Como investir em energia limpa em 2023? – 5 métodos rentáveis

Augusto Medeiros
| 17 min read
Foto de Jason Blackeye na Unsplash

O mundo dos investimentos, hoje, tem menos espaço para projetos que não se preocupam com as questões ambientais. O aquecimento global se tornou uma pauta importante para as empresas e investidores e voltou a ser tema no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, este ano.

Neste artigo, vamos explicar como investir em energia limpa. Apresentamos cinco opções: criptomoedas de energia limpa; ações de empresas na bolsa de valores; fundos de índice; peer-to-peer e fundos de investimento.

O que é investimento em energia limpa

Antes de falar sobre o passo a passo de como investir em energia limpa, vamos entender o que são esses investimentos. Ela, também, é chamada de energia verde e energia renovável.

Existe um desafio global para interromper o aquecimento do planeta. As mudanças climáticas vêm provocando catástrofes ambientais e colocando em risco a vida das pessoas. 

E para alcançar esse objetivo, a principal medida é reduzir o uso de energias fósseis, como petróleo e carvão e ampliar o uso de energias renováveis, também chamadas de limpas. Isso, porque são as energiais fósseis que mais emitem gases de efeito estufa, como o CO2. O excesso de gás carbônico emitido na atmosfera cria esse efeito estufa, responsável pelo aquecimento da terra.

Uma das formas para ajudar na transição energética, de fóssil para limpa, é investir em projetos que incentivam a produção de energia renovável. Por isso, é tão importante saber como investir em energia limpa. Um exemplo disso são as criptomoedas verdes, que veremos a seguir.

Quais os tipos de energia limpa

Veremos a seguir, os principais tipos de energia renovável, que não dependem da exploração de combustíveis fósseis. É interessante atentar que é a partir da produção dessas energias que se produz a energia elétrica.

Solar

Gerada com o uso do calor e da luz do sol. Com a ajuda da maior estrela do universo, a energia elétrica é gerada de diversas formas, entre as quais estão os painéis solares, onde a energia luminosa é convertida, diretamente, em energia elétrica. 


Tem ainda a heliotérmica, quando os raios solares concentrados aquecem um receptor. Este calor é usado para girar uma turbina, que gera energia elétrica. 

Eólica

Aqui, contamos com a força do vento. A energia do vento é transformada em energia elétrica, através de aerogeradores. Talvez você já tenha visto de perto, parece um catavento gigante. 

Um parque eólico é quando vários aerogeradores trabalham em conjunto, ligados a uma rede de transmissão. E as redes de transmissão podem formar um conjunto, ainda maior, os complexos eólicos. Os parques eólicos podem suprir uma grande região ou regiões isoladas, dependendo do seu tamanho.

Hidráulica

A energia hidráulica pode parecer mais familiar para você, pois é a base para a produção de energia, no Brasil. A força da água é transformada em energia elétrica. Graças aos rios cheios de vida e com a força da correnteza, é possível usar usinas hidrelétricas para produzir energia.  A água passa por uma turbina hidráulica, que ao girar produz energia elétrica. 

Biomassa

Com ciência e tecnologia, muito pode ser feito para explorar fontes de energia limpa. A produção de energia com uso da biomassa é feita de resíduos orgânicos, acumulados em um ecossistema. São aproveitados o bagaço da cana-de-açúcar, a madeira, palha de arroz, e óleos vegetais, entre outros. O lixo orgânico é convertido em gás, que é uma fonte de energia.

Geotérmica

Essa pode ser uma novidade para muitas pessoas, pois é menos popular. Geotérmica é a energia obtida a partir do calor que vem do interior da Terra. As usinas geotérmicas constumam se localizar em regiões onde esse calor está mais próximo à superfície, como, por exemplo, gêiseres (um tipo de nascente termal). O vapor é captado através de tubos e utilizado para acionar turbinas, produzindo energia elétrica.

Maremotriz

Até mesmo do mar pode ser produzida energia renovável. Maremotriz é a geração de energia por meio do movimento das marés. Ela é dividida em dois tipos: energia cinética das correntes marítimas e energia potencial, pela diferença de altura entre as marés alta e baixa. São utilizadas hélices subaquáticas que usam o movimento da água para gerar eletricidade.

