Standard Chartered China começa a oferecer serviços de câmbio para o yuan digital

Pedro Augusto
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O Standard Chartered, um importante banco multinacional, iniciou a oferta de serviços de câmbio para a moeda digital do banco central da China, o yuan digital ou e-CNY.

Através de sua subsidiária na China e em colaboração com a City Bank Clearing Services, o banco possibilita que seus clientes acessem a plataforma de interconectividade do yuan digital. Assim, permite recargas e resgates da moeda digital.

Ademais, o banco também anunciou sua participação no projeto-piloto comercial do yuan digital, tornando-se uma das primeiras empresas estrangeiras a entrar nesta iniciativa.

Por isso, o yuan digital está à frente na corrida das moedas digitais de bancos centrais, tendo alcançado um volume de transações de 1,8 trilhão de yuans (cerca de R$ 1,24 trilhão) até o final de junho.

Yuan digital será fundamental nos pagamentos internacionais e no financiamento ao comércio


Em resumo, a entrada do Standard Chartered no mercado da moeda digital chinesa segue movimentos similares de outros bancos, como o BNP Paribas. Este segundo conectou as carteiras de seus clientes corporativos às contas bancárias para transações com o yuan digital.

Com o início do seu projeto-piloto previsto para o fim de novembro e começo de dezembro, o Standard Chartered oferecerá diversos serviços relacionados ao yuan digital, incluindo câmbio e resgate.

O banco demonstra otimismo quanto ao potencial do yuan digital, especialmente para pagamentos comerciais internacionais, financiamento de comércio e financiamento da cadeia de suprimentos.

Standard Chartered já tem experiência com o yuan digital

Surpreendentemente, sua experiência com o yuan digital não é recente. Em resumo, ela inclui um teste de conceito em setembro de 2022 e um relatório conjunto com a PwC China publicado em maio de 2023.

Auto descrito como um banco internacional com raízes profundas no mercado chinês há mais de um século, o Standard Chartered tem uma presença global significativa.

Atualmente, ele é o 43º maior banco do mundo, com ativos totalizando US$ 819 bilhões em 2022.

Apesar de ter sua sede no Reino Unido, entretanto, o banco não opera lá, concentrando-se em suas operações internacionais.

O programa do yuan digital está se expandindo rapidamente na China


O Standard Chartered reconheceu o yuan digital como uma importante moeda digital de banco central (CBDC), destacando sua utilidade em transações tanto para indivíduos quanto para empresas.

O banco ressaltou que a China está entre os países pioneiros na implementação de um projeto piloto em larga escala dessa moeda digital, abrangendo 26 áreas de teste.

Relatórios sobre a CBDC da China mostram seu alcance em expansão acelerada. Em fevereiro, a China distribuiu milhões em yuan digital para seus cidadãos.

Plataformas e serviços já começam a adotar o yuan digital

Já em março, uma província registrou transações no valor de 22 bilhões de dólares em yuan digital, e a popular plataforma de mídia social WeChat começou a aceitar a moeda digital.

Em abril, surgiram notícias de que uma cidade planejava pagar seus funcionários públicos em yuan digital.

Já em maio, houve a integração do yuan digital na plataforma chinesa de e-commerce Meituan. Em julho, alguns serviços de viagens aéreas começaram a aceitar a CBDC.

E, num avanço notável em outubro, a PetroChina realizou com sucesso a primeira negociação internacional de petróleo bruto utilizando o yuan digital.

E a nossa moeda digital, o Drex, como ela está?


O Drex, moeda digital oficializada pelo Banco Central do Brasil, vem apresentando resultados promissores em seus testes iniciais, com mais de 700 transações realizadas com sucesso.

Esse desempenho destaca a eficiência e viabilidade do Drex como uma nova opção de moeda digital.

Com o nome “Drex” confirmado pelo Banco Central, a moeda digital representa um avanço significativo no projeto, que busca facilitar o acesso a serviços financeiros diversos, incluindo empréstimos e investimentos.

Essa iniciativa é um passo importante para a inclusão financeira e a modernização do sistema financeiro brasileiro.

O lançamento do Drex para o público está previsto para o final de 2024, atualmente em fase de protótipo e testes com bancos e instituições financeiras.

Esse cronograma reflete o estágio atual de desenvolvimento e os planos para implementação completa da moeda.

A escolha do nome “Drex”, que significa “Digital Real X”, veio após seis meses de estudos e deliberações pelo Banco Central. Antes de ser batizado como Drex, o projeto era conhecido como Real Digital.

Além do yuan digital e do Drex, como outras economias estão se saindo?


Em 2023, o cenário global das CBDCs tem registrado avanços significativos. Atualmente, 130 países, que representam 98% do PIB global, estão explorando CBDCs, sendo que 64 desses países estão em fases avançadas de desenvolvimento, incluindo lançamento, pilotos ou fases de desenvolvimento.

Europa, Argentina e Austrália

O Banco Central Europeu (BCE) está se preparando para o lançamento do euro digital, com foco em funcionalidade offline, alta privacidade e liquidações instantâneas. Ele está iniciando uma fase de preparação agora em novembro de 2023.

Na Argentina, o Banco Central está desenvolvendo um marco legal para a sua CBDC, visando enfrentar os desafios econômicos e controlar a inflação.

Na Austrália, um projeto piloto de blockchain para a CBDC, realizado com sucesso pela Mastercard e pelo Reserve Bank of Australia, demonstrou interoperabilidade com várias blockchains.

Entretanto, o desenvolvimento em grande escala ainda esteja a alguns anos de distância.

Japão, Nepal e Filipinas

O Banco do Japão iniciou um programa piloto de iene digital com 60 empresas, focando em liquidações no varejo.

O Nepal Rastra Bank anunciou planos para uma CBDC, embora ainda enfrente desafios devido à proibição de criptomoedas e stablecoins.

Nas Filipinas, está em andamento o Projeto Agila, uma iniciativa de CBDC no atacado com Hyperledger Fabric, visando melhorar as transferências internacionais de moeda estrangeira.

Rússia, Coreia do Sul e Suíça

A Rússia tem como objetivo a adoção em massa do rublo digital até 2027, após a aprovação parlamentar de um projeto de lei relevante.

O Banco da Coreia do Sul planeja um teste piloto para uma CBDC em pagamentos no varejo e no atacado.

Já o Banco Nacional Suíço, em colaboração com bancos comerciais e a SIX Swiss Exchange, está testando uma CBDC no atacado denominada Swiss franc wCBDC.

Estados Unidos e outros

Nos Estados Unidos, o congressista Stephen Lynch reintroduziu a legislação para uma CBDC americana, com base na criação do Congressional Digital Dollar Caucus.

Outros projetos internacionais de CBDC incluem a conclusão bem-sucedida do Projeto Mariana pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS), um experimento de CBDC no atacado com bancos centrais da França, Cingapura e Suíça, e o Projeto Sela, um teste de CBDC no varejo com os bancos centrais de Hong Kong e Israel.

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