Bitcoin irá subir novamente ou afundar de vez após o halving?

Pedro Augusto
| 3 min read

Halving

Com o halving do Bitcoin agendado para 20 de abril, o mercado de criptomoedas parece polarizado. Enquanto alguns afirmam que essa atualização não impactará significativamente o preço da criptomoeda, que já sofreu quedas consideráveis, outros especialistas sugerem que o evento poderá trazer novos contratempos para a moeda digital, refletindo o fenômeno de “compra no boato, venda no fato”.

Nesse padrão observado no mercado, investidores tendem a adquirir um ativo baseados em rumores positivos, o que eleva seu preço. Porém, uma vez que as notícias concretas são divulgadas, o preço pode já ter incorporado as especulações e, consequentemente, pode cair caso as expectativas não se concretizem ou os investidores decidam realizar seus lucros.

Alguns analistas acreditam que o rali de alta do halving já aconteceu


Embora tenha apresentado queda nos últimos dias, o Bitcoin registrou uma valorização de cerca de 50% apenas em 2024. Isto por si só já alimenta preocupações de que o rali associado ao halving possa ter ocorrido precocemente. Analistas da Steno Research apontam que a criptomoeda pode sofrer uma queda adicional após o evento, uma vez que a recente alta nos preços se assemelha à observada antes do segundo halving, que seguiu um padrão similar.

Os especialistas da Steno Research destacam que, considerando a similaridade do comportamento do preço do Bitcoin com o período anterior ao halving de 2016 — um ciclo de “comprar no rumor, vender no fato” — e levando em conta o aumento do interesse pelo halving atual, especialmente por investidores em ETFs de Bitcoin, é provável que o quarto halving deste mês de abril repita esse padrão.

Kris Marszalek, CEO da exchange de criptomoedas Crypto.com, compartilha uma visão semelhante. Em uma entrevista recente à Bloomberg, ele sugeriu que, à medida que a data do halving se aproxima, pode surgir uma tendência de venda. Na manhã desta quinta-feira (18/04), o Bitcoin negociava em baixa de 2,10%, cotado a US$ 61.589, de acordo com dados do agregador CoinMarketCap.

Mineradores são os únicos afetados de imediato pelo halving


Bitcoin irá subir novamente ou afundar de vez após o halving?
Imagem: @_notWillyWonka

A queda recente no preço do Bitcoin, que ocorreu na última terça-feira (16/04), atribui-se, em parte, à pressão vendedora de investidores institucionais e outros grandes participantes do mercado. Estes incluem mineradores que precisam vender parte de suas criptomoedas para reabastecer seu fluxo de caixa antes que o próximo halving reduza suas recompensas pela metade.

Theodoro Fleury, gestor e diretor de investimentos da QR Asset Management, destaca que embora a venda por parte dos mineradores seja uma prática comum em períodos de halving, o cenário atual mostra características distintas. Fleury explica que, ao contrário do que aconteceu com o lançamento dos ETFs à vista de Bitcoin, não se percebe o halving atual como um evento típico de “venda no fato”.

Ele acrescenta que, inicialmente, a atualização afeta principalmente os mineradores, cujas receitas são reduzidas pela metade. Contudo, diferentemente do último halving, os mineradores já têm vendido seus estoques nos últimos meses para financiar seus planos de expansão.

Além disso, Fleury observa que o Bitcoin já estava em tendência de queda desde a primeira semana de abril. Dessa forma, a moeda  se aproxima do halving com uma desvalorização acumulada de cerca de 15%. Segundo ele, é difícil prever quedas muito maiores a partir deste nível.

Conflitos no Oriente Médio podem impactar o desempenho pós-halving


Adotando uma visão mais cautelosa para o curto prazo, Francis Wagner, chefe de criptomoedas da Hurst Capital, destacou que eventos macroeconômicos e geopolíticos, como o recente ataque do Irã a Israel, podem afetar o panorama pós-halving do Bitcoin.

Ele explicou que tais eventos externos têm o potencial de influenciar significativamente o comportamento dos investidores no mercado de criptomoedas. Como resultado, isto levaria a padrões de negociação que divergem dos usualmente observados em condições normais.

Leia mais: