As universidades que levam Portugal para o futuro pelo ensino de blockchain e criptomoedas

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Em 2030, estima-se que o valor do mercado global da tecnologia blockchain seja US$ 1131 mil milhões (€ 1 324 mil milhões), representando um crescimento médio anual de 87.7% nos próximos sete anos.

Desde que surgiu como tecnologia base da Bitcoin em 2009, a blockchain têm levado à reorganização de diferentes setores de atividade.

O que começou por ser uma revolução financeira está tornando-se a força motriz de uma nova forma de organização da economia.

Para fazer face às exigências do mercado de trabalhadores especializados, as universidades em Portugal aumentam a oferta curricular para incluir tecnologias descentralizadas.

Entre as 123 universidades e institutos de ensino superior no país, há cinco que se destacam pelas iniciativas relacionadas com blockchain.

1. Universidade Nova De Lisboa


Preparar os alunos para os mercados de trabalho de amanhã faz da Universidade Nova de Lisboa a melhor instituição de ensino superior do país em gestão e economia e uma das melhores universidades jovens da Europa.

Na FCT Nova, o curso de Engenharia Informática inclui no currículo blockchain e criptomoedas. No polo ciências e tecnologia são também organizados vários eventos e cursos de verão como o Living in a Decentralized World.

Na Nova IMS no polo de Campolide foi criado o grupo de estudantes Nova Blockchain Club que promove eventos como o Lisbon Blockchain Conference 3.0, que aconteceu no início do mês de maio assim como outras atividades relacionadas com blockchain, criptografia e DeFi (financiamento descentralizado). O polo de gestão de informação da Universidade Nova oferece a unidade curricular de blockchain no plano de estudos de 17 dos 28 cursos disponíveis.

Já a Faculdade de Direito e a Faculdade de Gestão e Economia organizam em conjunto um curso intensivo sobre o impacto nos mercados e nas sociedades das tecnologias descentralizadas, assim como os seus desafios e oportunidades.

2. Instituto Superior Técnico De Lisboa


A maior escolha de engenharia, arquitetura, ciência e tecnologia de Portugal oferece, de forma semelhante à Universidade Nova cursos intensivos, workshops e seminários.

Em parceria com a Universidade Católica vão ter este ano a sexta edição do curso Blockchain & Smart Contracts. Em verões anteriores organizaram eventos como o Crypto Summer by Bee2WasteCrypto, dedicados à aprendizagem sobre criptomoedas que culminaram na atribuição de bolsas de investigação a 12 participantes.

No entanto, o que mais distingue o Técnico de Lisboa no ramo das tecnologias descentralizadas é a investigação e o empreendedorismo.

Em 2021, o projeto BIG (Blockchain technologies and Design Innovation) recebeu uma bolsa ERA CHAIR de €2.5 milhões da União Europeia para, durante os próximos 5 anos, conduzir investigação do desenvolvimento da tecnologia blockchain em Portugal.

Já a start-up Cryptologic recebeu um financiamento de US$ 50 mil (€ 46.24 mil) da Outlier Ventures para criar uma plataforma para empresas que lidam com criptomoedas para combater lavagem de dinheiro e fraude.

Nos próximos dois anos estima-se que, só por jogos em web3, cerca de 100 milhões de utilizadores integrem o ecossistema. Para proteger os jogadores de fraudes, projetos de vídeo jogos em blockchain e cassino de bitcoin investem milhões de euros em segurança.

A utilidade da proteção que o projeto pretende oferecer quer às empresas, quer aos utilizadores, que poderão utilizar jogos de cassino com criptomoeda ou entrar em parques temáticos no metaverso em segurança, coloca o Técnico de Lisboa na rota das universidades do futuro.

3. Universidade Europeia


A primeira instituição de ensino superior privada no país continua a tradição de lançar cursos inovadores em novas áreas de conhecimento.

Após ter sido pioneira em criar cursos na área de gestão, design e marketing, a Universidade Europeia criou agora duas pós-graduações que se focam em tecnologias descentralizadas.

Ao contrário da Universidade Nova ou do Técnico de Lisboa, que até agora apostaram em ofertas curriculares diferenciadas e de curta duração, a instituição privada aposta em formação intensiva e faseada.

