Tokes de inteligência artificial ganham força com febre do ChatGPT

Como talvez fosse inevitável, a febre do ChatGPT levou a uma forte valorização de criptoativos ligados à inteligência artificial. Para quem ainda não está por dentro do novo “hype” do momento, ChatGPT é um chatbot criado pela startup OpenAI que vem se provando capaz de produzir textos bem escritos com base nas orientações ou perguntas dos usuários. Um exemplo disso é o desempenho do AGIX, token nativo da plataforma descentralizada de inteligência artificial SingularityNET, cuja cotação subiu mais de 120% na semana passada. 

Há quem acredite que a tendência de valorização de tokens ligados a IA seja passageira

Há, porém, boa dose de ceticismo entre os analistas quanto às chances de que esse fenômeno seja duradouro. Segundo o site de notícias e análises de economia e negócios Bloomberg, Wilfred Daye, que foi CEO da empresa de administração de ativos digitais Securitize Capital, acredita que a valorização dos ativos ligados à inteligência artificial é algo sem base nos fundamentos deles e durará enquanto persistir o entusiasmo despertado pelas façanhas do chatbot da OpenAI.

Entre os exemplos de fenômenos similares à recente alta dos ativos ligados à inteligência artificial, analistas apontam a explosão de ICOs (Oferta Inicial de Moeda, em inglês) no começo da década passada e a bolha da internet, que estourou no começo deste século. Como comenta o estrategista-chefe de mercado da corretora financeira JonesTrading, Michael O’Rourke, acrescentar “.com” ao nome de uma empresa era uma forma fácil de fazer com que ela se valorizasse.

Um exemplo ainda mais recente das idas e vindas do mercado é o “boom” experimentado pelo setor cripto durante a pandemia, quando os preços de ativos valorizaram-se bastante e empresas como corretoras expandiram suas equipes rapidamente e, recentemente, passaram a fazer pesados cortes de pessoal como forma de realinhar seus gastos com as possibilidades de ganhos de um mercado em situação menos favorável. 

O que alguns especialistas pensam sobre o tema?

O’Rourke lembra que o mercado de criptomoedas foi duramente atingido pela queda de um de seus atores mais importantes, a corretora FTX, cujo ex-CEO, o icônico Sam Bankman-Fried, ou SBF, é acusado de fraude. Troy Gayeski, que ocupa o posto de estrategista-chefe da gestora de ativos FS Investments diz que, embora a tecnologia de blockchain ofereça aplicações genuínas, a valorização dos ativos baseados nela – e os rendimentos que podem ser extraídos deles – ainda têm uma natureza cíclica.

Já Noelle Acheson, que foi diretora de pesquisa de empresas como CoinDesk and Genesis Trading e agora escreve um boletim informativo sobre criptoativos, disse ao site da Forbes que a área de inteligência artificial ainda está se desenvolvendo e que é preciso testar mais extensivamente as aplicações dela antes de chegar a um veredicto quanto à utilidade de tokens ligados a elas. Ao ver dela, já estamos em um ponto do caminho em que o potencial de desenvolvimento no curto prazo foi ultrapassado pelo entusiasmo.

No entanto, afirmou a analista, a recente valorização rápida de tokens de iniciativas de inteligência artificial tem um lado positivo, para ela este é um sinal de melhora na disposição dos investidores, que, apesar de terem acabado de atravessar um difícil ano de 2022, marcado por um mercado em baixa para criptomoedas, estão em busca de novos investimentos entre esses ativos que possam gerar bons rendimentos.

Scott Stein, diretor de tecnologia da Microsoft, afirmou que 2022 foi o ano mais empolgante para a inteligência artificial, mas 2023 será mais ainda. O otimismo do executivo é digno de nota, entre outros motivos, porque a empresa fundada por Paul Allen e Bill Gates, é um dos grandes acionistas da OpenAI, criadora do ChatGPT e outros modelos de AI como DALL-E 2e GPT-3, startup na qual investiu cerca de US$ 10 bilhões de dólares.

Expectativa é que o ChatGPT continue evoluindo

Especula-se que, nos próximos meses, um novo modelo, o GPT-4, mais avançado que GPT-3,5, que faz funcionar o ChatGPT, será apresentado. Este novo modelo teria arquitetura mais complexa, o que justificaria a observação de Stein de que a escalabilidade dos modelos de inteligência artificial poderá levar a melhores desempenhos. Além do mais, esse novo modelo teria sido treinado com ainda mais dados do que seus predecessores, de modo a reagir às orientações dos usuários ainda mais adequadamente.

Além do surgimento de novas e mais avançadas tecnologias de inteligência artificial, espera-se que elas sejam crescentemente agregadas aos produtos e serviços da Microsoft. Um exemplo das novidades que poderão aparecer nos próximos meses e anos foi o anúncio pela empresa que a versão premium do Teams, seu aplicativo para videoconferências, recebeu o acréscimo de técnicas de machine learning desenvolvidas pela OpenAI. 

Esse acréscimo atua disponibilizando aos usuários recursos como traduções para legendas em até 40 línguas diferentes e recapitulações das reuniões geradas automaticamente. Novos aperfeiçoamentos do aplicativo devem ser feitos ao longo de 2023.

A disponibilização de uma versão do buscador Bing com recursos do ChatGPT embutidos foi outra novidade apresentada neste ano pela Microsoft, que, aliás, não corre sozinha, embora lidere, por enquanto, o pelotão.

A Alphabet Inc., conglomerado de empresas que inclui o Google, apresentou recentemente o Bard, seu próprio chatbot. Em uma postagem no blog do Google, o CEO da empresa (e da Alphabet), Sundar Pichai, afirmou que a inteligência artificial é a tecnologia mais profunda em que a empresa está trabalhando. Como exemplos de suas aplicações, mencionou ajudar médicos no diagnóstico de doenças e assistir usuários na busca de informações em suas próprias línguas.

Na ocasião, o executivo estava anunciando Bard e dizendo que ele estaria disponível para alguns usuários de teste antes de suas apresentação para o público em geral. Interessantemente, a estreia da ferramenta acabou marcada pela controvérsia: um erro cometido pelo chatbot em um vídeo promocional divulgado pelo Google levou a uma queda de quase 10% na cotação das ações da Alphabet Inc. 

Isso ocorreu ao responder uma pergunta sobre o Telescópio Espacial James Webb, quando o chatbot disse que ele tirou as primeiras fotografias de um planeta de fora do nosso sistema solar. Na verdade, os primeiros exoplanetas foram fotografados pelo Very Large Telescope ou VLT (algo como Telescópio Muito Grande), um conjunto de telescópios ópticos instalados no Chile.

Gil Luria, analista de software na gestora de ativos D.A. Davidson, disse à agência de notícias Reuters, que o Google liderou nos últimos anos o campo da inteligência artificial, mas, mais recentemente, parece ter cochilado e estar reagindo às pressas para alcançar a Microsoft.

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