Qual o impacto do primeiro ano de governo de um presidente nos investimentos?

Pedro Augusto
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Qual o impacto que o primeiro ano de governo de um presidente tem nos investimentos?
Imagem: @_notWillyWonka

Como os investimentos se comportam no primeiro ano de um novo governo? Para responder essa pergunta, o analista Einar Rivero, CEO da Elos Ayta Consultoria, elaborou um estudo com foco no comportamento dos principais índices de investimento e na inflação, medida pelo IPCA, durante o primeiro ano de governo de cada presidente do Brasil. A análise partiu do primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso até os dias atuais.

Especificamente para o governo de Michel Temer, o levantamento foi ajustado. Isso para considerar o primeiro ano após o impeachment de Dilma Rousseff, que terminou em 31 de agosto de 2016.

Além disso, o estudo também destaca o comportamento de outros dois investimentos renomados e de longa data — a caderneta de poupança e o ouro.

Índice Ibovespa: como o mercado de ações se comportou


Em 2023, a rentabilidade do Ibovespa foi de 22,3%, marcando o resultado mais baixo dos últimos três governos.

A análise dos nove governos revelou três períodos de rentabilidade negativa: dois durante os mandatos de Dilma Rousseff e um no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso. Os desempenhos mais expressivos ocorreram no segundo mandato de FHC (151,9%), no primeiro mandato de Lula (97,3%), e no segundo mandato de Lula (43,7%).

Ao considerar o IPCA

Ao ajustar os valores pela inflação medida pelo IPCA, o Ibovespa no primeiro ano do governo atual fechou em 16,9%, o menor entre os últimos três governos.

Em resumo, os registros mais baixos aconteceram no primeiro mandato de Dilma, com -23,1%, no segundo mandato de Dilma, com -21,7%, e no primeiro mandato de FHC, com -20,7%.

Esta análise ajustada pelo IPCA proporciona uma visão mais realista do desempenho real do mercado de ações, considerando os efeitos da inflação.

“É possível observar, em geral, que o desempenho do Ibovespa não foi tão positivo em comparação com os dois governos anteriores. No governo Temer, isso se deve ao fato de ter sido um ano de retomada, enquanto no governo Bolsonaro foi o primeiro ano de continuidade pós-Temer”, afirma Einar.

Além disso, ele complementa:

“A taxa de juros apresenta um desempenho elevado devido à política do Banco Central no primeiro ano do governo Lula3. A poupança teve um desempenho melhor do que em todos os governos do PT durante o governo Lula3”.

Índice CDI: surpreendentemente alto para os padrões da renda fixa


Em 2023, o Certificado de Depósito Interbancário (CDI) exibiu uma rentabilidade de 13%. Trata-se do melhor resultado desde o segundo mandato de Dilma Rousseff, que registrou 13,2%.

Ao analisar um período mais extenso, os registros mais altos ocorreram no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso (FHC), com uma impressionante valorização de 53,1%.

Esse desempenho foi seguido pelo segundo mandato de FHC, com 25,1%, e pelo primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, com 23,3%. Por outro lado, o menor valor registrado na amostra foi no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro, com uma valorização de apenas 6%.

O que sobra depois da inflação


Quando os valores são ajustados pela inflação, medida pelo IPCA, a rentabilidade real do CDI no governo atual atinge 8,1%. Ou seja, classifica-se como o quinto melhor desempenho entre os nove governos analisados.

No entanto, durante o governo Bolsonaro, o CDI apresentou o menor ganho de poder aquisitivo, ficando em 1,6%. Ao longo do período estudado, nota-se uma queda consistente na rentabilidade real do CDI.

Isso ocorre desde o primeiro governo de FHC até o segundo mandato de Dilma Rousseff. Ademais, reflete uma diminuição no ganho de poder aquisitivo quando se considera a inflação.

Caderneta de Poupança: o investimento mais conservador e popular por muitos anos


Em 2023, a caderneta de poupança no Brasil apresentou uma valorização de 8,21%, alcançando a sua maior performance desde o primeiro mandato do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, quando registrou um crescimento de 11,21%.

Por outro lado, o desempenho mais fraco ocorreu no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro, com uma rentabilidade de apenas 4,26%. O maior aumento registrado aconteceu durante o primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), com uma expressiva valorização de 40,38%.

Além disso, sob o governo atual, a poupança voltou a proporcionar ganho de poder aquisitivo aos poupadores, após uma ligeira perda de -0,05% durante o governo Bolsonaro. Esse ganho, no governo Lula 3, situa-se como o quarto melhor entre os nove governos avaliados.

Ao descontar a inflação

O período mais benéfico para os poupadores foi no primeiro ano do governo FHC, quando a poupança alcançou uma rentabilidade nominal de 40,38% e um ganho real de 14,68%, já considerando o desconto da inflação medida pelo IPCA.

O segundo melhor resultado foi observado durante o governo de Michel Temer, com um ganho real de 5,05%, seguido pelo terceiro melhor desempenho, registrado no segundo mandato de FHC, com 3,5%.

Ouro: bastante conhecido, mas não tão acessível


No ano de 2023, o ouro enfrentou sua maior desvalorização em um primeiro ano de governo desde que começaram os registros, com uma queda significativa de -6%.

Em termos nominais, o metal precioso sofreu desvalorizações em apenas três ocasiões anteriores: durante o governo de Michel Temer, com uma redução de -1,9%, e no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, com um decréscimo de 0,8%.

Inflação derruba ainda mais o retorno do ouro

Ao analisar os valores ajustados pela inflação, medida pelo IPCA, o número de desvalorizações do ouro aumenta para quatro, incluindo o primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, que registrou uma queda de -7,5%.

Contudo, a maior queda do ouro, considerando os valores ajustados pelo IPCA, ocorreu no governo atual, com uma redução expressiva de 10,1%.

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