Inteligência artificial pode transformar a economia global, afirma diretora do FMI 

Killian A.
| 4 min read

Em um artigo, Kristalina Georgieva, diretora do FMI, abordou a inteligência artificial (IA). O contexto foi o mercado de trabalho global. De acordo com ela, a IA afetará quase metade dos postos de trabalho em todo o mundo. A tecnologia deve substituir alguns postos e complementar outros. Com isso, a economia global deve ser profundamente transformada.

O trabalho é, historicamente, a base da economia. São os trabalhadores que produzem em troca do recebimento de renda. Os empregos remunerados, portanto, tornam possível o consumo. O aumento do desemprego impacta diretamente na economia, especialmente a varejista. A crescente substituição de trabalhadores por IA é uma preocupação de diversos estudiosos da economia e do trabalho, sendo pauta recente até mesmo da OIT.

Kristalina Georgieva, diretora do FMI
Kristalina Georgieva, diretora do FMI

Georgieva pede equilíbrio para que a economia não seja afetada pelas IAs


A diretora geral do FMI alertou em seu artigo que é preciso ter equilíbrio quando estamos tratando de tecnologia. Georgieva afirmou que é necessário ter um “equilíbrio cuidadoso” ao explorar o potencial das ferramentas. Isso porque o mundo caminha para uma revolução tecnológica que poderá mudar a forma como produzimos. Com isso, as IAs têm potencial para impulsionar um crescimento global, tanto em rendimentos quanto em tecnologia.

No entanto, o preço a ser pago pode ser o aumento do desemprego. Além disso, pode acarretar no aprofundamento das desigualdades. Existem diversas atividades que podem ser automatizadas e substituídas por um robô, usurpando postos de trabalho. Se essa realidade tomar conta dos países menos desenvolvidos, a pobreza e a fome podem se tornar uma realidade ainda mais avassaladora.

Isso pode acontecer em breve. Isso porque muitas atividades desenvolvidas nos países de terceiro mundo são exploradas por empresas multinacionais. Essas empresas buscam países de economia menos desenvolvida para que possam pagar menos pela mão de obra. Em regra, são empresas que visam apenas lucro e estão sempre em busca de formas rentáveis de explorar a economia local.

Impacto de IA no mercado de trabalho por nível econômico. Fonte: Blog do FMI

Isso abre a possibilidade de uso das IAs para substituir mão de obra. Os softwares não são baratos, mas tem capacidade de substituir um grande número de trabalhadores de uma vez só. Com isso, muito dinheiro deixa de ser gasto com pagamentos, remuneração e direitos trabalhistas.

IA faze parte de uma nova realidade, assim como foi com a automação


O mundo do trabalho é dinâmico e essa não é a primeira transformação vista neste campo. A automação foi capaz de substituir incontáveis trabalhadores e afetou tarefas que eram rotineiras. Isso porque o processo de automação foi responsável por agilizar a produção, diminuindo a necessidade de tantos trabalhadores nas linhas de produção.

Uma transformação semelhante está acontecendo no estágio atual. A revolução das novas tecnologias vem acompanhada de novos problemas. É certo que o risco de maior impacto esteja ligado aos países com economias em desenvolvimento. Mas, em qualquer caso, os trabalhadores serão os primeiros a sentir os efeitos do uso massivo de IAs. Tanto nas economias desenvolvidas, quanto nas economias em desenvolvimento.

O artigo de Georgieva cita dados analisados pelo próprio FMI. Considerando as atuais condições de trabalho, as economias mais avançadas podem ter cerca de 60% dos empregos alterados ou suprimidos pela Inteligência Artificial. No total, metade dos postos de trabalho podem ter interferência das IAs. É bastante possível que essas interferências culminem no aumento da produtividade e no desemprego generalizado.

Por contar com mão de obra mais precarizada, as economias emergentes têm cerca de 40% dos postos de trabalho afetados por IA. No entanto, essa realidade deve ser agravada, pelos motivos expostos anteriormente.

Desigualdade por exclusão digital


Os trabalhadores mais jovens têm maior potencial de adaptabilidade às transformações da IA nas relações de trabalho. No entanto, as probabilidades de aumento da exclusão social não param de aumentar. Há um grande risco de que muitas pessoas sejam excluídas por não conseguirem acompanhar o novo ritmo de trabalho tecnológico.

As tecnologias, incluindo as IAs, avançaram rapidamente. O choque geracional dos trabalhadores é incomparável. Trabalhadores nascidos da década de 1970 até a década de 2000 têm relações bastante antagônicas com a tecnologia. Enquanto os mais novos dominam completamente a informática, a maioria dos mais velhos usa o celular apenas para lazer. Essa disparidade é o que impede muitos trabalhadores de assumirem postos de trabalho. Isso se dará primordialmente pela exclusão social causada por dificuldades para lidar com equipamentos digitais.

Além disso, devido a desigualdade social, muitas pessoas não têm acesso a itens básicos de sobrevivência, como água potável ou tratamento de esgoto. As questões de informatização passam longe de ser uma realidade para essas pessoas. Portanto, inserir-se no mercado de trabalho torna-se ainda mais difícil, aumentando ainda mais as desigualdades sociais e regionais.

A inclusão impulsionada pelo FMI


Para ajudar na elaboração de políticas públicas que ajudem nessa nova realidade, o FMI lançou um Indíce de Preparação para a IA. O objetivo é preparar os países para lidar com a nova realidade e ajudar a preparar áreas da economia para o uso de IAs. Por isso, o índice conta com dicas de preparação de estruturas digitais, visando aumentar a adoção de políticas de capital humano e mercado de trabalho.

No material, que deve ser distribuído em breve, há diretrizes para que possam ser avaliados elementos do mercado e dos trabalhadores inseridos nele. O material leva em conta elementos como escolaridade dos trabalhadores, mobilidade no mercado de trabalho, proporção populacional e modelos de negócios digitais. Além disso, a regulação do uso de IAs e questões éticas são abordadas de forma bastante incisiva nos materiais.

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