Perfil do endividamento no Brasil em 2023

Killian A.
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Recentemente foi divulgado o resultado de uma pesquisa da Serviços de Assessoria S.A. A empresa é mais conhecida pelo acrônimo Serasa. O estudo foi encomendado para traçar o perfil de endividamento da população brasileira em 2023. O resultado foi surpreendente. Os dados indicam que mais da metade da população do país está endividada. O mais espantoso é o nível de endividamento. Foram identificadas dificuldades até mesmo com as contas básicas.

A Serasa é uma empresa privada brasileira, especializada na prestação de serviços de crédito para bancos e instituições financeiras. Hoje, ela é responsável por grande parte das análises de crédito do país. O perfil do endividamento divulgado mostra o cenário financeiro preocupante dos brasileiros. Neste artigo, vamos mostrar os dados da pesquisa e falar um pouco mais sobre organização financeira.

As contas básicas são a principal fonte de endividamento no Brasil


Os dados da pesquisa Perfil e Comportamento do Endividamento Brasileiro 2023, divulgados em 09 de novembro, chamam a atenção.

O estudo indica que 53% dos brasileiros encontram dificuldades para arcar com seus gastos básicos. Dentre esses gastos estão as contas de água, energia elétrica e gás. Apenas essas três rubricas correspondem à maior parte dos orçamentos familiares. Os dados indicam que 83% do universo de consumidores endividados (53%) já precisaram atrasar outras contas para conseguir arcar com as despesas básicas mensais. Esse número corresponde a 43,99% dos brasileiros.

Fonte: Serasa Comportamento

Além disso, atrasos no pagamento de dívidas por um período longo também são bem comuns. Cerca de 74% dos brasileiros que não conseguem arcar com as contas básicas (43,99%) afirmam ter uma conta atrasada há pelo menos um ano. O número corresponde a 32,55% dos brasileiros.

Outro indicativo que chama a atenção está no valor destinado para contas básicas. O estudo indicou que o valor das contas básicas representa quase R$ 750,00 para cerca de 82% dos brasileiros inadimplentes. Ou seja, o comprometimento de renda é de 56,82% do valor do salário mínimo atual. Esse percentual é majoritariamente constituído pelas contas de energia elétrica, água e gás. Como são despesas indispensáveis, as famílias optam por priorizá-las.

Por fim, ainda segundo a pesquisa, cerca de 61% dos brasileiros já pediram dinheiro emprestado de amigos ou familiares para pagar as contas básicas do mês. Outro dado impressionante é que outros 49% dos entrevistados confessaram já ter feito empréstimos para pagar esse tipo de conta. Mesmo com todo o malabarismo financeiro para saldar as contas rotineiras, 45% dos entrevistados afirmam que em algum momento tiveram algum serviço básico cortado por causa de atraso no pagamento.

O cartão de crédito também é responsável por parte do endividamento


O cartão de crédito tornou-se um meio popular de pagamento, especialmente por facilitar as transações do dia-a-dia. No entanto, nem todo mundo sabe dos riscos ou das regras para utilização dos cartões. O crédito rotativo é a forma de endividamento mais agressiva existente no Brasil. A taxa média de juros cobrados para o uso de crédito rotativo é de 445,7%. Isso de acordo com o Banco Central do Brasil.

Nesse sentido, do total de entrevistados, 55% têm dívidas com cartão de crédito. Desse percentual, cerca de 59% representam dívidas com compras de supermercado. Portanto, foram feitos com alimentação e higiene. Com 46%, a segunda maior causa de endividamento no crédito é a compra de eletrodomésticos e roupas. Por fim, a terceira causa está ligada à saúde. Do total, 37% dos brasileiros endividados com cartão de crédito afirmaram usar o meio de pagamento para comprar remédios e pagar por tratamentos médicos.

O desemprego é o principal causador de dívidas


Com altas taxas de desemprego e informalidade, os trabalhadores brasileiros seguem com dificuldade para acessar o básico. Primeiramente, pelo menos 22% dos entrevistados afirmaram que o desemprego ainda é o principal motivo para o endividamento e o atraso no pagamento de contas básicas.

Fonte: Serasa Comportamento

Os indicativos da pesquisa mostram que houve uma melhora no quadro geral relativos ao desemprego. Em 2019, cerca de 40% dos entrevistados indicaram o desemprego como motivo para a inadimplência de contas rotineiras. Mas, mesmo com uma redução considerável no índice de desemprego, ainda existe um número elevado de trabalhadores sem ocupação fixa.

Por outro lado, cresceu o número de devedores que não conseguiram arcar com as contas básicas em razão da redução da renda. Na pesquisa divulgada recentemente, cerca de 20% dos entrevistados apontaram ser esse o motivo para deixar de adimplir com as contas indispensáveis à sobrevivência.

Quem são os entrevistados?

O Serasa fez uma parceria com o instituto de pesquisa Opinion Box para coletar respostas sobre endividamento de mais de 11 mil consumidores inadimplentes. A base de dados usada foi o sistema de registro de dívidas do Serasa. A amostra dos consumidores foi elaborada aleatoriamente. Desse modo, foi possível entrevistar consumidores de todo o país. Todas as entrevistas foram efetuadas de maneira remota e as perguntas foram respondidas durante todo o mês de outubro de 2023.

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