‘Ladrões de identidade’ roubam fundos da carteira de bitcoin de El Salvador

Tim Alper
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A mídia em El Salvador relatou que alguns cidadãos estão recorrendo ao “roubo de identidade” em uma tentativa de obter US$ 30 em Bitcoin (BTC) por meio da carteira e do aplicativo do governo Chivo.

O governo tentou incentivar os downloads oferecendo aos cidadãos os fundos como um presente de boas-vindas, após o lançamento do Chivo no mês passado. Mas alguns indivíduos sem escrúpulos supostamente roubaram a identidade de terceiros para registrar o aplicativo em nomes de outras pessoas, usando documentos de identidade roubados para concluir o processo – permitindo-lhes acumular grandes quantidades de BTC.

O site do jornal El Diario de Hoy informou que uma quantidade “massiva” de quem baixou o aplicativo pela primeira vez nos últimos dias ficou chocada ao descobrir que seus documentos de identidade já haviam sido usados ​​para registrar contas no Chivo.

O meio de comunicação, que se opõe veementemente ao governo do presidente de El Salvador Nayib Bukele e de seu Partido Nuevas Ideas, afirmou que a resposta do governo às preocupações foi “silêncio”.

O jornal admitiu que “até agora” o número exato de pessoas cuja identidade foi roubada “por meio do Chivo não é conhecido”. Nem se sabe, escreveu o meio de comunicação incisivamente, “quanto os roubos” custaram ao governo, que “pagou por eles usando fundos públicos [fiat] em dólares americanos”.

Outra crítica veemente ao governo e suas políticas de adoção do BTC, a economista de El Salvador Tatiana Marroquín recorreu ao Twitter para afirmar que “devido ao grande número de reclamações [de roubo de identidade]” feitas à Chivo, ela decidiu verificar se os próprios dados pessoais dela foram registrados “sem autorização”.

“Não baixei o aplicativo no meu celular, nem registrei meus [documentos de identidade] de forma alguma; mas [minha conta] já parece estar ativa”, escreveu ela.

Marroquín acrescentou:

“Como posso ter a menor certeza de que os [fundos] nessa carteira estão seguros se alguém pode [roubar] meus dados? Como nos protegemos das consequências de outra pessoa usar nossos [documentos de identidade] para lidar com dinheiro e até mesmo receber [fundos] do governo?”

Enquanto isso, o co-fundador da Ethereum (ETH), Vitalik Buterin atacou os,“bitcoin maximalistas”, que ele alegou que deveriam sentir “vergonha” por “elogiar acriticamente” Bukele.

Buterin recorreu ao Reddit para escrever, no subtítulo r/cryptocurrency:

“Tornar obrigatório para as empresas aceitar uma criptomoeda específica é contrário aos ideais de liberdade que supostamente são tão importantes para o espaço criptográfico. Além disso, essa tática de levar o BTC a milhões de pessoas em El Salvador ao mesmo tempo, sem quase nenhuma tentativa de educação prévia, é imprudente e corre o risco de um grande número de pessoas inocentes serem hackeadas ou enganadas.”

E ele terminou com uma farpa dirigida aos muitos apoiadores de Bukele na comunidade criptográfica internacional, escrevendo: 

“Vergonha para todos (OK, tudo bem, vou chamar as principais pessoas responsáveis: Vergonha para os maximalistas de Bitcoin) que estão elogiando [Bukele] sem crítica.”

O cofundador da Ethereum estava escrevendo em resposta a uma postagem que questionava o apoio da comunidade criptográfica a Bukele, observando alguns dos aspectos mais controversos do governo do líder salvadorenho. O pôster original afirmava que se Bukele se tornasse um “ditador” em tudo, mas o nome disso “definitivamente traria um nome ruim para a criptografia e sua comunidade”.