Bitcoin a US$ 1 milhão até 2026? Saiba de onde vem essa previsão

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Bitcoin

Já pensou se o Bitcoin disparasse nos próximos anos e chegasse a um valor entre US$ 750 mil e US$ 1 milhão em 2026? Isso parece irreal se olharmos para os últimos seis meses. Neste período, o BTC oscilou a maior parte do tempo entre US$ 25 mil e US$ 30 mil. No entanto, há quem veja condições para tal.

Dando nome ao boi (ou ao bull?), a previsão pertence a Arthur Hayes, fundador da BitMex. A declaração foi feita durante sua entrevista ao podcast Impact Theory com Tom Bilyeu.

Afinal, de onde vem essa expectativa?

Efeito da política econômica norte-americana


Hayes tem toda uma teoria por trás disso e fez questão de explicá-la ao longo de sua participação no programa.

Em resumo, segundo o empresário americano, a valorização do BTC viria na esteira de uma alta generalizada dos preços de ações, imóveis e outros ativos. Portanto, isso incluiria também criptomoedas como o Bitcoin.

O topo desse movimento ocorreria em algum momento de 2026.

O principal responsável por esse fenômeno, segundo Hayes, seria o governo dos Estados Unidos. Isso graças à uma intervenção contínua na economia por meio de resgates monetários. Ao mesmo tempo, o FED teria entrado em um ciclo de impressão de dinheiro.

Então, quando prevê um aumento exponencial do BTC, ele está apenas apontando para um preço (entre outros) que seria afetado por políticas de caráter expansionista.

E isso poderia ter resultados pouco agradáveis mais para a frente.

Jerome Powell
Jerome Powell, presidente do FED (source: Federal Reserve)

“O governo não pode salvar tudo”


O problema, segundo Hayes, é que esse processo seria claramente inflacionário. Ou seja, nada sustentável para a economia norte-americana (o que também poderia afetar, claro, outros países).

Para o empresário, a ânsia do governo em intervir nas crises econômicas seria uma das razões para os problemas estruturais dos EUA.

Além de provocar inflação, a ação sobre a economia estaria distorcendo o que ele vê como ciclos naturais de crescimento. Então, acabaria impedindo a correção do mercado, com consequências claramente negativas.

Quais consequências seriam essas? Para Hayes, o aumento da dívida pública e um possível descontrole inflacionário devem levar a uma crise grave.

“…haverá uma grande crise financeira, possivelmente tão ruim ou pior do que a grande depressão, em algum momento próximo ao final da década.”

Ou seja, a alta prevista do Bitcoin poderia beneficiar muitos investidores, mas o final da história estaria repleto de perigos para todos.

Os fundamentos da crise anunciada


Para quem deseja lucrar com o BTC e outras criptomoedas, 2026 pode parecer longe o suficiente. Afinal, seriam pelo menos 2 anos surfando em um mercado em alta.

Aliás, por que 2026? Segundo Hayes, dois fatores podem contribuir para que esse ano específico traga más notícias.

Um deles é o vencimento de boa parte da dívida norte-americana até 2024. Esse valor será provavelmente rolado até 2026 e pode gerar uma pressão ainda maior sobre as taxas de juros.

Além disso, há uma nova inversão da curva de rendimento de títulos dos EUA sinalizada para 2026. Esse movimento poderia levar a uma dificuldade de financiamento do déficit norte-americano.

Ambos os aspectos já foram abordados por outros analistas — muitas vezes, com um tom de preocupação próximo ao do fundador da BitMex.

O economista-chefe da Apollo, Torsten Sløk, mencionou recentemente que 31% da dívida do governo norte-americano vence nos próximos 12 meses.

No entanto, em julho deste ano, o colunista da Bloomberg John Authers já havia tratado essa expectativa como uma “recessão Godot”. Esse título irônico remete à famosa peça de teatro Esperando Godot, de Samuel Beckett. Com a referência, Authers ironizava os agentes que aguardavam uma crise programada para ocorrer a qualquer momento.

Como o Bitcoin reagiria


Ao mesmo tempo em que buscou antecipar a data da possível crise, Hayes também explicou como o preço do BTC irá crescer até lá.

Segundo ele, o Bitcoin atingirá um nível estimado entre US$ 750.000 e US$ 1 milhão até o fim de 2026.

“Oscilaremos entre US$ 25.000 e US$ 30.000 este ano, conforme chegarmos a uma situação de distúrbio financeiro e as pessoas perceberem que as taxas de juros reais estão negativas. Se a economia estiver crescendo a uma taxa nominal de 10%, mas o meu retorno for de apenas 5% ou 6% de juros, mesmo que esse seja um valor alto nominalmente, as pessoas começarão a comprar outras coisas, e as criptomoedas serão uma das opções.”

Portanto, a expectativa de Hayes é que os agentes passem a buscar alternativas melhores para se proteger da inflação. Isso tudo, claro, desde que o governo não consiga manter os juros em um nível elevado o suficiente para continuar atraindo esse dinheiro.

A visão do empresário também poderia levar em conta uma pressão parecida que poderia ocorrer em outros países. Afinal, não são apenas os EUA que têm buscado manter a economia aquecida ao mesmo tempo em que controlam a inflação via política monetária.

Outros fatores podem dar um “empurrãozinho”


Além de todos esses fatores estruturais que podem elevar o preço do BTC, Hayes cita dois elementos que podem disparar o processo até 2024.

Um deles é a possível aprovação de um ETF de Bitcoin à vista em três mercados:

  • EUA
  • Europa
  • Hong Kong

O outro elemento é o halving do Bitcoin esperado para abril de 2024.

Segundo Hayes, a combinação dos dois eventos teria potencial para elevar o preço do BTC até um patamar histórico — por exemplo, US$ 70.000 até a metade do ano.

Esse seria um valor recorde e, mais importante, poderia disparar um movimento bullish. Com isso, haveria potencial para o preço subir até US$1 milhão ao longo dos dois anos seguintes.

E depois?

Bom, como costuma ocorrer após um pico — e um choque mais forte — o Bitcoin poderia perder entre 70% e 90% do seu valor rapidamente.

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