Fluxo global de criptomoedas é negativo, mas não no Brasil

Killian A.
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Nas últimas semanas, as criptomoedas tiveram uma grande queda em termos globais. As saídas registradas foram de cerca de R$ 206 milhões mas, em contrapartida, o Brasil teve um saldo positivo de R$ 28 milhões no mesmo período. Os dados são da empresa CoinShare na semana em que o halving do Bitcoin aconteceu.

A semana em que o halving do Bitcoin aconteceu observou uma evasão do mercado. Para os especialistas, essa grande retirada é uma surpresa, pois havia uma grande expectativa em torno do evento e também da dinâmica de preços após a queima. O que aconteceu foi um efeito reverso, já que os investidores se mostraram preocupados com o halving.

Estados Unidos lidera a evasão de investimentos em criptomoedas

Curiosamente, os Estados Unidos ficaram como responsáveis pela maior parte da saída de criptomoedas registrada no período. Grande parte das retiradas vieram de investimentos relacionados aos ETFs de Bitcoin. Essa não era a projeção esperada, já que, naquele país, os ETFs foram aguardados com ansiedade durante anos.

Ao considerar o cenário de retração, o Brasil está em uma posição de destaque. Em sentido contrário às quedas, o fluxo por aqui foi positivo, com arrecadação de cerca de US$ 5,5 milhões. Convertido para real nesta data, o valor é de aproximadamente R$ 28,5 milhões. 

O saldo de entradas de investimentos no mundo inteiro é de quase US$ 19 milhões, conforme os registros do mês de abril. O Brasil já arrecadou cerca de US$ 124 milhões. Com esse desempenho, o país ocupa a 3ª posição no pódio das nações com maior fluxo de ativos movimentados.

Fluxos de criptomoedas por país. Fonte: Relatório CoinShares

O critério de classificação é o dos valores em ativos digitais adquiridos. Ou seja, corresponde ao fluxo de entrada de novos tokens no mercado digital. As duas primeiras posições foram ocupadas por países de primeiro mundo. A primeira pertente ao Canadá, com um saldo positivo de US$ 29,9 milhões. A segunda, à Suíça, com US$ 27,8 milhões.

A inclusão no Brasil no ranking chama atenção por se tratar do único país da América do Sul incluído no relatório. Além disso, é a única nação em desenvolvimento com índices positivos de aumento dos investimentos em ativos digitais no período.

O Bitcoin foi a criptomoeda com maior registro de saídas do período

Ainda com base nos dados da CoinShare, a grande maioria das saídas globais veio do Bitcoin. Mesmo passando por um período de especulação intensa, o token teve uma grande quebra de confiança. Cerca de US$ 192 milhões saíram das contas no período indicado. Mesmo com os números pouco animadores, o BTC teve um aumento de 5,6% na última semana.

Já na projeção dos últimos 14 dias, a queda registrada foi de 6,7%. Em segundo lugar no ranking de perdas vem a Ethereum. O ecossistema teve uma perda de cerca de US$ 34 milhões em tokens. Com isso, o ativo está entrando em sua sexta semana consecutiva de baixa.

Com relação aos números dos ETH, nos últimos 14 dias, houve uma queda de 10%. A retração foi de mais de 2% apenas nas últimas 24 horas.

Fluxos de criptomoedas por moeda. Fonte: Relatório CoinShares

Algumas altcoins tiveram rendimentos melhores. Esse é o caso, por exemplo, do Litecoin (LTC) e do Chainlink (LINK). O saldo positivo de US$ 3,2 milhões deixa o LTC em destaque. Já o LINK teve um desempenho positivo de US$ 1,7 milhão. Tokens que vinham apresentando um crescimento acelerado, como a Solana, por exemplo, tiveram quedas no mesmo período. O token SOL teve uma baixa de cerca de 11,7% nos últimos 14 dias, além de cair quase 5% nas últimas 24 horas.

A atual baixa das criptomoedas também não é favorável para os ETFs

O atual cenário é desfavorável para outros investimentos, segundo o relatório do CoinShares. Isso porque a tendência é de que a procura siga em baixa, ao menos nos Estados Unidos em razão da crise econômica desencadeada pelo aumento da taxa de juros incidente sobre as operações financeiras.

Os valores de aluguel, hipoteca, empréstimos bancários, e outras despesas correntes acabam recebendo o impacto da taxa de juros em prática. Ou seja, o valor do custo de vida é proporcional aos juros.

Isso tudo produz mais receio em meio aos investimentos, tanto centralizados quanto descentralizados. Ademais, é improvável que o FED reduza as taxas de juros a curto prazo. Por tudo isso, as expectativas de crescimento dos ETFs permanecerão baixas, ao menos por enquanto.

As decisões do FED são questionadas por analistas de investimentos, tanto do mercado digital, quanto do mercado financeiro. Isso porque, ao impulsionar os juros e promover uma baixa dos investimentos, há uma tendência de que empresas do setor quebrem, aumentando a instabilidade econômica. Além disso, esse cenário diminui a confiança dos investidores no governo e nos investimentos negociados em bolsa, como os ETFs.

Efeitos relacionados ao halving do Bitcoin

Ao todo, o BTC já passou por quatro halvings, todos eles com impactos positivos no preço. No entanto, dessa vez, os especialistas foram pegos de surpresa ao perceber uma queda justamente na semana do evento. Diversos fatores podem ser mencionados como causadores da saída dos tokens. Um desses motivos, como mencionado, é a crise econômica nos Estados Unidos. O país ainda é o maior mercado de criptomoedas do mundo. Portanto, tem grande importância nos índices de crescimento dos investimentos digitais.

Essa posição proeminente de um país em crise pode ter atraído a atenção dos investidores, aumentando a insegurança com relação ao futuro, especialmente para quem detém muitos tokens de BTC.

Outro fator pode estar ligado ao preço das meme coins. A baixa pode ser resultado da opção dos investidores por moedas com menor valor de mercado, possibilitando diversificação de portfólio. Somando a isso, durante o halving, as recompensas de mineração caíram pela metade, aumentando ainda mais a atratividade de moedas de menor valor.

Dinâmica de preços do Bitcoin pós-halving

O Bitcoin teve uma baixa acentuada nos dias que antecederam o halving. O token vinha sendo comercializado por valores próximos aos US$ 70 mil. Após uma retração substancial, seu valor foi parar na casa dos US$ 60 mil no dia 17 de abril. Passado o susto e o halving, o token voltou a crescer, para o alívio dos investidores. 

O halving aconteceu dia 20 de abril. Naquele dia, o BTC encontrou um preço máximo de US$ 65.230,15. Os valores se mantiveram sem muitas oscilações em 21 de abril, o dia posterior ao halving. Apenas recentemente, no dia 22 de abril, que o token voltou a ficar acima dos US$ 66 mil.

Isso reacendeu a esperança de que as baixas pré-halving podem ser superadas. No entanto, as oscilações continuam, o BTC está sendo vendido com queda de 3,5% nas últimas 24 horas e valor superior a US$ 64 mil.

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