Movimentos populares impulsionam crescimento de criptomoedas na América Latina

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A adoção das criptomoedas cresce na América Latina enquanto as pessoas recorrem a esses ativos digitais para compensar os impactos locais da inflação e da desvalorização de moedas de cada país.

Diante disso, a América Latina já ocupa a sétima posição no ranking de regiões que utilizam criptomoedas. A região responde pelo equivalente a 7,3% dos valores recebidos globalmente em cripto, entre julho de 2022 e junho de 2023.

O Brasil, por sua vez, acompanha este movimento. O país registrou crescimento nessa área nos últimos seis meses, sendo março e junho os meses de maior destaque. Isso sinaliza um aquecimento do mercado no país – que, no ano passado, viu, de maneira geral, uma queda do investimento institucional no setor.

Os dados são de recente estudo da Chainalysis, que aponta, nos últimos meses, um aumento dos valores recebidos por meio de operações com criptomoedas na América Latina, conforme mostra o gráfico a seguir:

O estudo revela que o investimento institucional na região permanece baixo, se comparado a Ásia, Europa e Estados Unidos, por exemplo. Entretanto, a América Latina impulsiona sua atuação nessa área a partir de operações individuais no setor de criptomoedas – revelando, assim, outra característica desse setor na região: a alta aceitação de grassroots.

Nesse caso, Brasil, Argentina e México estão entre os 20 países que lideram esse ranking globalmente. O que se observa, nessas economias, é o crescente uso de criptomoedas para remessas e pagamentos globais como uma forma de proteção contra a inflação.

“Participantes dessa indústria provavelmente acompanharão com interesse se essa participação continua a crescer na América Latina nos próximos anos, onde há grandes mercados de emissão”

Expectativas para o Brasil


Estudos anteriores da Chainalysis destacavam o desenvolvimento institucional do mercado cripto no país, o que alinhava mais o país com o setor na América do Norte e a Europa. Esse contexto mudou, com o declínio de operações institucionais.

Mas o cenário ainda é otimista, considerando o desempenho das operações de middle class of high-value crypto traders e, também, de retail investors. Se essas operações se mantiverem, usuários institucionais podem retornar e até superar o nível de atividades anteriores.

Centralized exchange atrai usuários


 Além do crescente uso de criptomoedas na América Latina, outro fator destacado pelo estudo é a preferência por centralized exchange (CEX), refletindo uma preocupação com segurança.

“A América Latina apresenta a maior preferência por centralized exchanges em qual região avaliada no estudo, se distanciando ligeiramente das atividades institucionais quando essas movimentações são comparadas com outras áreas pesquisadas”.

Na Venezuela, CEXs equivalem a 92,5% das operações, enquanto decentralized exchanges (DEX) respondem por apenas 5,6% – dessa forma, posicionando o país bem longe da taxa global de DEX, que é de 44%.

Similarmente, a Colômbia também segue esse tipo de comportamento. No país, as pessoas realizam transações em criptomoedas via centralized exchanges em 74% das vezes, enquanto apenas 21% das operações acontecem por meio de EXs.

Números animadores na Argentina e na Venezuela


O estudo destaca, ainda, as promissoras perspectivas da Argentina e da Venezuela para o setor. A Argentina recebeu o maior número de criptos ao longo do ano passado (em comparação com qualquer outro país da região), totalizando US$ 85 milhões. Vale observar, no entanto, que investimento institucional e projetos DeFI permanecem em baixa.

Esse é tema que está atrelado às campanhas presidenciais da Argentina neste ano, devido aos problemas econômicos enfrentados nacionalmente. A inflação no país já atingiu três dígitos. Em decorrência disso, alguns candidatos à presidência apresentam planos para usar ativos digitais como uma forma de “reavivar” a economia local.

Um deles é o candidato Javier Milei, que defende medidas radicais para abolir o banco centro do país e sua moeda fiduciária, passando a adotar o dólar. Por outro lado, o candidato Sergio Massa é contra a dolarização da economia e aborda o setor por outro ângulo: ele prometeu lançar uma CBDC (moeda digital de banco central).

 

No caso da Venezuela, a adoção de ativos digitais aflorou após a pandemia de Covid-19, com serviços médicos recorrendo a ativos digitais.

Neste mês, outra pesquisa apontou um crescimento significativo do mercado cripto em países da América Latina. O estudo foi realizado por The Inter-American Development Bank (IDB) and the Cambridge Centre for Alternative Finance (CCAF).

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