas a fraudes e ataques cibernéticos.

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