B3 estreia o “Índice do Medo”, para medir a volatilidade implícita

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A Bolsa de Valores do Brasil (B3) e a S&P Dow Jones Indices (S&P DJI) anunciaram o lançamento de um novo índice de volatilidade implícita. O S&P/B3 Ibovespa VIX será o primeiro a acompanhar o mercado doméstico brasileiro.

O indicador medirá a volatilidade do Ibovespa, que é o principal índice da Bolsa de Valores do país. Fará essa medição em tempo real durante a negociação à vista do mercado local.

A S&P DJI é o principal provedor de índices do mundo, e tem como base a metodologia do Cboe Volatility Index (VIX, na sigla em inglês), de propriedade da Cboe Global Markets. 

Portanto, o VIX da bolsa brasileira terá a mesma tecnologia do VIX original. Aliás, esse índice mede a volatilidade do S&P 500, o principal índice acionário americano.

“Índice do medo”: VIX é termômetro do sentimento dos investidores


O S&P/B3 Ibovespa VIX qualificará por pontos a volatilidade precificada pelo mercado financeiro para os próximos 30 dias, com base na negociação de contratos futuros do Ibovespa. Na prática, quanto mais pontos ele apresentar, maior será a volatilidade esperada. Por outro lado, menos pontos indicam um comportamento menos volátil do índice. Portanto, o VIX é um tipo de termômetro do sentimento dos investidores. Aliás, é por isso que ele foi apelidado de “Índice do Medo”.

Afinal, quando ele está acima de 25 pontos, tem-se um sinal de alerta em relação à alta volatilidade. Mas quando ele vai acima de 30 pontos, o sinal é de volatilidade extrema, o que acaba amedrontando os investidores.

Por fim, o S&P/B3 Ibovespa VIX utiliza preços de opções em vez de preços de ações em seus cálculos. Afinal, os preços de ações refletem as expectativas dos compradores e vendedores sobre a volatilidade do Ibovespa B3. 

Cálculo retroativo da B3 indica semelhanças com mercado americano


Um exemplo de como o “Índice do Medo” funciona pode ser visto na comparação entre dois momentos do mercado americano. No começo da pandemia da Covid-19, em 2020, o VIX americano bateu seu recorde de 82,69 pontos. Além disso, a máxima anterior ocorreu na crise financeira de 2008.

Por outro lado, na última segunda-feira (18), o índice dos Estados Unidos estava a 14 pontos. Portanto, indicando uma menor volatilidade no mercado do país.

Durante o desenvolvimento do “Índice do Medo” brasileiro, a B3 fez cálculos retroativos para saber a pontuação do VIX do Ibovespa desde 2021. O comportamento do índice foi semelhante ao do VIX americano. A exceção foram momentos tipicamente críticos para o mercado local, como as eleições de 2022.

Além disso, outro ponto fora da curva ocorreu em 2021. Naquela ocasião, o então governo de Jair Bolsonaro (PL) ultrapassou o teto de gastos para bancar o Auxílio Brasil.

Volume de negócios atinge novo patamar no Brasil


O VIX da Ibovespa é uma visão transparente de 30 dias das expectativas de volatilidade do mercado brasileiro. Portanto, essa nova ferramenta oferece uma compreensão dos possíveis movimentos no mercado de valores do Brasil. Além disso, também traz uma ideia de como esses movimentos podem afetar os portfólios dos participantes desse mercado.

Para o diretor de Mercados de Capital da S&P Dow Jones Indices, Tim Brennan, o VIX refletirá o ecossistema líquido de produtos no Brasil. Além disso, ele complementa a oferta de índices líderes do mercado da S&P DJI. Segundo Brennan: 

“A S&P Dow Jones Indices tem o prazer de colaborar com a B3 nesse importante lançamento, que expande ainda mais o uso de instrumentos de referência baseados em volatilidade, não apenas nos EUA, mas em mercados fundamentais de todo o mundo.”

O gerente de Índices da B3, Henio Scheidt, também se pronunciou sobre a chegada desse novo recurso à bolsa brasileira. Segundo Scheidt, o lançamento foi possível devido ao aumento do volume de negociações no mercado brasileiro:

“O mercado de opções no Brasil atingiu um novo patamar em termos de volume de negociações, o que permitiu o lançamento desse índice e possibilitou trazer para o mercado local uma metodologia que já é consolidada em outras partes do mundo.”

O VIX poderá ser, no futuro, não apenas uma métrica de percepção do risco, mas também uma base para novos produtos. Por exemplo, contratos futuros e fundos de índices. Afinal, quanto maior o VIX, mais o ativo pode se valorizar. Por exemplo, pode ser uma forma de proteção do investidor à volatilidade do mercado.

Comunidade financeira global reconhece importância do VIX


Além disso, o lançamento do S&P/B3 Ibovespa VIX foi saudado pela diretora de Derivativos Globais da Cboe Global Markets, Catherine Clay. Segundo Clay:

“A Cboe tem o prazer de trabalhar com a S&P DJI e a B3 para fornecer o licenciamento da metodologia do nosso índice VIX a ser usada em novos mercados.”

Aliás, a S&P DJI e a Cboe já licenciaram o uso da metodologia VIX para várias bolsas de valores e empresas de índices de todo mundo. Portanto, o VIX da bolsa brasileira amplia ainda mais a linha de indicadores de volatilidade implícita da S&P DJI. Esses indicadores medem o sentimento de investidores e a volatilidade do mercado em todo o mundo.

Para Catherine Clay, o lançamento do novo índice ressalta a utilidade universal e a inovação do índice VIX. Além disso, para a diretora da Cboe, ele marca uma “etapa significativa no aprimoramento do ecossistema financeiro em todas as regiões do mundo”.

Por fim, a diretora afirmou que:

“O lançamento do novo índice reflete o reconhecimento da comunidade financeira global do papel importante que o índice VIX tem no fornecimento aos participantes do mercado de um indicador claro e mensurável da volatilidade prevista.”

Outros mercados que já criaram seus próprios índices de volatilidade foram o México, a Zona do Euro e Hong Kong.

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