Fundador da Binance nega existência de pedido de extradição da Interpol em seu nome

Ruholamin Haqshanas
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Changpeng Zhao. Imagem: A video screenshot, Youtube/Entrepreneur ME

O CEO da Binance, Changpeng “CZ” Zhao, negou que tenha recebido um alerta vermelho da Interpol ao procurar localizar e prender o executivo. CZ disse que a informação não passa de boato e “FUD”.

Em uma postagem no Twitter na terça-feira (04/04), Changpeng “CZ” Zhao denunciou que era falsa a informação de que estaria na lista de extradição da Criminal Police Organization. O empresário cripto até compartilhou uma imagem do suposto “red notice”, esclarecendo que era uma fotografia alterada por photoshop.

Os rumores começaram a se espalhar nas mídias sociais depois que ‘Cobie’, popular influencer do Twitter, compartilhou uma transação cripto que veio com uma mensagem alegando que CZ estava enfrentando um “red notice” da Interpol.

Vários veículos de notícias republicaram a história, o que gerou pânico entre a comunidade criptográfica. Isso provocou uma queda acentuada no preço do token BNB da Binance, bem como no mercado em geral.

“Red notice” é um pedido de extradição válido em 194 países

A Interpol é uma organização policial criminal internacional que facilita a cooperação transfronteiriça entre as forças policiais de diferentes países. O órgão americano emite um “red notice” para fugitivos procurados para extradição.

A Interpol pode usar o “red notice” como um pedido às agências em 194 países membros para localizar e prender provisoriamente a pessoa que é objeto do aviso.

Um “red notice” não equivale a um mandado de prisão internacional, e não é executável por si só. Em vez disso, o aviso serve como uma ferramenta para facilitar a extradição de um indivíduo procurado de um país para outro.

Ao repórter Ruholamin Haqshanas, de Cryptonews, um porta-voz da Binance negou as alegações e se referiu ao site da Interpol, que não lista um “red notice” público para o CEO do Binance, Changpeng Zhao – ao menos não até o dia 4 de abril.

Binance enfrenta problemas com reguladores nos EUA

Nos últimos meses, a Binance tem estado sob crescente escrutínio dos reguladores em todo o mundo, sendo seus negócios nos Estados Unidos os mais vulneráveis às constantes crackdowns da Securities and Exchange Commission (SEC).

Recentemente, o CFTC anunciou que está processando a Binance e seu fundador Changpeng “CZ” Zhao por alegações de que a bolsa cripto oferece conscientemente produtos derivativos criptográficos não registrados nos EUA, o que seria uma transgressão da lei.

A maior corretora cripto do mundo também está sendo investigada pelo US Internal Revenue Service (equivalente à Receita Federal dos EUA) e por vários procuradores federais por preocupações sobre a má adesão aos controles de Anti-Money Laundering (AML) e Know Your Customer (KYC).

Além disso, a SEC havia emitido um Wells Notice para a Paxos, uma firma de criptografia que emite a stablecoin Binance USD (BUSD). O regulador americano planeja processar a empresa pela emissão de BUSD. A agência argumentou que BUSD é considerado um título não-registrado.

Senadores americanos querem explicações

No início de março, três senadores americanos, incluindo Elizabeth Warren (D-Mass.), Chris Van Hollen (D-Md.) e Roger Marshall (R-Kansas), solicitaram à Binance e ao seu parceiro americano Binance US que fornecessem informações detalhadas sobre as operações comerciais. Há acusações de práticas ilegais.

Em uma carta endereçada à CZ e ao CEO da Binance US Brian Shroder, os senadores disseram que a bolsa e suas entidades relacionadas evadiram “propositadamente” os reguladores. Isso teria ocorrido ao facilitarem a transferência de ativos para criminosos e sanções evasivas e ocultarem informações financeiras básicas de seus clientes e do público.

Entenda o caso Binance

A bolsa cripto Binance foi acusada pela Commodity Futures Trading Commission (CFTC) de permitir que firmas comerciais sediadas nos EUA negociem derivativos cripto na bolsa internacional da Binance.

Permitir às empresas registradas nos EUA o acesso à plataforma de derivativos constitui uma evasão da política imposta à Binance segundo a qual nenhum americano está autorizado a negociar em Binance.com.

De acordo com o CFTC, as empresas americanas utilizaram entidades offshore e vários outros métodos para obter acesso à plataforma Binance.com.

Entretanto, o órgão regulador também argumentou que a Binance permitiu conscientemente que isso acontecesse.

Para servir aos operadores americanos, a Binance criou a Binance.US, que funciona como uma bolsa cripto separada que – pelo menos de acordo com a Binance – está em conformidade com os regulamentos americanos.

Nos sete dias seguintes ao processo, a Binance sofreu com retiradas líquidas de cerca de US$ 2,2 bilhões.

 

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