Mineradora de criptomoedas Core Scientific finaliza sua recuperação, após alta do Bitcoin

Killian A.
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A Core Scientific, uma empresa de mineração de criptomoedas, recebeu a aprovação judicial para sair da falência, encerrando assim um processo de reestruturação que durou 13 meses.

Segundo um comunicado emitido em 16 de janeiro, o tribunal de falências do Distrito Sul do Texas confirmou o plano de reorganização da empresa. A Core Scientific planeja emergir da falência em 23 de janeiro, com expectativa de que suas ações, sob o símbolo “CORZ”, sejam re-listadas na Nasdaq já no dia seguinte.

O plano de reestruturação da Core Scientific, aprovado pelo tribunal, permitirá que a empresa reduza cerca de 400 milhões de dólares em dívidas do seu balanço patrimonial e pague integralmente seus credores. Essa recuperação foi impulsionada, em grande parte, por uma recuperação nos preços do Bitcoin (BTC) no último ano.

Durante a audiência, o juiz Christopher Lopez anunciou que confirmaria o plano de saída do Capítulo 11 da Core Scientific. Como resultado, isso permitirá à empresa finalizar seu processo de falência ainda este mês.

Como ocorreu o processo de falência da Core Scientific?


Em dezembro de 2022, a Core Scientific solicitou proteção sob o Capítulo 11 de falência, em um contexto marcado pela queda nos preços das criptomoedas e outras falências significativas no setor.

Algumas delas como a FTX de Sam Bankman-Fried, a Celsius Network de empréstimos em criptomoedas e o fundo de hedge de criptomoedas Three Arrows Capital.

 

Contudo, a empresa e seus credores tiveram uma recuperação mais favorável do que seus concorrentes falidos. Ela se beneficiou da elevação dos preços do Bitcoin e da redução dos custos de energia.

O Bitcoin estava cotado a mais de US$ 43.000 na terça-feira, um aumento significativo em relação aos quase US$ 16.800 registrados no momento da solicitação de proteção no final de 2022.

Core Scientific fecha diversos acordos para se manter

Além disso, a Core Scientific conseguiu estabelecer uma série de acordos com diferentes grupos de credores, incluindo a instituição financeira B. Riley.

Conforme o plano de reestruturação aprovado, os credores concordaram em converter cerca de US$ 400 milhões em dívidas por participação na empresa reorganizada.

A Core Scientific também assegurou um novo financiamento, consistindo em uma oferta de direitos de US$ 55 milhões. Além disso, a empresa também irá ofertar uma linha de crédito de saída de US$ 80 milhões dos seus atuais detentores de títulos. Este plano resultou na preservação de aproximadamente 240 empregos, de acordo com documentos judiciais.

O juiz Lopez, na terça-feira, destacou que a reestruturação da Core Scientific representa uma “tremenda recuperação” para os credores e acionistas existentes, que tiveram a oportunidade de participar na oferta de direitos.

Ele ressaltou que a manutenção de qualquer valor para os acionistas da Core Scientific é algo incomum em casos de falência, pois geralmente o patrimônio é eliminado nesses cenários.

Acionistas da Core Scientific ganharão nova participação de 60% na empresa


O plano aprovado determina que os acionistas, na data prevista de registro de 23 de janeiro de 2024, receberão ações do novo capital da empresa e warrants, representando aproximadamente 60% do novo capital.

Com a previsão de que os warrants sejam exercidos com pagamento em dinheiro e que os fundos sejam utilizados para a quitação de dívidas, a empresa planeja pagar integralmente sua dívida existente. Como resultado, a firma reduzirá sua dívida em cerca de US$ 1 bilhão antes da implementação do plano.

CEO da Core Scientific está confiante com o futuro da empresa

O anúncio da aprovação do plano de reestruturação da mineradora veio após a empresa, em dezembro, declarar que havia “chegado a um acordo em princípio” com todos os principais interessados sobre os termos de sua reestruturação.

Em um comentário, Adam Sullivan, CEO da Core Scientific, manifestou confiança no futuro da empresa, enfatizando o alinhamento para o sucesso e a motivação da equipe.

Sullivan declarou:

“Com a demanda por Bitcoin e computação de alto valor continuando a crescer, estamos ansiosos para gerar valor para nossos acionistas enquanto executamos nosso plano de crescimento, reduzimos nosso endividamento e oferecemos uma eficiência superior em grande escala.”

A firma de advocacia Gotshal & Manges LLP atuou como conselheira jurídica da Core Scientific durante o processo de falência. Além disso, a PJT Partners LP serviu como banco de investimentos da empresa.

Empresa fechou parceria com a Bitmain

Em outubro do ano passado, a Core Scientific revelou uma nova parceria com a Bitmain, a maior fabricante mundial de máquinas de mineração de Bitcoin.

Neste acordo, a Bitmain investirá US$ 53,9 milhões na empresa, fortalecendo ainda mais a relação já estabelecida entre as duas companhias.

Ao longo de 2023, a Core Scientific minerou 13.762 BTC para sua própria conta. A empresa opera cerca de 158.000 máquinas de mineração de Bitcoin de sua propriedade, conforme relatado no relatório anual da firma.

Como o Bitcoin está se saindo ultimamente?


Na manhã desta terça-feira (16/01), o Bitcoin apresentou uma leve alta, sendo negociado a US$ 42.863.

Apesar disso, a criptomoeda ainda está distante do seu pico de preço de dois anos, registrado na semana passada após a aprovação dos primeiros ETFs (fundos de índice) dos Estados Unidos com exposição direta ao Bitcoin.

Fernando Pereira, analista da corretora Bitget, observa que, após uma queda de 15% desde o ápice do dia 11 de janeiro, o Bitcoin ainda tem potencial para mais retrações. Sobretudo, ele diz que a primeira moeda pode atingir US$ 36 mil nas próximas semanas.

O comportamento recente do Bitcoin segue o padrão conhecido como “buy the rumor, sell the news” (compre no boato, venda no fato), conforme previsto por alguns analistas.

Esse padrão é caracterizado por uma elevação no preço do ativo antes de um evento significativo, seguido por uma queda logo após. Antes da aprovação dos ETFs, o BTC chegou a registrar um aumento de 160%.

Henrique Marinho, CBDO da Patex, mantém uma perspectiva positiva para o longo prazo, apesar da recente queda. Ele ressalta que a aprovação do ETF de Bitcoin deve facilitar o acesso de investidores institucionais ao mercado de criptomoedas, o que pode aumentar a demanda por Bitcoin e outras criptomoedas, impulsionando assim seus preços.

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