Uso de fontes de energia renovável cresce entre mineradoras de Bitcoin

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Imagem: Unsplash

A fim de operar de forma sustentável e reduzir custos, o setor cripto se volta para o uso de fontes renováveis de energia para a mineração de Bitcoin. Essa tendência acompanha o movimento de várias indústrias com foco na emergência climática, buscando diminuir os impactos negativos sobre o meio ambiente.

Embora o maior ganho seja a sustentabilidade, o corte de gastos impulsiona bastante esse tipo de ação. Isso porque a mineração consome bastante energia, e essa despesa é a maior de todas nesse tipo de negócios. Consequentemente, os mineradores de Bitcoin procuram fontes alternativas de energia, que resultem em redução de custos operacionais.

Para se ter uma ideia, o custo médio para minerar uma única Bitcoin gira em torno de US$ 26 mil, conforme dados repassados por Steven Lubka, diretor da Swan Bitcoin, empresa do setor financeiro especializada em Bitcoin. Esse custo cai para valores entre US$ 5 mil e US$ 15 mil quando se usa energias renováveis.

A empresa Riot Blockchain, por exemplo, gasta US$ 8.389,00 para minerar uma Bitcoin. Esse valor está diretamente ligado ao uso de energia solar e eólica, o que permitiu à companhia, baseada no Texas (Estados Unidos), diminuir significativamente os gastos nessa área.

Referências de mercado


Uma interessante inovação nesse sentido vem da companhia OceanBit, que está integrando a conversão de energia térmica do oceano aos processos de mineração de Bitcoin. Segundo Michael Bennett, cofundador da empresa, essa é uma fonte de energia ainda pouco explorada, com grande potencial para gerar energia.

Essa modalidade de geração de energia se baseia na diferença de temperatura das águas dos oceanos. Para Bennet, a aplicação dessa tecnologia à mineração de Bitcoin pode escalar a conversão de energia térmica do oceano, aquecendo essa indústria. Por outro lado, pode contribuir para a diminuição de custos e para práticas mais sustentáveis no setor cripto. Com isso, todo mundo sai ganhando.

Outra referência vem da Sabre56, uma provedora de infraestrutura para a mineração de Bitcoin. A empresa tem feito parcerias com companhias de mineração em Wyoming e Ohio (Estados Unidos) para a adoção de equipamentos de mineração movidos a uma combinação de diferentes fontes de energia, incluindo uma fatia substancial de energias renováveis.

Por sua vez, a companhia de mineração Stronghold Digital Mining tem recorrido ao uso do chamado lixo de carvão, ou seja, um bioproduto que é produzido a partir dos resíduos que restam da mineração de carvão. E também funciona como fonte de energia.

Apesar da contribuição positiva, há um porém nesse tipo de projeto: a operação ainda envolve a queima de hidrocarbonetos, o que impacta negativamente o meio ambiente e a emissão de CO2.

Tendência de longo prazo


Embora esse movimento já esteja em andamento, ainda é limitado a algumas experiências e precisa avançar gradualmente para se tornar mais efetivo e perene.

De qualquer forma, os resultados já podem ser vistos – e inspirar outras empresas a buscarem soluções de mineração de Bitcoin que sejam eco-friendly.

De acordo com dado do Bitcoin Mining Council, 59% das operações de mineração nesse setor são carbon-free. E essa fatia cresce a uma taxa anual de 4,5%, aproximadamente.

Outras iniciativas eco-friendly


Além do uso de fontes de energia renóvavel para minerar Bitcoin, o setor cripto busca outras possibilidades para operar de forma sustentável. Uma delas é o investimento em projetos que reduzem a emissão de gás carbônico. É o caso do eTukTuk (TUK), que une as tecnologias cripto e blockchain com foco no transporte sustentável em países em desenvolvimento.

A solução se concentra na recarga de EVs e, desta forma, contribui para a adoção em massa desse tipo de veículo. Como consequência, ajuda a reduzir a emissão de carbono. O token $TUK alimentará todo o ecossistema eTukTuk, com recompensas de longo prazo para os proprietários na forma de Power Staking. Ademais, formará uma rede de pagamento complementar junto às transações em moeda fiduciária – dessa forma, facilitando a entrada no ecossistema eTukTuk para aqueles que não têm acesso aos serviços financeiros tradicionais.

O Brasil, por sua vez, desponta com um projeto pioneiro que prevê a tokenização de crédito de carbono para remunerar reservas naturais. Trata-se do token CLCC (Crédito de Carbono tCO2-eq.), que permite remunerar o carbono já estocado em reservas de propriedades rurais, com base na safra anual comercializada.

O token representa uma evolução do mercado de crédito de carbono por ser o primeiro a ser lastreado pela CPR Verde (ou seja, ativo de conservação ambiental que inventaria 27 serviços ecossistêmicos produzidos pela natureza durante uma safra anual, sendo um deles o estoque de carbono). O projeto resulta de uma parceria entre a CoinLivre e a Soma Sustentabilidade, sendo apresentado como “a primeira oportunidade de aquisição de tokens representativos de unidades não-fungíveis de crédito de carbono”.

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