Energia limpa e investimentos ESG

Por muito tempo, a palavra sustentabilidade se destacou, sozinha, quando se tratava dos projetos sustentáveis das empresas, voltados à proteção do meio ambiente. Agora, o que está na moda é usar a sigla ESG, que significa Environmental, Social and Governance, que na tradução para o português é Meio ambiente, Social e Governança.

De qualquer forma, o ESG continua relacionado à sustentabilidade, e foi daí que surgiu a nomeclatura. Uma forma de medir os impactos dos projetos sustentáveis das empresas. A ideia foi do grupo de trabalho do Principles for Responsible Investment (PRI), ligado à ONU, com o objetivo de convencer investidores de que os inventimentos em sustentabilidade valem a pena.

Veja a definição de ESG feita pelo economista, James Gifford, então líder do PRI, como publicado pela revista exame

“O ESG é apenas um subgrupo inserido no contexto maior do investimento sustentável. O termo foi criado, especificamente, para focar em questões materiais. A ideia foi inverter a lógica do que, na época, era chamado de investimento ético, para se concentrar em fatores relevantes para os investidores. 

Se você tem uma responsabilidade fiduciária, como no caso de um fundo de pensão, não deveria estar pensando num horizonte de nove meses, mas sim de nove anos, ou de 20 anos. E quando se considera esse horizonte, temas como mudanças climáticas, riscos sociopolíticos etc., se tornam relevantes. Algumas pessoas usam o termo de maneira mais ampla, mas o ponto central é a incorporação de fatores socioambientais nos investimentos para gerenciar riscos. Não é mais sobre ética, explicou Gifford.”

Uma pesquisa feita pela Cone Communication é uma prova de as empresas que queiram se destacar no mercado atual, devem se adequar aos princípios de ESG. 

A empresa ouviu consumidores e 73% deles acreditam que uma empresa deve desenvolver ações voltadas para melhorar as condições econômicas e sociais nas comunidades onde atua. 

Entenda como uma empresa pode ser considerada ESG:

  • Identificar o seu propósito e de que forma a atuação de empresa melhora a sociedade; (se a empresa deixar de existir hoje, que falta faria?)
  • Ter o controle sobre a quantidade de suas emissões de CO2, ou outros gases de efeito estufa, em todos os níveis (escopo 1, 2 e 3) e definir metas para a redução da poluição;
  • No quesito social, ela deve priorizar o relacionamento com os clientes, fornecedores e a comunidade (abrir canais de diálogo e mapear as dores de cada um e como elas se relacionam com a atuação da companhia);
  • Deve haver políticas de governança e transparência claras e objetivas.

Do ponto de vista prático, uma empresa pode ser classificada como ESG se ela estiver listada na Bolsa de Valores ou estiver no caminho para ser listada.

Agências comercias e sem fins lucrativos fazem o ranqueamento das empresas ao observar se elas seguem os princípios de uma ESG, com base numa análise de dados.

Se você está animado com o tema, até aqui, continue e logo vai saber como investir em energia limpa.

Por que investir em energia limpa?

Foto de matthew Feeney na Unsplash

Segundo o WRI Brasil, instituto global de pesquisa, com atuação em 50 países, não é só uma questão de investimento em energia renovável, é, ainda, um investimento que reduz os riscos financeiros das mudanças climáticas, por exemplo. 

De acordo com dados do Aqueduct, plataforma desenvolvida pelo WRI, até 2030, pelo menos 2,5 milhões de pessoas e US$ 42 bilhões, em propriedades urbanas, serão impactados, anualmente, por inundações costeiras causadas pelas mudanças no clima. 

Os impactos negativos são alarmantes. Em relação às inundações ribeirinhas, segundo os levantamentos da WRI, serão afetados 30 milhões de pessoas e US$ 79 bilhões em propriedades urbanas.

O WRI Brasil atua no desenvolvimento de estudos e implementação de soluções sustentáveis em clima, florestas e cidades. 

A IRENA, Agência Internacional de Energia Renovável, mostra que os benefícios sociais e de saúde, com a redução da poluição do ar, provam que vale a pena o investimento em ações de energia limpa. 

Para uma transformação realista, com aumento de temperatura global abaixo de 2°C, os investimentos seriam de US$ 19 trilhões, mas os benefícios seriam entre US$ 50 trilhões e US$ 142 trilhões, até 2050, com um aumento do PIB mundial em 2,4%.

