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Novo golpe com bitcoins usa a imagem de Jorge Paulo Lemann

Os contratempos que vêm sendo experimentados pelo bilionário Jorge Paulo Lemann, um dos maiores sócios das Americanas, onde se detectou um rombo financeiro de cerca de R$ 40 bilhões de reais, podem não ter reduzido a atração exercida por sua imagem. Disso parece ser evidência o uso que dela tem sido feito por golpistas.

Golpistas usam imagem de Lemann para aplicar golpe com bitcoin

O site Livecoins afirma que a imagem do bilionário, o brasileiro mais rico segundo a revista Forbes, está sendo usada, sem permissão dele, na internet para a promoção de um golpe, o Bitcoin Lucro, aplicado no Brasil e em outras partes do mundo. Isso deixa ressabiado quem ainda não conhece a segurança do bitcoin e mancha a imagem do setor cripto.

A fraude, que recebe também outros nomes, como Bitcoin Code, Bitcoin Revolution e Bitcoin Loophole, é promovida principalmente em grupos do aplicativo de mensagens WhatsApp, onde são postados links para sites que não estão indexados no Google e por isso têm pouco destaque nos resultados das buscas.

Esses sites apresentam depoimentos falsos de bilionários, como, por exemplo, Lemann ou o empresário Luciano Hang, o polêmico dono da Havan, apresentando “segredos” para o enriquecimento supostamente censurados pelos bancos, que não querem que as pessoas tomem conhecimento deles. Os textos garantem lucros rápidos e grandes com criptomoedas.

Problema das Americanas pode ter estimulado golpistas a usarem a imagem de Lemann

Embora a imagem de Lemann já tenha sido usada no passado por golpistas que operam na internet, os recentes problemas que ele e seus sócios Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles enfrentam com relação às Lojas Americanas, de cujas inconsistências contábeis afirmam não ter tido conhecimento até a questão ter se tornado pública recentemente, podem ter estimulado os golpistas a fazer uso do nome dele de novo.

No dia 22 de janeiro, domingo, os três sócios, que juntos possuem cerca de um terço das ações das Americanas, divulgaram uma carta aberta. No documento, que foi a primeira manifestação pública do trio sobre o escândalo na gigante do varejo, os empreendedores afirmaram que confiaram na equipe do setor financeiro da empresa e na PwC, que é uma das maiores e mais conhecidas firmas de auditoria e consultoria do mundo. Asseguraram também que sempre se comportaram de forma ética nos negócios e que também foram atingidos pelos prejuízos causados pela crise da varejista.

Os três empreendedores têm sido alvos de duras críticas, segundo as quais eles não têm assumido responsabilidade proporcional ao tamanho de seu papel na empresa. Um exemplo disso é a coluna recente de Josias de Souza, do UOL, que criticou a carta aberta de Lemann, Sicupira e Telles.

Americanas pediu recuperação judicial

Fundada em 1929, Americanas é a quinta maior rede varejista do país. Poucos dias após ter reconhecido haver inconsistências contábeis em seus balanços, a empresa entrou com um pedido de recuperação judicial, no qual revelou a existência de dívidas totalizando R$ 43 bilhões de reais.

À CNN Brasil, o advogado Marcelo Tapai, sócio da Tapai Advogados, especializado em Direito Imobiliário que acompanhou os pedidos de recuperação judicial de empresas atuantes no mercado imobiliário, afirmou que a legislação atual concede muitas vantagens às empresas devedoras, que frequentemente dão calote, obtêm grandes descontos de suas dívidas e continuam operando.

O processo de recuperação judicial da gigante varejista será, se for aceito pela Justiça, o quarto maior do tipo na história brasileira, superado apenas pelos de Odebrecht, Oi e Samarco. A recuperação judicial é um instrumento legal cujo fim é dar a uma empresa que se encontra em crise as proteções necessárias para que ela evite seu fechamento e se reabilite.

A questão de como Americanas chegou à atual situação – e, consequentemente, a quem pertence a responsabilidade – encontra-se sob investigação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), onde já há pelo menos oito processos abertos sobre o assunto.

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