Banco Central abre concurso público para projetos de Drex e Pix

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O Banco Central (BC) anunciou um novo concurso público para preencher vagas com salários superiores a R$ 20 mil. Os 100 melhores colocados serão chamados imediatamente.

Dessas 100 vagas imediatas, 50 são destinadas à área de economia e finanças. Também há 50 vagas dedicadas à tecnologia da informação.

Segundo informações do órgãos, muitos dos novos funcionários trabalharão em projetos que incluem o Drex, Pix e Open Finance. Todos eles fazem parte da Agenda BC# do BC.

Como funciona o concurso do Banco Central


Você pode consultar o edital de abertura do concurso no site do Banco Central. O processo diz respeito a vagas para o nível de analista.

As inscrições para o concurso iniciaram no dia 22 de janeiro e vão até 20 de fevereiro. Para que você possa se candidatar e participar das provas, deverá pagar uma taxa de inscrição de R$ 150. Os exames ocorrerão no dia 19 de maio em todas as capitais brasileiras. Haverá quatro provas diferentes no concurso.

A primeira prova abordará conhecimentos básicos de língua portuguesa, direito administrativo, fundamentos de micro e macroeconomia e noções de lógica e estatística. Também haverá uma prova objetiva sobre conhecimentos específicos da área escolhida pelo candidato — Economia e Finanças ou Tecnologia da Informação. Por fim, será preciso fazer duas provas discursivas.

Salário de quase R$ 21 mil por mês


A instituição oferece um salário de R$ 20.924,80. Por outro lado, a carga horária é de 40 horas semanais. O Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe) será responsável pela promoção do concurso.

As vagas exigem diploma de conclusão de nível superior reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC). Portanto, não há restrição quanto à área de formação do candidato. Também há uma sindicância da vida pregressa dos aprovados e avaliação dos títulos.

No total, a instituição aprovará 300 candidatos, sendo 150 para cada carreira. No entanto, apenas 100 são de imediato. O concurso tem 60 vagas para pessoas autodeclaradas negras e 16 para pessoas com deficiência — respectivamente 20 e 6 aprovados assumirão imediatamente.

A segunda etapa do concurso é um programa de capacitação para os candidatos aprovados. Ele tem caráter eliminatório e classificatório.

Projetos digitais elevam demanda por analistas no BC


O novo concurso público é essencial para os projetos do Banco Central na área de desenvolvimento. Seu foco está, especificamente, em projetos como os do Pix e do Drex, o real digital.

A instituição investe cada vez mais em soluções digitais para diferentes áreas da economia brasileira. No entanto, nos últimos anos, o quadro de funcionários não acompanhou esse ritmo de novos projetos. Por isso, o concurso deste ano é visto como peça fundamental para a agenda do BC.

Enquanto não ocorre a incorporação dos novos analistas, alguns projetos correm o risco de desacelerar a até ficarem parados. Entre eles, estão:

  • Pix internacional, com o objetivo de integrar o sistema a sistemas de transações digitais existentes em outros países
  • Pix parcelado, atualmente em fase de testes, que deve permitir a divisão do valor das compras dos usuários
  • Pix offline, que permitirá a realização de operações sem uma conexão ativa à internet

Todas essas ideias podem ir parar na geladeira em 2024. No entanto, o BC deve lançar ainda este ano o Pix automatizado. A informação surgiu em outubro de 2023, durante a realização do Fórum Pix, um evento específico do mercado de sistemas de pagamentos.

Drex deve ficar para 2025


O calendário do Drex também está ameaçado. Também conhecido como real digital, trata-se de uma CBDC, sigla em inglês para uma moeda digital emitida por banco central. Confira uma entrevista com Fabio Araujo, coordenador do projeto do Drex:

Até o fim do ano passado havia a expectativa de que o Drex fosse lançado já em 2024. No entanto, são cada vez maiores as chances de que o projeto saia do papel apenas em 2025.

Enquanto não há definição da data de lançamento, o Banco Central segue realizando testes do real digital com a participação de empresas do setor privado. Aliás, eles deveriam terminar em fevereiro, inicialmente. Mas esse prazo passou para maio recentemente.

“Drexit”: BC também perde funcionários para o setor privado


O Drex é uma das estrelas do Banco Central no momento. Afinal, aproxima a tradicional instituição do universo da blockchain e das criptomoedas. No entanto, essa guinada tecnológica também tem um efeito colateral importante: muitos profissionais envolvidos no projeto acabam deixando o BC para trabalhar na iniciativa privada.

O fenômeno recebeu o apelido de “Drexit” em referência ao Brexit — a saída do Reino Unido da União Europeia.

O assédio é grande porque esses são profissionais de nível elevado e que trabalham com uma tecnologia de ponta. Além disso, mesmo que já tenham bons salários no BC, eles recebem propostas ainda maiores e decidem deixar a carreira pública.

Por isso, até mesmo a realização de novos concursos é criticada internamente. Afinal, parte do quadro defende a implementação de um bônus de produtividade para elevar os vencimentos dos funcionários do BC.

Os defensores dessa proposta não veem a chegada de novos funcionários como uma solução. Isso porque ela contraria a ideia de premiar ganhos de produtividade com o quadro que já está atuando no banco.

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