Bitcoin em disparada – Ainda dá para aproveitar?

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Disparada do Bitcoin - Ainda dá para aproveitar?
Imagem: @_notWillyWonka

A alta recente do Bitcoin, que alcançou valor histórico esta semana, faz com que muitas pessoas se perguntem se ainda é possível ganhar dinheiro com essa criptomoeda. No entanto, não é possível responder a essa dúvida com um sim ou não taxativos.

Afinal, a resposta depende de quanto e quando se quer ganhar ter esse lucro. Os ganhos reais podem vir em semanas, meses ou anos. Além disso, sempre há o risco de isso nunca acontecer.

De 2017 para cá, o Bitcoin saltou de cerca de US$ 800 para um valor acima de US$ 69 mil, recorde da criptomoeda. Quem investiu no BTC no final de 2022 conseguiu quadruplicar o valor, se ainda detém a moeda. Afinal, naquele ano, o Bitcoin estava em baixa, tendo caído para US$ 16 mil após a quebra da FTX.

ETFs são fator fundamental no crescimento do Bitcoin


Em janeiro deste ano, companhias americanas lançaram a negociação de 11 ETFs de bitcoins à vista. Os ETFs são fundos negociados em bolsa, semelhantes a um índice de referência, que buscam um retorno como outros instrumentos financeiros do tipo.

Essa institucionalização do BTC motiva muitos investidores mais desconfiados a aplicar em produtos com lastro nessa moeda. Aliás, chegou até mesmo a provocar efeitos indiretos em outras criptomoedas.

Os especialistas até erraram quando previram uma forte alta ocorrendo após o início dessas negociações. Afinal, após confirmada a aprovação do produto, o Bitcoin teve uma forte baixa num primeiro momento. Isso ocorreu porque muitos cotistas que estavam no Grayscale Bitcoin Trust venderam suas participações. O Grayscale Bitcoin Trust é uma espécie de clube de investimento e o maior detentor de bitcoins do mundo.

Por outro lado, a chegada dos ETFs de Bitcoin provocou um grande fluxo de novos investidores. Eles foram atraídos pela aproximação entre os investimentos tradicionais e os ativos digitais. Afinal, ao permitir a entrada do capital institucional no mercado de criptomoedas, os novos produtos atenderam a uma demanda reprimida dos investidores. Portanto, as negociações dos 11 ETFs de bitcoins à vista seguem como a principal causa da valorização da moeda digital.

Para o CEO da Coinext, José Artur Ribeiro, os ETFs são o novo motor de crescimento das criptos. Isso acontece porque, segundo ele:

“Os ETFs trazem mais liquidez ao mercado e atraem novos investidores para o mercado cripto.”

Argumentos favoráveis a uma nova alta


Em meio a esse cenário, a pergunta continua: será que ainda vale a pena investir em Bitcoin? Existem argumentos favoráveis e contrários a esse investimento no momento.

Por exemplo, aqueles que estão otimistas apontam o fato de o Bitcoin ser raro e caro, como o ouro. Além disso, sua oferta é finita. A quantidade máxima está fixada em 21 milhões, e já existem 19 milhões de unidades no mercado.

Ademais, o Bitcoin é independente de intermediários como bancos, corretoras e bolsas de negociação. No entanto, esse argumento é controverso, pois põe em dúvida a formação justa dos preços.

Por fim, o clima de otimismo com a atual alta é grande. Os movimentos recentes de ganhos atraem novos investidores, criando um ambiente favorável para as criptomoedas que pode elevar ainda mais os preços.

Alguns analistas acreditam que há 15% de chance do bitcoin atingir seu All Time High (ATH, na sigla em inglês) em um mês, com base nos preços atuais. É o caso de João Marco Cunha, diretor de gestão da Hashdex. Também Rodrigo Cohen, analista CNPI e co-fundador da Escola de Investimentos, acredita que a moeda digital pode chegar a US$ 100 mil em dezembro deste ano. No entanto, ele alerta que esse movimento de alta não será linear:

“A última vez que o Bitcoin rompeu a máxima, caiu bastante. Algumas semanas subiu, tentou romper de novo e caiu novamente.”

Dúvidas no longo prazo


Por outro lado, os mais céticos dizem que o Bitcoin é pura especulação. Portanto, ele não teria valor intrínseco nem respaldo em algo sólido. Além disso, o código que alimenta a criptomoeda requer atualização periódica e está propenso a bugs. Uma grande falha poderia comprometer a estabilidade e a segurança da rede.

Por fim, novas moedas digitais podem surgir e reduzir a demanda e o valor do Bitcoin. Por exemplo, bancos centrais de todo o mundo estão criando suas próprias criptomoedas, como o Drex no Brasil. Portanto, isso pode absorver parte da disrupção tecnológica da programação do dinheiro trazido pelas criptomoedas.

É claro que isso se refere mais a dúvidas pensando na estabilidade de longo prazo do sistema. Por enquanto, esses argumentos dizem pouco em relação a uma nova onda de valorização do Bitcoin ainda este ano.

Analistas erraram em previsões anteriores


Em geral, há um otimismo grande em relação a uma valorização contínua do BTC. Mas é preciso lembrar que os analistas podem ter conflitos de interesse. Afinal, o sucesso de suas carreiras está totalmente ligado ao avanço das criptomoedas. Portanto, não surpreende que eles errem muitas vezes em suas previsões.

É claro que isso pode ocorrer em ambas as direções. Por exemplo, a famosa gestora Cathie Woods, da Ark Investments, está entre quem acredita no Bitcoin batendo US$ 1 milhão em 2030. No entanto, assim como outros, ela esperava que a criptomoeda só batesse os US$ 69 mil históricos mais adiante neste ano.

A expectativa era que isso acontecesse próximo ao chamado “halving”, quando a recompensa dos mineradores cairá pela metade. Este ano, o halving do Bitcoin está previsto para acontecer no final de abril.

Portanto, também é importante desconfiar dos especialistas que afirmam que os resultados podem não ser os mesmos daqui para frente.

Qual a melhor estratégia?


Há bons argumentos contra e a favor do Bitcoin no cenário atual, assim como ocorre com as demais criptomoedas. Por isso, os analistas indicam fazer aquilo recomendado com qualquer ativo de risco: fazer pequenos aportes, diversificar os investimentos e manter o foco no longo prazo.

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