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Expectativas e previsões para o mercado de criptomoedas em 2024

Pedro Augusto

Dezembro 26, 2023 06:31 BRT | 8 min read

O ano de 2024 é visto como um marco para o Bitcoin (BTC), Ethereum (ETH) e demais criptoativos, com grandes expectativas para o mercado de criptomoedas como um todo.

Nos Estados Unidos, o avanço dos produtos regulados de criptomoedas indica que BTC e ETH podem se distanciar de sua imagem original. Anteriormente, ambas eram associadas a um público de nerds e anarcocapitalistas, mas que agora estão se aproximando do mainstream financeiro de Wall Street.

Essa mudança de cenário tem potencial para atrair um capital significativo e impulsionar os preços das moedas para além de suas máximas históricas, conforme apontam os analistas.

Um fator que pode beneficiar as criptomoedas é o possível término do ciclo de aperto monetário nos EUA a partir de 2024, que tende a aumentar o apetite por riscos. Além disso, atualizações tecnológicas nas blockchains do BTC e do Ether prometem gerar mais escassez e atrair novos usuários.

Lançamento de ETFs de Bitcoin Spot pode impulsionar todo o mercado de criptomoedas

No contexto macroeconômico, o lançamento de um ETF (fundo de índice) com exposição direta ao Bitcoin nos EUA surge como um desenvolvimento relevante.

Gestoras renomadas, como a BlackRock, Ark Invest e VanEck, têm se esforçado para obter a aprovação da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) para esse produto, enfrentando obstáculos relacionados a preocupações com fraude e manipulação de mercado.

Contudo, essa situação pode mudar no início de 2024. Analistas preveem que a SEC possa aprovar o primeiro lote de ETFs de BTC em janeiro, o que poderia atrair até US$ 100 bilhões rapidamente, segundo projeções da Bloomberg Intelligence.

Theodoro Fleury, gestor da QR Asset Management, destaca que a aprovação de um ETF de Bitcoin pela SEC seria um marco para a evolução do mercado, trazendo mais legitimidade ao Bitcoin como classe de ativo e provocando um influxo significativo de capital, com impactos positivos nos preços.

Além do ETF de Bitcoin, há também propostas de fundos de índices com exposição direta ao Ethereum, que, segundo Fleury, podem igualmente atrair capital institucional e elevar o valor da criptomoeda.

Corte de juros nos EUA pode aumentar o apetite por risco e atrair capital para o mercado de criptomoedas

A política monetária dos Estados Unidos é um fator crucial para o mercado de criptomoedas.

Recentemente, membros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) indicaram um possível corte na taxa de juros de 75 pontos-base em 2024, que atualmente está entre 5,25% e 5,50% ao ano.

O Goldman Sachs prevê que essa redução deve começar no terceiro trimestre.

Na prática, taxas de juros mais altas costumam atrair investidores para os títulos do governo dos EUA, os conhecidos Treasuries, tornando-os mais atraentes.

Já a redução das taxas tende a aumentar o interesse por investimentos mais arriscados, como criptoativos, ações e outros produtos financeiros de renda variável.

Luiz Pedro, sócio e analista de criptoativos da Nord Research, explica que com a perspectiva de juros mais baixos, tanto investidores de varejo quanto institucionais mostram maior apetite por risco, buscando opções que ofereçam rentabilidades mais altas para suas carteiras. Isso, por sua vez, beneficia o mercado de criptoativos como um todo.

Halving do Bitcoin em abril movimentará o mercado de criptomoedas

No quesito tecnológico, o Bitcoin se prepara para um evento muito esperado em 2024: o halving. Este evento, que acontece a cada quatro anos, reduzirá pela metade a quantidade de novos BTC gerados e pagos aos mineradores.

Em abril de 2024, a emissão cairá dos atuais 6,25 tokens por bloco para 3,125 moedas, tornando o Bitcoin ainda mais raro.

Alter Yuri, analista de research da Hashdex, destaca a importância dessa redução. Ele explica que a maioria das vendas de Bitcoin vem dos mineradores, que vendem BTC para cobrir custos operacionais. Com a diminuição da pressão de venda por parte dos mineradores, a oferta líquida do Bitcoin no mercado tende a ser impactada.

Este será o quarto halving do BTC. Historicamente, os períodos de 12 a 18 meses antes do halving são marcados por um aumento no preço do Bitcoin. Alter Yuri sugere que, se os ciclos anteriores forem indicadores confiáveis, o BTC poderá ultrapassar sua máxima histórica de US$ 69 mil, atingida em novembro de 2021.

Rede Ethereum também pode ter atualizações

Quanto ao Ethereum, as expectativas tecnológicas para 2024 são altas. O mercado aguarda atualizações que reduzam o custo de transação na rede e impulsionem o desenvolvimento de mais projetos cripto no ecossistema.

Luiz Pedro, da Nord Research, menciona a expectativa por uma nova atualização que facilite as tecnologias de segunda camada. Essas blockchains secundárias ao Ethereum podem torná-la mais escalável, processando transações de forma mais rápida e econômica.

Outras criptomoedas podem valorizar ainda mais que BTC e ETH

Especialistas em criptomoedas enfatizam que, ao montar um portfólio para 2024, a valorização não é o único critério a ser considerado.

Eles reconhecem a importância de incluir Bitcoin e Ethereum nas carteiras dos investidores, mas alerta que não se deve limitar a esses ativos exclusivamente.