Segundo as Nações Unidas, para limitar o aquecimento global em 1,5ºC, se comparado aos níveis pré-industriais, as emissões de carbono devem ser reduzidas em 45%, até 2030, e chegar a zero até 2050. 

5 métodos para investir em energia limpa

Agora, vamos ver como investir em energia limpa. As alternativas têm características bem diversas, entre si, e podem se adequar ao perfil de cada investidor.

1.Comprar criptomoedas de energia limpa

As criptomoedas de energia limpa, também chamadas de criptomoedas verdes, são desenvolvidas em projetos de blockchain focados na redução da poluição do meio ambiente. 

Isso acontece com o apoio a ações de energia limpa, ou com a viabilidade de transações para o mercado de créditos de carbono, em plataformas digitais.

Para entender melhor como é feito esse investimento, iremos tomar dois projetos como exemplos: O IMPT e o C+Charge.

IMPT – Cripto verde com uma Missão Ecológica

O IMPT é uma iniciativa de criptografia com o objetivo de compensar as emissões de carbono e ajudar as partes interessadas a ajudar a salvar o planeta – a plataforma negocia créditos de carbono, que oferece na forma de NFTs. 

Os usuários podem comprar, queimar e negociar créditos de carbono via IMPT.

A IMPT trabalha em parceria com mais de 10 mil empresas e marcas, como Amazon, Samsung, Microsoft e LEGO.

Esses parceiros destinam uma porcentagem específica das vendas para projetos ambientais. Dessa forma, os usuários que fizerem compras dessas marcas receberão recompensas na forma de tokens IMPT – a moeda digital nativa dessa plataforma. 

Os tokens IMPT podem ser usados ​​por investidores para comprar NFTs de créditos de carbono, que funcionam como uma compensação dos gases de efeito estufa emitidos pelas empresas. 

O mercado de créditos de carbono deve crescer 50 vezes até 2030, segundo a Bloomberg.

Mais tarde, os investidores terão a opção de queimar essas moedas ou vendê-las quando a demanda for muito maior, para gerar lucro. 

Para mais informações, acesse, aqui, o site do IMPT.

C+Charge: cripto verde para carros elétricos

A C+Charge está aproveitando o poder do blockchain para tornar a indústria de carregamento de veículos elétricos mais eficiente e transparente, com seu inovador sistema de pagamento ponto a ponto e programa de recompensas. 

Os proprietários de veículos elétricos poderão acessar as estações de recarga com mais rapidez e segurança, processar pagamentos com facilidade e até receber cripto de crédito de carbono como recompensa por usar na plataforma da C+Charge.

Os proprietários de carros elétricos que procuram uma maneira confiável e conveniente de localizar estações de carregamento, bem como registrar e rastrear suas sessões de carregamento, se beneficiarão do C+Charge.

Em sua coluna, na Folha, o jornalista, Eduardo Sodré, especialista no setor automotivo, publicou uma pesquisa que mostra as vantagens dos carros elétricos e a preferência do brasileiro sobre esse tipo de veículo.

A pesquisa da Brain Inteligência Estratégica indica crescimento para o setor dos carros elétricos. O resultado mostra que 65% dos entrevistados têm a intenção de dirigir um automóvel 100% elétrico em um futuro próximo. 

O levantamento foi feito com base nas respostas de 1.200 pessoas, ouvidas em todo o Brasil. 

Em relação à preocupação com a poluição, 81% dos entrevistados disseram acreditar que esses modelos prejudicam menos o meio ambiente.

2. Comprar ações de empresas na Bolsa de valores

Se a sua preferência é por investir em ações, uma forma de investimento, com foco na proteção ambiental, é escolher empresas listadas na bolsa de valores e que produzem ou estão ligadas à produção de energia limpa.

Algumas delas são:

  • Alupar (ALUP11): energia eólica;
  • Aeris Energy (AERI3): fabrica pás para produção de energia eólica;
  • AES Brasil (AESB3): gera energia eólica e solar;
  • Eletrobras (ELET3): conta com geração solar, eólica, entre outras alternativas;
  • Cemig (CMIG4): geração de energia eólica;
  • Eneva (ENEV3): energia solar;

Para investir com mais segurança, é possível observar quais empresas possuem o Selo de Confiança da B3 para o Mercado de Energia. Uma plataforma da bovespa que reúne informações sobre as empresas, para garantir maior confiabilidade e transparência sobre riscos.

