Real digital: Roberto Campos Neto destaca potencial do Drex em evento

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Roberto Campos Neto
Fonte: (Raphael Ribeiro/BCB)

O presidente do Banco Central (BC) Roberto Campos Neto participou do Encontro Anual Endeavor 2023 e revelou seu otimismo com o impacto do real digital. Segundo ele, o Drex deve gerar um ganho de eficiência no setor financeiro.

Campos Neto abordou uma série de temas atuais durante a palestra, como a questão fiscal e o trabalho do BC na promoção do open finance. No entanto, o destaque ficou para sua defesa do Drex, visto por ele como um “universo novo” capaz de gerar novos modelos de negócio.

Tokenização de ativos com Drex deve aumentar eficiência


Para Campos Neto, a criação do real digital incentivará a tokenização dos ativos e, com isso, deve gerar um ganho grande de eficiência no sistema financeiro. Ele destacou uma série de pontos de destaque da moeda:

“Temos pagamentos programáveis, maior velocidade, transferência ponto a ponto, transparência e aumento da segurança, com uma tecnologia muito diferente do que temos hoje.”

Apesar de o foco de Campos Neto ter sido a eficiência dos bancos, ele também abordou os benefícios que o Drex trará para os consumidores. Por exemplo, na área de registros e contratos.

“Quando você comprar alguma coisa, em vez de ir ao cartório pegar o registro, precisa só de uma impressora em casa, porque (o contrato) está no blockchain, no DLT. A plataforma vai estar lá, o ativo vai estar lá e, se a pessoa quiser pegar um empréstimo, a divisibilidade e a disponibilidade para colateral é automática.”

Distributed Ledger Technology (DLT), ou tecnologia de distribuição de registros de informações em rede, é o que permite a descentralização do sistema. A blockchain é sua expressão mais conhecida no universo dos tokens digitais.

Campos Neto não vê risco para os bancos


Outro aspecto discutido pelo presidente do BC foi um possível risco para os bancos com a desintermediação provocada pelo Drex. Afinal, uma conversão extrema de dinheiro para o real digital poderia diminuir o papel dessas instituições.

A solução teria sido a adoção do depósito tokenizado:

“O banco bloqueia um pedaço do depósito e emite um token. Então, não afeta em nada o balanço dos bancos e se ganha eficiência no sistema financeiro. A parte do controle de risco de colateral e funding melhora muito quando temos tudo no DLT ou tokenizado.”

O depósito tokenizado também evitaria a necessidade de se criar uma normatização inteira para o real digital. Afinal, com esse sistema, a moeda tokenizada herdará a regulamentação  que já existe para depósitos. Portanto, será necessário apenas criar a plataforma de liquidação digital.

Drex poderá funcionar sem internet


Em painel realizado no dia 17 de novembro, Campos Neto já havia mencionado pontos importantes a respeito da tecnologia do Drex. Por exemplo, ele citou a possível integração do sistema com inteligência artificial. O recurso seria destinado ao planejamento financeiro dos usuários. No entanto, o presidente do BC não deu detalhes sobre seu funcionamento.

Campos Neto também afirmou que o Drex poderá funcionar offline. Ou seja, não seria preciso ter internet para utilizá-lo. Nesse caso, o usuário poderia usá-lo com uma carteira no celular, que ficaria acessível para pagamentos mesmo sem uma conexão ativa.

Os temas foram abordados durante sua participação no evento “E agora, Brasil?”, promovido pelos jornais Valor Econômico e O Globo.

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