Isso se deve ao fato de que, em períodos de alta do mercado, algumas criptomoedas menores e menos conhecidas podem apresentar aumentos significativamente maiores do que o Bitcoin, resultando em valorizações mais expressivas.

Enquanto Bitcoin valorizava 8.000%, altcoins geravam mais de 136.000% de retorno

Historicamente, durante os três grandes ciclos de alta das criptomoedas, de 2015 a 2017, o Bitcoin teve um aumento de 8.000%, um crescimento impressionante.

No entanto, as moedas menores tiveram um salto médio de 136.000% no mesmo período. Com apenas 750 reais, um investidor poderia ter se tornado milionário.

Em um ciclo subsequente, de 2018 a 2021, o Bitcoin cresceu 1.755%, enquanto as criptomoedas menores registraram uma média de 17.555% de valorização. A diferença é notável.

Agora, os analistas vêem potencial em novas criptomoedas pequenas que podem superar o Bitcoin no próximo ciclo de alta.

O ciclo atual representa a última grande oportunidade para lucrar bastante no mercado de ativos digitais, e os investidores devem estar atentos a isso.

BitQuant diz que Bitcoin valerá US$ 250.000 antes do halving

Muitos analistas veem o halving como um ponto crucial nos ciclos de mercado do Bitcoin. Um comentarista renomado, no entanto, projeta que o Bitcoin alcançará novos recordes históricos antes mesmo desse evento marcante.

Em setembro, a BitQuant declarou no X (antigo Twitter) que o Bitcoin superará seu recorde atual de US$ 69.000 antes de abril de 2024.

Tanto a previsão do recorde quanto a meta de US$ 250.000 pós-halving baseiam-se nas Ondas de Elliot. Elas consideram que o preço do Bitcoin repita seu comportamento em ciclos anteriores.

A BitQuant prevê até quatro correções antes de atingir a marca de US$ 250.000. Antes de estabelecer um novo recorde, ocorrerá uma correção, seguida por um recuo em torno de US$ 125 mil. Após o halving, a BitQuant antecipa mais dois recuos, ainda não mencionados.

Previsões da Bitwise para o mercado de criptomoedas em 2024

A Bitwise, gestora norte-americana que também está solicitando um ETF de Bitcoin spot, projeta que, em 2024, as criptomoedas alcançarão a chamada “Era Mainstream”. Ou seja, elas serão adotadas amplamente pelas massas.

Adicionalmente, a gestora prevê que não apenas os ETFs spot de Bitcoin serão aprovados nos EUA, mas também que seus lançamentos se tornarão os mais bem-sucedidos da história.

A empresa também prevê que um em cada quatro consultores financeiros incentivará seus clientes a investir em criptomoedas, refletindo a crescente integração com o mercado tradicional.

Como resultado dessas tendências, a Bitwise antecipa que o Bitcoin atingirá um novo ápice de preço no próximo ano. Mais especificamente, a previsão é que o valor do Bitcoin ultrapasse os US$ 80.000, superando o recorde anterior de US$ 69.000 alcançado em 2021.

A Bitwise esclarece que a expectativa de lançamento de um ETF de Bitcoin à vista no início de 2024 desencadeará um fluxo de capital novo de investidores institucionais e de varejo, elevando a demanda pelo Bitcoin.

Modelos de preços do Bitcoin apontam para a marca de US$ 130.000

Não são apenas os participantes do mercado que preveem novas máximas históricas para o Bitcoin – os modelos de previsão de preço também apontam para um cenário otimista.

Recentemente, o Cointelegraph reportou várias ferramentas de previsão de preço que indicam um valor em torno de US$ 130 mil para o Bitcoin.

O analista renomado CryptoCon divulgou essas previsões, mas pondera que alcançar um preço de seis dígitos para o Bitcoin pode demorar até dois anos.

“Embora eu esteja preparado para uma queda, tudo indica que o Bitcoin pode chegar a 130 mil dólares neste ciclo!”, declarou ele em uma publicação no X, referindo-se aos dados do modelo.

O alvo de preço também leva em consideração o halving do Bitcoin. A previsão é que o próximo pico ocorra aproximadamente quatro anos após o recorde de 69 mil dólares alcançado em novembro de 2021.

Bitcoin valer US$ 1 milhão pode ser só uma questão de tempo

Alguns entusiastas do mercado acreditam fortemente que é só uma questão de tempo até o Bitcoin atingir a marca de 1 milhão de dólares.

Neste ano, Cathie Wood, fundadora e CEO da ARK Invest, juntamente com Arthur Hayes, ex-CEO da BitMEX, reforçaram suas apostas no Bitcoin alcançando esse valor astronômico.

Há debates sobre quando exatamente isso poderia ocorrer, mas as recentes mudanças no cenário macroeconômico têm fortalecido essa previsão extremamente otimista para o preço do Bitcoin.

Em outubro, Hayes declarou que o caminho para o Bitcoin valer 1 milhão de dólares estava “em pleno vigor” devido à situação macroeconômica atual.

Ele explicou em uma entrevista ao podcast On The Margin, da Blockworks, em 1º de novembro, que se as pessoas perderem a confiança no mercado de títulos dos EUA e no sistema econômico global como conhecemos hoje, a quantidade de dinheiro buscando alternativas a esse sistema seria sem precedentes.

Cathie Wood, por sua vez, expressou em uma entrevista à Bloomberg em 3 de novembro, que, sem dúvida, escolheria o Bitcoin em detrimento do ouro como um ativo de proteção contra a inflação.