Tribunal de Montenegro aprova extradição de Do Kwon

Pedro Augusto
| 6 min read

Um tribunal na capital de Montenegro, Podgorica, aprovou a extradição de Do Kwon, fundador da Terra, para a Coreia do Sul ou Estados Unidos. Conforme atualização recente no site do judiciário, a decisão final sobre o país para o qual será extraditado caberá ao Ministro da Justiça de Montenegro.

No entanto, antes do processo de extradição, Kwon cumprirá uma pena de quatro meses de prisão em Montenegro pelo crime de falsificação de documentos. A prisão de Kwon ocorreu em março, no aeroporto de Podgorica, onde foi detido com documentos falsificados.

Os problemas legais do fundador da Terra vão além de Montenegro. Além das acusações de falsificação de documentos, ele enfrenta várias acusações de fraude levantadas por procuradores federais dos EUA.

Os procuradores americanos alegam que Kwon fez uma série de declarações falsas e enganosas durante uma entrevista na TV sobre a adoção da blockchain Terra por usuários.

Fundador da Terra planejava alterar o preço de mercado dos ativos


O desacreditado chefe de criptomoedas também fez uma série de afirmações supostamente enganosas sobre a eficácia da stablecoin TerraClassicUSD em manter sua paridade com o dólar americano, bem como o suposto envolvimento de Kwon em estratégias de trading projetadas para alterar o preço de mercado de ativos.

Além disso, ele também enfrenta acusações civis nos EUA, bem como uma investigação em andamento na Coreia do Sul relacionada ao colapso do TerraUSD no ano passado.

Recentemente, o Tribunal Superior de Montenegro manteve a sentença de prisão de quatro meses para Kwon e seu associado Han Chang-Joon.

O tribunal rejeitou o recurso deles, considerando a sentença apropriada. Após cumprir sua pena em Montenegro, Kwon enfrenta a possibilidade de extradição para a Coreia do Sul ou para os EUA.

Cofundador da Terra é indiciado na Coreia do Sul


Em um acontecimento relacionado, Daniel Shin, cofundador da Terraform Labs, foi indiciado na Coreia do Sul por violações das leis do mercado de capitais. Promotores congelaram cerca de US$ 185 milhões em ativos.

Shin negou qualquer envolvimento no colapso da empresa, afirmando que deixou a companhia dois anos antes do incidente. Ele é o fundador do Chai, que estabeleceu uma parceria comercial com a Terra.

Shin declarou que a parceria se encerrou em 2020, mas uma entrevista de 2022 em um canal do YouTube mostrou Shin explicando que os produtos Chai poderiam ser “recarregados” nas “estações” da Terra – sugerindo que a parceria ainda estava ativa no início de 2022.

Postaram o vídeo em questão três semanas antes do colapso do ecossistema Terra.

SEC não considerou Shin ligado às fraudes da Terra

Shin alegou que o vídeo e seu conteúdo foram mal interpretados, e sua equipe jurídica esclareceu em uma declaração à SBS que Shin “não participou da gestão da Terra desde que se separou de Kwon” em 2020.

Sua equipe ainda acrescentou que a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) emitiu acusações contra Kwon. Entretanto, a equipe destacou que as acusações não mencionam Shin, indicando que a SEC não o considerava ligado a fraudes ou violações relacionadas a valores mobiliários.

A stablecoin algorítmica TerraUSD utilizava uma combinação de algoritmos e incentivos para traders, envolvendo um token irmão, Luna, para manter seu valor de 1 dólar.

Porém, a stablecoin perdeu sua paridade com o dólar em maio do ano passado, após uma onda de vendas atingir o mercado de criptomoedas.

Fundador da Terra faz transferência de US$ 7 milhões para empresa de advocacia pouco antes do colapso


Do Kwon, transferiu US$ 7 milhões para um escritório de advocacia na Coreia do Sul pouco antes do colapso de sua stablecoin de alto rendimento, Terra, e do token associado Luna, no ano passado. Essa ação precipitou uma queda ainda mais intensa no mercado de criptomoedas.

Inicialmente, reportaram a transação através daemissora sul-coreana KBS News, e promotores da Coreia do Sul confirmaram à Bloomberg a veracidade do relatório.

Relatos indicam que Kwon enviou os fundos para o escritório de advocacia Kim & Chang, sediado em Seul, pouco antes do colapso de Terra e Luna em maio do ano passado. O relatório não detalhou a cronologia dos eventos.

A Forbes tentou obter um comentário de Kim & Chang. No entanto, o escritório disse à Bloomberg que não poderia fornecer detalhes específicos, mas que recebeu o pagamento legitimamente pelos serviços de assessoria jurídica prestados.

Transferência de fundador da Terra pode ser um indicativo de que as coisas iriam por água abaixo

Promotores tanto na Coreia do Sul quanto em Singapura, onde Kwon enfrenta acusações por violação das leis de valores mobiliários, estão investigando a origem desses fundos.

Caso se confirme que Kwon financiou essa transação vendendo tokens da própria empresa antes da desvalorização, ele poderá enfrentar ainda mais problemas legais.

Os relatórios da KBS e da Bloomberg sugerem que o momento do pagamento pode indicar uma antecipação de Kwon aos problemas futuros após o colapso de Terra e Luna.

O que de fato aconteceu com a Terra? — Entendendo a sua trajetória


O colapso da Terra (LUNA) em maio de 2022 representou um marco histórico no setor das criptomoedas, destacando-se pelo fracasso dramático de sua stablecoin algorítmica UST e da moeda nativa, LUNA.

Contexto e mecanismo

A Terra construiu seu ecossistema em torno da UST, uma stablecoin algorítmica, e do protocolo Anchor, baseado na blockchain para empréstimos e financiamentos.

Um contrato inteligente único sustentava a UST, permitindo a troca de UST por LUNA, embora ela não tivesse lastro fora da cadeia.

Para promover a adoção da UST, o Anchor oferecia um rendimento extremamente alto de 19,5% aos depositantes de UST.

Contudo, a sustentabilidade desses altos rendimentos e o volume de subsídios necessários tornaram-se insustentáveis, alcançando US$ 6 milhões diários em abril de 2022.

O colapso

A perda de confiança na UST e na LUNA, agravada por uma queda geral nos valores das criptomoedas, desencadeou o colapso. Grandes saques do Anchor no início de maio de 2022 sinalizaram o início de uma venda desenfreada.

O design da UST permitia aos usuários trocar UST por LUNA, causando um aumento massivo na oferta de LUNA e uma queda catastrófica em seu preço.

Esse “espiral da morte” levou a um aumento na oferta de LUNA de 1 bilhão para 6 trilhões e seu preço despencou para quase zero.

Investidores mais ricos e sofisticados saíram mais rápido, sofrendo perdas menores.

Já investidores menos informados tiveram maiores prejuízos, com alguns até comprando durante o colapso, na esperança de lucrar em uma recuperação de mercado.

Consequências e lições

O colapso eliminou mais de US$ 40 bilhões, afetando o mercado de criptos de forma mais ampla e causando prejuízos significativos para investidores.

Isso destacou a necessidade do setor de proteger o usuário, além de oferecer liquidez e transparência apropriadas.

Especialistas ressaltaram a importância da diligência antes de investir em projetos de criptomoedas emergentes, defendendo um sistema robusto de gestão de riscos, incluindo ordens de stop loss e diversificação de portfólio.

O evento levou a uma auditoria maior nos projetos e destacou a necessidade de uma liderança responsável e estratégias abrangentes de avaliação de riscos na indústria de criptomoedas.

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