Satoshi Nakamoto de volta? Transferência misteriosa de US$ 1,2 milhão para sua carteira

Pedro Augusto
| 7 min read

O mundo das criptomoedas no Twitter ficou empolgado quando um detentor anônimo de Bitcoin realizou uma transferência misteriosa com uma grande quantidade de BTC, avaliada em US$ 1,2 milhão, para a Genesis Wallet.

Este é o endereço de carteira na rede Bitcoin associado a Satoshi Nakamoto, o criador enigmático e pseudônimo do Bitcoin.

Entusiastas de criptomoedas ficaram perplexos após este grande pagamento em Bitcoin para o endereço na blockchain de Nakamoto na sexta-feira (05/01), gerando ampla especulação sobre as intenções por trás da transação.

Dados da Arkham Intelligence mostraram que essa transação ocorreu logo após uma quantia similar ter sido retirada da exchange de criptomoedas Binance.

A carteira de Nakamoto, que minerou o primeiro bloco “gênesis” da rede Bitcoin em 3 de janeiro de 2009, e ainda contém a recompensa inicial de 50 BTC. Após o pagamento da semana passada, os ativos da carteira quase dobraram, chegando a quase 100 BTC, avaliados em cerca de US$ 4,5 milhões.

Transferência misteriosa ocorreu dois dias após o aniversário de 15 anos da rede Bitcoin 

A comunidade Bitcoin estava em alvoroço com especulações após a transferência misteriosa ocorrer apenas dois dias após o 15º aniversário do lançamento da rede Bitcoin.

Embora seja comum usuários enviarem pequenas quantias para a carteira gênesis inativa em comemoração ao início da rede, o tamanho desta transação em particular, na sexta-feira, foi incomum, despertando curiosidade generalizada sobre suas origens.

Conor Grogan, diretor da Coinbase, comentou em uma postagem no X, sugerindo duas possibilidades para essa transferência significativa. “Ou Satoshi se tornou ativo, comprando 27 bitcoins da Binance e transferindo para sua própria carteira, ou alguém simplesmente desperdiçou deliberadamente um milhão de dólares”, afirmou.

Grogan também considerou a possibilidade de ser uma jogada de marketing, talvez relacionada a um dos emissores de fundos de investimento negociados em bolsa (ETF) de Bitcoin Spot dos EUA, visto que a expectativa por uma aprovação está em seu ápice.

Transferência misteriosa pode ser uma tentativa de desvendar a identidade de Nakamoto

Jeremy Hogan, sócio do escritório de advocacia Hogan & Hogan, apresentou uma teoria de que a recente transação de Bitcoin para a carteira de Satoshi Nakamoto pode ser uma tentativa de desvendar a identidade do criador do Bitcoin. Essa teoria leva em conta as novas regulamentações fiscais dos EUA.

Essas normas exigem que contribuintes americanos declarem transações de criptomoedas acima de US$ 10.000 ao Internal Revenue Service (IRS) a partir deste ano. “O remetente pode estar tentando forçar Satoshi a se revelar”, comentou Hogan em uma publicação. “Ou Satoshi se identifica ou estará infringindo a lei.”

Dados da Arkham indicam que o endereço do remetente não tinha histórico antes da transferência misteriosa para a carteira de Nakamoto. Contudo, depois mostrou interações com um endereço identificado como a carteira quente da plataforma de corretagem Robinhood.

Analistas de mercado estimam que Nakamoto possui aproximadamente 1,1 milhão de BTC, avaliados em quase US$ 50 bilhões, distribuídos por várias carteiras. Recentemente, o Bitcoin estava sendo negociado por volta de US$ 45.000.

Para alguns, Nakamoto poderia de fato ter ressurgido

Esta teoria pressupõe que Nakamoto seja cidadão americano e, portanto, sujeito às normas do IRS.

Entretanto, se Nakamoto não estiver nos EUA, essas regulamentações não se aplicariam. Isso adicionaria uma reviravolta às especulações e destacando a dificuldade de determinar definitivamente a identidade e os motivos do criador enigmático do Bitcoin.

Há também especulações de que Nakamoto poderia ter ressurgido, com alguns comentários sugerindo que o fundador do Bitcoin poderia ter comprado US$ 1,2 milhão em BTC na Binance e transferido para sua carteira original.

Carteira misteriosa gasta US$ 66 mil para criptografar mensagem à rede Bitcoin

Como se já não bastasse o tom de mistério envolvendo a carteira de Nakamoto, mo último fim de semana, uma carteira anônima também ganhou destaque na comunidade de criptomoedas.

Surpreendentemente, ela realizou 332 transações, utilizando aproximadamente 1,5 BTC, avaliados em cerca de US$ 66.000, para gravar quase 9 megabytes de dados criptografados na blockchain do Bitcoin.

As taxas dessas transações variaram consideravelmente, algumas atingindo milhares de dólares, enquanto a maioria ficou na faixa de US$ 200. Apesar do alto custo, o conteúdo dos dados gravados continua sendo um mistério, pois está criptografado e ainda não foi decifrado para visualização ou análise pública.

Ord.io, uma conta ligada ao explorador de Ordinals, comentou no X sobre esse evento significativo de inscrição de dados criptografados na blockchain do Bitcoin.

Essa atividade foi possibilitada pelo protocolo Ordinals, que permite a atribuição de dados a satoshis individuais, a menor unidade do Bitcoin. Ordinals são geralmente usados para incorporar arte na blockchain, mas também podem armazenar vários tipos de dados, incluindo textos criptografados.

Como funciona o mecanismo de rastreabilidade da rede Bitcoin?

O mecanismo de rastreabilidade da rede Bitcoin opera com um alto nível de transparência, diferentemente do que muitos podem pensar a respeito da sua anonimidade.

As transações no Bitcoin são públicas, rastreáveis e armazenadas permanentemente na blockchain, que é o registro público da rede. Cada transação inclui informações como os endereços do remetente e do destinatário, assim como o valor transferido.

Estes endereços são sequências únicas de letras e números que identificam as carteiras, mas não estão diretamente vinculados a identidades reais.

Apesar de as transações serem pseudônimas, ou seja, não revelarem diretamente a identidade das partes envolvidas, elas não são completamente anônimas. Isso se deve ao fato de que os endereços Bitcoin, uma vez usados, ficam marcados com o histórico de todas as transações nas quais estão envolvidos.

Qualquer pessoa pode visualizar o saldo e todas as transações de qualquer endereço. Além disso, a identificação do usuário pode ser revelada durante a obtenção de bens ou serviços, o que torna difícil manter o anonimato completo.

O compromete a privacidade e o que pode ser feito para aprimorá-la

Há também aspectos técnicos que podem comprometer a privacidade na rede Bitcoin. Por exemplo, o endereço IP do usuário pode ser registrado, o que evidencia o provedor de serviços de internet (ISP) e, consequentemente, pode levar à identificação do usuário. Além disso, o uso de serviços de terceiros para a carteira Bitcoin, que mantêm o registro de todas as transações e a identidade do usuário, pode afetar a privacidade.

Para melhorar a privacidade, recomenda-se o uso de novos endereços Bitcoin para cada recebimento de pagamento e a utilização de várias carteiras para diferentes propósitos. No entanto, mesmo com essas práticas, é importante estar ciente de que o anonimato completo pode ser difícil de alcançar na rede Bitcoin.

Há serviços, como misturadores de criptomoedas, que tentam aumentar a privacidade embaralhando as transações. No entanto, esses serviços têm suas próprias limitações e riscos, incluindo a legalidade variável e a necessidade de confiar nos operadores desses serviços.

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