Relatório do FBI aponta que maiores vítimas de fraude são os detentores de criptomoedas

Killian A.

13 de maio de 2024 17:48 BRT | 4 min read

O FBI chamou a atenção ao divulgar um relatório sobre valores perdidos após fraudes ou golpes. Os dados surgiram após uma série de reclamações de investidores dos Estados Unidos sobre atos de golpistas contra investidores. No relatório, as criptomoedas aparecem como o principal alvo dos golpes.

Grande parte das reclamações encontradas estavam ligadas aos termos “criptomoedas” e “carteiras de criptomoedas”. Com base nas reclamações do primeiro termo, estima-se, por exemplo, que foram registradas perdas equivalentes a US$ 3,8 milhões. De forma similar, já com relação ao segundo, os valores estão na casa dos US$ 17 milhões.

As fraudes envolvendo criptomoedas são maiores que outros tipos de crimes

As perdas por fraudes, roubos ou furtos de criptomoedas já têm mais ocorrências que qualquer outro tipo de crime. Isso foi apontado pelo Federal Bureau of Investigation, o FBI. O relatório também aponta que houve um aumento considerável nas ocorrências no período do ano retrasado para o ano passado.

Além disso, as perdas reportadas foram de cerca de US$ 3,31 bilhões em 2022 e, um ano depois, em 2023, os valores subtraídos dos investidores foram de US$ 4,57 bilhões. Esses valores correspondem a um aumento de cerca de 38%, por exemplo. O principal argumento usado pelos golpistas para atrair os investidores é a promessa de bons rendimentos em investimentos de alto risco. Nesse sentido, os golpistas prometem que os valores de retorno serão absurdamente maiores que aqueles praticados no mercado.

Uma parte do aumento de fraudes se deu por conta da elevação na procura pelos ativos do mercado digital. O ano de 2022, por exemplo, foi marcado pela pior fase do chamado inverno cripto. Grande parte das criptomoedas estava em baixa, comprometendo assim chegada de novos investidores. Por fim, a guerra travada entre Ucrânia e Rússia e também fatores sanitários relacionados à pandemia de Covid foram extremamente prejudiciais para os investimentos.

Já 2023 foi marcado pelo retorno dos investidores ao mercado, e houve um aumento no preço geral das criptomoedas como o Bitcoin e Ethereum. Nesse sentido, novas moedas também chegaram ao mercado, e com maior procura por criptomoedas, houve também mais casos de roubos, golpes e ações de hackers.

Número recorde de reclamações registrados pelos investidores americanos, diz FBI

O FBI também apontou um número recorde de ocorrências registradas em 2023, cerca de 880.418 denúncias no total. O relatório aponta que o prejuízo total dos investidores superou os US$ 12 milhões. O volume de ocorrências registradas sofreu um aumento de mais de 10% se comparado ao ano anterior. Já com relação às perdas, os valores reportados também foram maiores, com um índice de quase 22% de diferença.

Mas o aumento de registro de ocorrências não se deu apenas no período de 2022 para 2023. De 2019 para 2020 houve um salto no número de comunicações. No primeiro ano, foram denunciados 467.361 crimes envolvendo criptomoedas e , em 2020, esse quantitativo saltou para 791.790. Os valores também tiveram um incremento considerável nesses anos, passando de US$ 3,5 bilhões para US$ 4,2 bilhões.

Os meios usados para a prática dos crimes também variam

Com o aumento das tecnologias, novos tipos de golpes e retiradas acabam surgindo. As ações envolvendo phishing, por exemplo, seguem sendo as mais denunciadas. Ainda assim, a falsa promessa de rendimentos é amplamente presente para enganar os investidores. Esse tipo de golpe de investimentos costuma aparecer por meio das redes sociais.

Além disso, os golpes por meio de invasão de e-mail comercial também aumentaram. Em 2023, por exemplo, houve 21.489 com golpes por e-mail, totalizando uma perda relatada de US$ 2,9 bilhões, e furtos envolvendo o suporte técnico também foram bastante recorrentes, sendo o terceiro tipo mais registrado.

Nesse sentido, veja quais são os 10 principais tipos de crimes reportados:

A idade das vítimas também chamou a atenção dos investigadores. Por exemplo, vítimas que têm entre 30 e 49 anos relataram a maior parte dos casos de golpes por investimentos. Já os idosos foram alvo de grande parte dos casos de fraudes envolvendo suporte técnico.

A regulamentação do mercado pode evitar o aumento do número de golpes e fraudes

As autoridades americanas alertam os investidores sobre cuidados na hora de investir. A orientação é procurar empresas registradas como “Empresas de Serviços Monetários” e que operem de acordo com a legislação federal, evitando, por exemplo, casos também de lavagem de dinheiro. Mesmo com algumas regras já estabelecidas, há uma crescente pressão para maior regulação no setor, aumentando a segurança para os investidores.

Fora dos Estados Unidos, as legislações estão sendo criadas de modo bastante lento. No Brasil, por exemplo, governo elaborou um projeto de lei para regulamentar a circulação de criptomoedas. A medida foi aprovada pelo Congresso Nacional em 2022, mas, no entanto, após a nova eleição presidencial, a Lei começou a ser revista pelo atual governo. Até então, não foram divulgadas quais alterações devem ser feitas e nem os impactos para circulação de ativos digitais para o Brasil.

Por fim, na falta de legislação adequada, alguns cuidados podem ser tomados por conta própria. Nunca confie em anúncios que prometem rendimentos acima da média de mercado. Procure investir em corretoras sérias e com boa reputação de mercado. Cuide de suas senhas e opte por carteiras seguras para armazenar suas criptomoedas. Além disso, faça pesquisas de mercado para saber quais são os tipos de investimentos mais confiáveis e seguros.

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