Fan tokens enfrentam má fase no futebol brasileiro em 2023

Os fan tokens tem sido cada vez mais adotados pelos clubes brasileiros, e isso ficou claro na edição deste ano da Série A. Das 20 equipes participantes, 13 haviam lançado ativos desse tipo até o início do segundo turno.

No entanto, a tendência não começou este ano. Como diversos outros produtos do gênero, os fan tokens viraram tendência no Brasil em 2021. Afinal, foi nesse ano que o Bitcoin atingiu o valor recorde de US$68 mil.

Desde então, o BTC entrou em um longo bear market — e muitos ativos tokenizados seguiram o mesmo caminho. Apesar disso, os fan tokens seguiram no radar dos times locais. Pouco a pouco, quase todos os principais clubes nacionais passaram a ter um token para chamar de seu.

Quais são os fan tokens do Brasileirão Série A?

O primeiro clube da série A do Brasileirão a lançar um fan token foi o Atlético Mineiro, em agosto de 2021. Desde então, quase todos os “grandes” do futebol nacional aderiram ao mundo dos ativos digitais:

Clube	Ticker	Organizador	Lançamento
Atlético Mineiro	$GALO	Socios.com	Agosto de 2021
Bahia	$BAHIA	Socios.com	Outubro de 2022
Corinthians	$SCCP	Socios.com	Setembro de 2021
Coritiba	$CRTB	Bitci	Julho de 2022
Cruzeiro	$CRZ	Lunes	Outubro de 2022
Flamengo	$MENGO	Socios.com	Outubro de 2021
Fluminense	$FLU	Socios.com	Setembro de 2022
Grêmio	$IMORTAL	Win the Game	Maio de 2023
Internacional	$SACI	Socios.com	Fevereiro de 2022
Palmeiras	$VERDAO	Socios.com	Abril de 2023
Santos	$SANTOS	Binance	Dezembro de 2021
São Paulo	$SPFC	Socios.com	Novembro de 2021
Vasco da Gama	$VASCO	Socios.com	Novembro de 2022

O último time a adotar um fan token foi o Grêmio, em maio deste ano — ou seja, já com o campeonato em andamento.

A equipe gaúcha optou por deixar a organização do projeto nas mãos da empresa Win The Game, join venture que conta com a participação do BTG Pactual.

A maioria das outras equipes optou pelo convencional, fechando com a Socios.com. Uma das vantagens, neste caso, é a visibilidade da plataforma, que reúne tokens de clubes como o Barcelona, o Manchester City e o Milan.

Já o Botafogo chegou a ter um acordo encaminhado com a Bitci, mas o negócio acabou não avançando. No momento, não há previsão de lançamento de um ativo da Estrela Solitária.

Afinal, o que são os fan tokens?

Um fan token é um ativo digital vinculado a uma equipe esportiva. Geralmente, são emitidos em plataformas específicas e oferecem vantagens aos detentores.

Esses tokens funcionam com base na tecnologia blockchain, o que os torna seguros e transparentes. Ou seja, têm parentesco com as criptomoedas.

Os fãs podem adquirir esses ativos usando dinheiro “normal” ou criptomoedas em plataformas autorizadas. Então, podem armazená-los em carteiras digitais.

Os detentores de fan tokens podem desfrutar de uma série de benefícios, estabelecidos por cada clube. Isso pode incluir experiências e promoções especiais. Alguns exemplos frequentes incluem:

• Ingressos VIP
• Produtos autografados
• Participação em enquetes oficiais
• Outros produtos e interações com o clube

Além disso, os fan tokens podem ser negociados em exchanges de criptoativos, permitindo que os torcedores comprem, vendam ou troquem seus tokens. Isso acaba criando um mercado secundário para esses ativos digitais.

Desempenho tem decepcionado

Em geral, os fan tokens dos clubes brasileiros se desvalorizaram desde os primeiros lançamentos em 2021. Quando olhamos para o histórico dos ativos das principais equipes, o padrão é bem semelhante.

Um exemplo que ilustra bem esse comportamento é o do $MENGO. O fan token do Flamengo valia US$2 em sua oferta primária, em outubro de 2021. No entanto, teve uma queda consistente nos 6 meses seguintes e chegou a valer US$0,21 (quase 10x).

No segundo semestre de 2022, o ativo esboçou uma recuperação, chegando a ultrapassar novamente a barreira dos US$2. No entanto, entrou em 2023 valendo apenas US$0,59. Desde então, tem tido uma oscilação relativamente estável, entre US$0,40 e US$0,60.

Os tokens de outros clubes brasileiros apresentaram gráficos bem parecidos nesse período. Foi é o caso do Santos, listado na Binance:

O pico no segundo semestre de 2022 se deu em meio a um movimento de especulação em ativos de futebol devido à Copa do Mundo. Na ocasião, muitos investidores passaram a adquirir fan tokens de seleções — e também de clubes no Brasil e em outros países.

No entanto, passado esse choque, os preços voltaram a se acomodar em um nível próximo ao anterior. Dependendo do caso, o ativo passou a ser precificado um pouco acima ou um pouco abaixo do valor exibido antes.

O impacto dos resultados dentro de campo

Hoje, vemos uma certa monotonia nos preços de fan tokens. Conforme os atores, variaram entre a estabilidade e uma tendência de queda leve e contínua ao longo de 2023.

No entanto, essa situação é útil para avaliar o impacto que os resultados das equipes têm tido sobre seus ativos.

Isso fica claro no caso do $SPFC, o fan token do São Paulo. O seu valor teve uma alta expressiva entre agosto e setembro deste ano, à medida que o clube avançava na Copa do Brasil — cujo título acabou conquistando.

Esse também é o caso do Fluminense, que avançou até a final da Libertadores deste ano. Nos últimos meses, o $FLU chegou a quintuplicar seu preço. Ou seja, enquanto o time vencia em campo, o token correspondia.

Por que os fan tokens se desvalorizaram?

Apesar de oscilações positivas em alguns momentos, os fan tokens não parecem mais capazes de sustentar uma alta consistente no preço. Por que isso acontece?

Algumas explicações para isso são mais populares entre os analistas. Confira a seguir uma lista de hipóteses:

• Falta de reconhecimento: Muitos investidores não estão familiarizados com os fan tokens. Portanto, podem não vê-los como um investimento sólido.
• Maturidade do mercado: O mercado de fan tokens é relativamente novo e ainda está amadurecendo. Por isso, ainda pode levar tempo para ganhar aceitação e reconhecimento generalizado.
• Competição: Existem muitas criptomoedas alternativas e projetos de tokenização competindo por atenção e investimentos.
• Limitação de uso: Alguns fan tokens podem ter uma utilidade limitada fora do ecossistema específico da marca, o que restringe seu potencial de crescimento.
• Pouca utilidade prática: Os benefícios associados aos fan tokens, como acesso a conteúdo exclusivo, podem não ser considerados valiosos o suficiente para atrair investidores.

Os dois últimos itens têm estado no radar dos clubes. Afinal, eles podem atrair mais investidores ao expandir a aplicação de seus fan tokens.