Tokenização na B3 — Drex pode fazer com que renda fixa migre para blockchain

Pedro Augusto
| 6 min read
Tokenização na B3 — Drex pode fazer com que renda fixa migre para blockchain
B3

A B3, a bolsa de valores do Brasil, alcançou um marco significativo com sua nova plataforma de negociação de renda fixa, o Trademate. Desde o lançamento em 31 de julho de 2023, a plataforma já registrou mais de R$ 1 trilhão em volume de títulos públicos federais no mercado secundário.

Especialistas do setor financeiro indicam que esse volume expressivo de negociação poderá ser transferido para tokens RWA no Drex. Isso pode ocorrer assim que o Banco Central do Brasil introduzir a moeda digital nacional, prevista para o final de 2024.

Em suma, o Drex, já em fase de testes, está explorando a tokenização de títulos públicos federais utilizando o Hyperledger Besu. Trata-se de uma blockchain compatível com EVM e escolhida pelo Banco Central para a implementação da moeda digital brasileira.

Desempenho da plataforma de renda fixa

A plataforma Trademate apresentou uma média diária de volume financeiro negociado de R$ 9,5 bilhões. O que representa um crescimento de 26% em relação ao mesmo período do ano anterior. Entre julho e dezembro de 2023, foram concretizadas 41 mil operações. Ou seja, um aumento de 54% em comparação com o mesmo intervalo de 2022.

O Trademate, a nova plataforma eletrônica de negociação de ativos de renda fixa da bolsa, foi desenvolvida inteiramente na nuvem para substituir a antiga plataforma Trader. Essa inovação começou com negociação de títulos públicos federais indexados como NTNB, LFT e NTNC, além dos títulos pré-fixados LTN e NTNF.

Renda fixa federal atingiu volume de 40% no ambiente eletrônico

No cenário atual, a plataforma da B3 detém 11% do market share de negociação secundária de títulos públicos no Brasil. Segundo Afonso Rossatto, head de produtos de renda fixa na B3, nos últimos meses, a plataforma observou dias em que o volume do mercado secundário de títulos públicos federais atingiu 40% no ambiente eletrônico da B3.

Esse número se aproxima dos padrões médios do mercado norte-americano, onde cerca de 60% do volume negociado diariamente ocorrem em ambiente eletrônico. Em resumo, esses dados sinalizam um avanço significativo no mercado de renda fixa brasileiro.

Rumo à tokenização da B3

A B3 divulgou planos para 2024 que incluem atualizações significativas em sua plataforma. Entre as novidades, está a migração de diversos produtos de alta negociação no Trader.

Alguns deles são: o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI), Cotas de Fundos Fechados (CFF), Debêntures e Crédito de Descarbonização (CBIO). Adicionalmente, ocorrerá o lançamento da versão web do Trademate.

A B3 acredita que os recentes movimentos regulatórios, visando maior transparência no mercado, aliados à tecnologia inovadora do Trademate, irão aumentar a liquidez em ambientes eletrônicos.

Isso deve levar a uma evolução saudável do mercado. Ou seja, criar um ambiente propício para o crescimento, facilitando a entrada de novos investidores e garantindo maior transparência nas informações, conforme Rossatto destacou.

No ano anterior, a B3 já havia dado um grande passo ao lançar uma plataforma para emissão, registro e negociação de ativos tokenizados.

Neste contexto, a B3 também anunciou a emissão de tokens representativos de debêntures por uma instituição financeira no novo ambiente da B3. E a posterior transferência desses ativos para carteiras digitais de outras instituições financeiras.

Tecnologia blockchain será fundamental para o processo de tokenização

A B3 destacou a importância de sua plataforma para ativos digitais como um passo fundamental em sua estratégia de evolução contínua e inovação no mercado financeiro.

Essa iniciativa, que utiliza tecnologia blockchain, promete aumentar a segurança e eficiência na transferência de ativos digitais. Desta forma, beneficiar clientes e contribuir para o desenvolvimento do mercado.

Humberto Costa, superintendente de Novos Negócios da B3, ressaltou que a plataforma oferece uma solução completa, combinando tecnologia e segurança. Ou seja, caraterísticas fundamentais para facilitar a negociação de ativos tokenizados de maneira ágil e transparente.

Isso permite que investidores de todos os tipos possam diversificar suas carteiras com mais opções.

Outros ativos negociados poderão ser tokenizados no futuro

Falando sobre o primeiro ativo com regulação que foi tokenizado, Costa explicou a digitalização de debêntures, agora disponíveis em uma rede blockchain. O que significa mais solidez da operação.

O ativo preserva-se na depositária de renda fixa, respeitando o arcabouço regulatório existente. E, simultaneamente, replica-se na nova tecnologia.

Costa também mencionou que outros ativos que passam pela depositária da B3, com armazenamento de informações cruciais como titularidade e histórico. Assim, esses ativos podem virar tokens no futuro.

Qual o potencial dos ativos que se convertem em tokens?

A tokenização de ativos pode alcançar um valor impressionante de US$ 16 trilhões até 2030. O que representa cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) global.

Este crescimento significativo, 50 vezes maior em comparação com 2022, tem o impulso principalmente de ativos reais, conforme relatam instituições renomadas como JP Morgan, Binance e Boston Consulting Group (BCG).

Para dimensionar a magnitude desse mercado em apenas oito anos, pode-se fazer uma comparação com as economias atuais. Se o mercado de tokenização fosse um país, ele seria a terceira maior economia do mundo. Abaixo apenas pelos Estados Unidos (US$ 26,95 trilhões) e China (US$ 17,7 trilhões).

Mercado de tokenização é quase 8 vezes o PIB do Brasil

Este valor de US$ 16 trilhões é 7,7 vezes maior do que o tamanho previsto para a economia brasileira em 2023 (US$ 2,081 trilhões), segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Embora essas projeções possam parecer exageradas a princípio, a revolução que a tokenização traz indica que elas podem ser até conservadoras.

A tecnologia blockchain possibilitou o registro de tokens, que podem se vincular a ativos financeiros. Com isso, qualquer ativo ou propriedade pode ter um registro em blockchain. A partir disso, a comercialização em forma de tokens passa a ser possível, representando uma fração do seu valor.

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