Com a pontuação total obtida, o agente é classificado em um dos níveis do Selo: Nível 1, Nível 2 e Nível 3.

3. Investir em ETF – Fundos de Índice

Para ampliar o leque de como investir em energia limpa, vamos aos Fundos de Índice. As ações da bolsa de valores são muito populares, mas além delas, existem outros ativos negociados em bolsa, como os Fundos de Índice.

Trata-se de um fundo de investimentos que reúne um grupo de investidores. Mas os ETFs são diferentes dos fundos tradicionais. Eles são atrelados a um fundo de referência e suas cotas são negociadas no pregão da bolsa de valores como se fossem ações. 

Assim como mostramos sobre as ações, também existem Fundos de Índice ligados à energia renovável. Um exemplo é o ETF YDRO11, lançado pelo banco Itaú, com exposição ao setor de hidrogênio.

4. Investir em Fundos de Investimentos

Temos aqui uma forma de investimento semelhante a anterior, quando um grupo de pessoas se une para investir, porém, com uma diferença bem importante. 

A grande diferença entre os ETFs e os fundos de investimento tradicionais está na gestão. Os fundos tradicionais, quase sempre, têm uma variação nos investimentos. As categorias mais conhecidas são : fundos de renda fixa, fundo de ações, fundo multimercado e fundo cambial.

Enquanto isso, os ETFs replicam o índice de referência, na bolsa de valores. Isso é feito para facilitar que os investidores acompanhem os indicadores.

Ao escolher o grupo para fazer parte, você deve observar se existe o interesse em investir em energia renovável.

5. Participar de Peer-to-peer (P2P)

Já pensou em produzir sua própria energia com paineis solares, em casa, e poder ganhar rendimentos com a energia que sobrar dessa produção? Pois, essa pode ser uma opção de investimento em energia renovável.

Peer-to-peer (P2P) significa uma negociação feita entre duas pessoas, sem a participação de intermediários. Para participar, basta usar uma plataforma, como é o caso da Powerledger, baseada na tecnologia blockchain.

A Mitsubishi, também, criou uma plataforma em blockchain para este mesmo fim. A empresa firmou uma parceria com a universidade Tokyo Tech. Essa inovação possibilita baratear o custo da energia e dá liberdade para que o consumidor escolha uma energia limpa.

Como comprar criptomoeda verde

As compras de criptomoedas verdes são feitas como as de qualquer outra moeda. E funciona de forma parecida com as ações, porque as criptomoedas são listadas em bolsas de corretoras. 

Veja o passo a passo para comprar pela corretora LBank, indicada pelo Cryptonews:

  1. Fazer o registro do LBank Exchange;
  2. Clicar na carteira de usuário;
  3. Depositar $USDT;
  4. Entrar no pregão do LBank e trocar os $USDT por $IMPT.

Conclusão: como investir em energia limpa

Vimos que há muitas formas de investir em energia limpa, desde ter sua própria fábrica, com painéis solares, até investir em criptomoedas verdes. 

É importante ter a informação se os investimentos estão alinhados com ações de energia limpa. 

Também, tenha em mente os níveis de risco de cada investimento. Eles devem se adequar ao perfil do investidor. Em geral, quanto maior o rendimento, maior o risco de perda. 

FAQs – Perguntas frequentes

O que é energia limpa?

São as fontes de energia que não poluem ou têm um baixo nível de poluição do meio ambiente. Em geral, as energias fósseis, como petróleo, são as mais poluentes e eólica e solar as menos poluentes.

Como investir em energia limpa?

Existem diversas formas, já conhecidas, de investimento, que passaram a focar em projetos ambientais, como ações da bolsa de valores. Outras são inovadoras, como as criptomoedas verdes.

Por que investir em energia limpa?

Por conta da demanda para reduzir emissão de CO2, os investimentos em energia limpa se tornaram mais atrativos. Além disso, é uma questão de sobrevivência do planeta interromper o aquecimento global.

Vale a pena investir em energia limpa?

Sim, porque há uma demanda mundial por energias renováveis e uma necessidade, urgente, de parar o consumo de energias fósseis.

 

---------------------