Rede Globo lança token não fungível – NFTs podem passar de R$ 50.000,00

Gabriel Gomes
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The Masked Singer Brasil é um reality show musical que estreou no ano passado na Rede Globo. Apresentado pela cantora Ivete Sangalo, trata-se da versão brasileira do King of Mask Singer, um programa sul-coreano.

Celebridades de diversos campos (atores, cantores, etc.) competem cantando com suas identidades ocultadas por disfarces. A apresentadora, os jurados e o público do programa tentam descobrir quem se apresentou. O candidato derrotado da semana tem sua identidade revelada. A adaptação do formato ao Brasil é produto da parceria entre Rede Globo, Endemol Shine Brasil e Universal Music.

Endemol Shine Brasil é o nome da divisão brasileira da Banijay, empresa francesa de produção e distribuição de conteúdo que concluiu em 2020 a aquisição do Endemol Shine Group, resultado de uma fusão precedente entre a produtora holandesa Endemol e o Shine Group, um grupo britânico de produção e distribuição de conteúdo televisivo.

À época da estreia do programa, o site PROPMARK, especializado no mercado de publicidade, divulgou que Nani Freitas, a diretora de operações da Endemol Shine Brasil, afirmara que o formato do show, que já havia sido adaptado em mais de 40 países, estava entre os mais exportados do mundo. Um dos pontos fortes do formato em questão é a curiosidade que desperta nos telespectadores, que desejam saber quem são os famosos por baixo das fascinantes fantasias.

The Masked Singer Brasil será tema para coleção de NFTs lançada pela Globo

O palco da atração musical, além de ser o cenário de apresentações que esbanjam talento e carisma, pode também acabar por se revelar o local de uma fase importante no processo de conscientização do público quanto aos tokens não fungíveis (NFTs) e suas possibilidades. Isso porque a Rede Globo, a qual é a líder de audiência média do país, lançou recentemente sua primeira iniciativa envolvendo o citado tipo de criptoativos: uma coleção de NFTs relativos à terceira temporada do The Masked Singer Brasil.

Uma plataforma desenvolvida especialmente para o programa permite que o internauta compre, venda ou troque NFTs, que representarão figuras digitais colecionáveis dos participantes do reality. Nela, já se encontram disponíveis as dos personagens que foram desmascarados até agora, como Circo, Coelho e Broco Lee.

Para cada personagem há quatro versões, uma delas de acesso gratuito, chamada Essencial, com “tiragem” de mil unidades. As outras, de aquisição paga, estão classificadas conforme sua raridade. Uma delas tem 75% de chances de ser achada, a outra, 20%, e a última, 5%. Chamam-se, respectivamente, Raro, Épico e Mítico. À medida que mais personagens forem sendo desmascarados no programa, seus tokens não fungíveis irão sendo acrescentados e disponibilizados pela plataforma.

Segundo verificou o site da revista Exame, no dia 24 de fevereiro, sexta-feira, todas as NFTs que haviam sido disponibilizadas de Coelho já tinham sido adquiridas, o personagem sob cuja fantasia escondia-se o ator Paulo Betti e que é descrito na plataforma como “o showman mais enigmático que você pode conhecer”. Alguns dos NFTs adquiridos por internautas já haviam até sido revendidos para outros. O token mais barato custará quase R$ 4 reais, e o mais caro, pouco mais de R$ 55 mil reais.

Outros personagens, porém, tinham tokens consideravelmente mais baratos e menos procurados pelo público. De acordo com a citada fonte, na mesma época, das figurinhas da única dupla participante da temporada, Romeu e Julieta, respectivamente, o cantor Tatau e a cantora Emanuelle Araújo, de que foram disponibilizadas na plataforma 293 unidades de aquisição paga, ainda sobravam 207 a vender. A transação mais barata registrada envolvendo os NFTs da dupla havia sido de R$ 1,99 reais, e a mais cara, de R$ 27,66 reais. Além das 86 vendas iniciais, houve 7 secundárias (de internauta para internauta).

NFTs do The Masked Singer são cunhados na rede Eluvio

As imagens digitais colecionáveis dos personagens do The Masked Singer são cunhadas no Eluvio, uma rede de blockchain compatível com a rede Ethereum, a mais usada para criação e abrigo de tokens não fungíveis. O Eluvio pertence à Content Fabric, uma empresa com uma carteira de custódia, a qual é compatível com a MetaMask, uma das mais usadas e de maior reputação.

Outras grandes empresas também exploram potencial dos NFTs

A Globo, claro, não é o único grande ator do negócio do entretenimento buscando maneiras de explorar o potencial de ganho e de mobilização que oferecem os tokens não fungíveis. O Spotify, uma das mais conhecidas e usadas plataformas de execução de músicas, está testando em alguns dos mercados em que atua playlists exclusivas cujo acesso dependerá da posse de certos NFTs.

O nome do projeto-piloto do conceito, o token-Enabled Playlists, pode ser traduzido livremente como Playlists Liberadas por Tokens. Ele está em testes na Austrália, na Dinamarca, nos Estados Unidos, na Nova Zelândia e no Reino Unido.

Os parceiros da gigante do streaming musical nesta empreitada são, até o momento, quatro projetos de NFTs: Fluf, Kingship, Moonbirds e Overlord. Tokens de certas séries desses projetos serão usados para liberar o acesso às playlists especiais, dando assim aos participantes dessas comunidades uma integração entre sua experiência cripto e o uso da plataforma.

O Overlord, por exemplo, apresenta-se como “uma marca de gaming e entretenimento”. Segundo a imprensa, este projeto de NFTs tem um contrato assinado com o ator Chris Griffin (de Family Guy, desenho conhecido no Brasil como Uma Família da Pesada) e o produtor Seth Green para uma animação baseada em uma coleção de NFTs do projeto.

Para falar de outro exemplo de parceiro da Spotify nas Token-Enabled Playlists, Kingship, banda virtual do Universal Music Group, também montou sua playlist exclusiva. A Kingship é uma banda virtual cujos integrantes são tokens não fungíveis do Bored Apes Yacht Club, uma coleção de NFTs baseados na rede de blockchain Ethereum. 

O grupo musical virtual foi criado por dois compositores e produtores muito conhecidos e bem-sucedidos, que atuam como co-produtores da Kingship. Um deles, James Fauntleroy, já trabalhou com Bruno Mars e Drake; o outro, Hit-Boy, já trabalhou com Miley Cyrus e Selena Gomez.

Uma comparação possível para a Kingship é com a Gorillaz, banda virtual que já ganhou vários prêmios e conquistou muitos fãs em sua trajetória, que se iniciou em 2001 com seu primeiro disco, com o mesmo nome da banda. No ano passado, o Spotify estava testando a ideia de permitir aos artistas a promoção na plataforma de seus NFTs, a serem comprados em um site externo.

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