A pós-graduação em blockchain prepara profissionais para a gestão dos desafios e oportunidades da tecnologia.

Já a pó-graduação em Digital Law é mais abrangente. Para além de blockchain, criptomoedas e fintech, o curso aborda também questões relativas à ciber segurança, à privacidade, propriedade intelectual, entre outros.

No início deste mês foi aprovada no Parlamento Europeu a Lei dos Mercados de Cripto ativos (MiCA) que vira um ponto de viragem para a atividade legal nos âmbitos das tecnologias blockchain. As exigências feitas às empresas criam a necessidade de profissionais especializados em matérias legais que compreendam o assunto em mão. Desta fora, a Universidade Europeia adiantou-se uma vez mais ao mercado de trabalho.

4. Universidade Lusíada


Outra universidade onde a Blockchain também já levou à criação de cursos específicos é a Universidade Lusíada.

A pós-graduação em Blockchain e Web 3.o Marketing pretende dar a empresários e gestores o conhecimento fundamental sobre a tecnologia e os novos mercados emergentes.

O curso abrange as diferentes componentes da tecnologia como os NFTs (non-fungible tokens), as criptomoedas e as moedas comunidades que nutrem o ecossistema.

Para além desta pós-graduação, a Universidade Lusíada tem nos últimos anos aberto as portas da instituição para seminários e workshops onde se discutem temas em redor da descentralização e distribuição de valor através destas redes.

5. Universidade Católica


Depois do primeiro ano de pandemia, o aumento do valor do mercado das criptomoedas e a consolidação de vários projetos em web3, levou a uma onde de interesse pelo ecossistema.

Em 2021 a Universidade Católica organizou diversas iniciativas como workshops e webinars em tornos destas tecnologias emergentes.

Infelizmente, o interesse desvaneceu nos anos seguintes. A única iniciativa que o instituto de educação promoveu recentemente relativamente às blockchains este ano é o curso intensivo de verão em parceria com o Técnico de Lisboa – Blockchain & Smart Contracts, já acima referido.

Apesar deste esmorecimento, o corpo docente da Universidade Católica conta com o professor Paulo Cardoso Amaral, especialista em tecnologias descentralizadas.

Para além de escrever regularmente sobre cripto ativos e blockchains no Jornal Económico, o professor publica também regularmente artigos no site oficial da instituição.

A Universidade Católica do Porto foi considera pelo 4º ano consecutivo como a melhor universidade em Portugal pela Times Higher Education, no THE World University Rankings 2023. Para se manter uma instituição de ensino superior de referência ao nível nacional, a Universidade Católica terá de oferecer um currículo que prepare os alunos para os futuros mercados de trabalho o que implica manter-se a par das inovações tecnológicas ao incluir a tecnologia blockchain na oferta curricular atual.

As Outras Universidades


Será difícil que nos 14 anos desde o surgimento da blockchain exista alguma universidade onde o assunto nunca foi abordado.

As 5 universidades mencionadas destacam-se por iniciativas concretas e relevantes não só para os alunos mas também para os mercados. Com menos visibilidade, outras universidades em Portugal também criam ofertas curriculares e a discutir os temas das blockchains nos seus campus.

A Universidade do Minho criou o curso Criptomoedas, Blockchain e Mineração, que vai já na segunda edição. Já a Universidade de Coimbra destaca-se, como é já habitual, pela aposta na investigação e tem produzido vários estudos em diferentes áreas do conhecimento onde se abordam as redes blockchains.

Há medida que se desenvolve, a tecnologia é ganha cada vez mais contornos de solução para enfrentar desafios globais como a crise ambiental e as desigualdades econômicas.

Apesar de ter estar ainda na sua infância, existem cada vez mais setores de atividade a aproveitarem-se das qualidades de transparência, imutabilidade, descentralização e segurança criptográfica que a tecnologia permite.

Os desenvolvimentos técnicos da tecnologia, assim como os altos e baixos do mercado de criptomoedas estão tornando-se parte da economia e da sociedade. Como tal, é espectável que nos próximos anos as ofertas das instituições de educação superior em Portugal se atualize para refletir a importância das blockchains e das criptomoedas.

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