Mercado Bitcoin terá produto de crédito com garantia em criptomoedas
Um pouco mais de um ano após receber a licença do Banco Central como instituição de pagamento, o Mercado Bitcoin (MB) lança um produto de crédito bastante interessante.
Neste produto, os clientes têm a possibilidade de obter empréstimos em reais, utilizando suas criptomoedas guardadas na plataforma como garantia. Ao considerar que os clientes possuem cerca de R$ 5 bilhões em custódia na plataforma, estima-se que o potencial de crédito a ser concedido ultrapasse R$ 1 bilhão.
As condições de empréstimo são atraentes, com taxas de juros iniciando em 1,39% ao mês, percentual esse que está abaixo do teto para empréstimos consignados do INSS, conhecidos por terem os juros mais baixos do mercado para créditos pessoais com garantia.
Os prazos para pagamento podem se estender até 12 meses. Inicialmente, o MB aceitará apenas Bitcoin e Ether como garantias para esses empréstimos, dada a maturidade e menor volatilidade dessas moedas. No entanto, existe o plano de expandir as opções para outros ativos digitais no futuro.
Políticas de empréstimo do novo produto do Mercado Bitcoin
O produto em questão já foi alvo de debates acalorados no cenário internacional, especialmente durante os períodos de alta dos ativos digitais, como o verão cripto de 2021, que recentemente se repetiu.
Nesse contexto, entusiastas do setor se beneficiaram de uma alta alavancagem que permitiu lucros significativos com a valorização das criptomoedas. Durante esse período, clientes de plataformas como a americana BlockFi utilizaram recursos emprestados para adquirir moedas digitais e, com os lucros obtidos, não só quitaram os empréstimos, mas também garantiram ganhos consideráveis.
No entanto, a subsequente queda do mercado, conhecida como o inverno cripto, resultou em um desabamento nos preços das criptomoedas, com as garantias apresentadas revelando-se insuficientes para cobrir os empréstimos e os prejuízos, levando ao colapso de investidores e de plataformas, incluindo a própria BlockFi.
Diante de tais riscos, o Mercado Bitcoin adotou uma abordagem mais cautelosa, limitando os empréstimos a 30% do valor em custódia dos clientes. Segundo André Gouvinhas, diretor financeiro da empresa, essa medida visa proteger os usuários mesmo diante das intensas oscilações do mercado de criptomoedas, como observado recentemente.
Na última semana, o Bitcoin teve uma variação de 22%, oscilando entre US$ 64.160 e US$ 49.782, conforme dados do CoinGecko. Com essa limitação, é improvável que os usuários enfrentem situações onde suas garantias sofram execuções.
Adicionalmente, caso o valor do empréstimo ultrapasse o limite de 30% estabelecido, o Mercado Bitcoin opta por negociar individualmente com os clientes antes de realizar a execução das garantias.
Gouvinhas destacou que a empresa pode tolerar até aproximadamente 35% de exposição antes de proceder com execuções. Ao contrário dos contratos inteligentes das finanças descentralizadas (Defi), as execuções não ocorrerão de forma automatizada.
Nas Defi, as garantias são geralmente liquidadas automaticamente a preços de mercado, que podem ser desvantajosos em momentos de stress no mercado.
Clientes poderão alavancar posições sem liquidar seus ativos
Em uma recente explicação, Gouvinhas destacou como o novo produto financeiro da empresa pode facilitar a vida dos investidores. Com ele, permite-se manter alocações estratégicas em ativos digitais — que geralmente apresentam uma rentabilidade superior aos investimentos tradicionais. Ao mesmo tempo, ainda se pode capitalizar sobre as oportunidades que surgirem.
Este produto, um crédito de utilização livre, pode ser aplicado na aquisição de criptoativos através da plataforma. Outra opção também seria convertê-lo em reais para outras necessidades que o cliente possa ter.
Por fim, Gouvinhas comentou sobre as vantagens significativas do empréstimo colateralizado em cripto, ressaltando que este mecanismo propicia maior eficiência e reduz custos operacionais. Além disso, o produtor permite que os investidores alavanquem suas posições sem a necessidade de liquidar seus ativos digitais.
Isso, segundo ele, abre portas para os clientes maximizarem seu potencial de investimento e aproveitem as oscilações de mercado a seu favor.