Gartner lança relatório com as 10 tendências tecnológicas para 2024 — IA é protagonista

Pedro Augusto
| 9 min read

A Gartner, uma empresa especializada em fornecer insights para executivos, anunciou recentemente suas previsões sobre as 10 principais tendências tecnológicas que serão cruciais para as organizações em 2024. Entre elas, a inteligência artificial (IA) generativa e outras formas de IA se destacam como grandes impulsionadoras de oportunidades.

No entanto, a empresa alerta que para tirar proveito da IA de forma duradoura, é necessário uma abordagem disciplinada e atenção aos riscos.

As expectativas dos clientes e os modelos de negócios estão mudando com o avanço da inteligência artificial, e isso exige que as empresas adotem novas ferramentas e estratégias.

Sobretudo, a Gartner destaca que essas tendências tecnológicas podem ajudar as organizações a crescer, se proteger e gerar valor.

Chris Howard, chefe global de pesquisa da Gartner, apresentou essas tendências no IT Symposium XPO deste ano. Ele enfatizou a importância de entender as direções em que a tecnologia está evoluindo e como isso impactará os próximos anos.

Acima de tudo, essas tendências oferecem visões importantes sobre o que se tornará mais relevante e quando, o que permite às organizações se prepararem para capturar seu valor. Esse conhecimento será essencial para as decisões de negócios e estratégias tecnológicas nos próximos três anos.

1. Democratização da inteligência artificial generativa (IA)


A Inteligência Artificial Generativa, ou GenAI, está se tornando mais acessível e comum no mundo dos negócios. Isso acontece graças à combinação de modelos de IA avançados, computação em nuvem e código aberto, facilitando seu uso por mais pessoas.

A Gartner prevê que até 2026, mais de 80% das empresas terão integrado a GenAI em suas operações, seja através de APIs, modelos de IA generativos ou aplicativos específicos. Isso é um salto enorme, considerando que no início de 2023, menos de 5% das empresas estavam fazendo isso.

Além disso, a grande vantagem da GenAI é que ela permite acessar e utilizar uma grande quantidade de informações, tanto internas quanto externas, de maneira fácil e eficiente. Isso é uma mudança significativa, pois democratiza o conhecimento e as habilidades dentro das empresas.

2. Gestão de segurança para IA


Inegavelmente, líderes de TI precisarão criar processos para lidar com questões de segurança e privacidade diante do crescimento do uso de Inteligência Artificial nas empresas.

Com a IA se tornando mais acessível, a gestão de confiança, risco e segurança da IA (TRiSM: AI Trust, Risk and Security Management) se faz mais necessária.

Eventualmente, sem proteção adequada, os modelos de IA podem gerar efeitos negativos que se agravam e saem do controle, prejudicando os resultados positivos e avanços sociais que a IA pode proporcionar.

A TRiSM oferece ferramentas para gerenciar modelos de IA, proteção de dados, segurança específica para IA, monitoramento de modelos e controle de riscos. Dessa forma, essas ferramentas ajudam a evitar problemas e garantir que a IA seja usada de forma responsável e eficaz.

A Gartner prevê que, até 2026, empresas que adotarem controles baseados em TRiSM terão tomadas de decisão mais precisas, eliminando até 80% de informações erradas ou inapropriadas.

Como resultado, essas empresas conseguirão levar mais projetos de IA para produção, obterão mais valor comercial e terão modelos mais precisos e consistentes.

3. Desenvolvimento aumentado por IA


O uso de inteligência artificial no desenvolvimento de software está revolucionando a maneira como os engenheiros trabalham. Nesse sentido, tecnologias como GenAI e aprendizado de máquina estão ajudando na criação, codificação e teste de aplicativos.

Esta inovação, conhecida como engenharia de software assistida por IA, aumenta significativamente a produtividade dos desenvolvedores. Com essa ajuda, as equipes podem lidar melhor com a demanda crescente por softwares necessários para gerenciar negócios.

Além disso, as ferramentas de desenvolvimento movidas a IA reduzem o tempo gasto pelos engenheiros escrevendo códigos. Isso os libera para se concentrarem mais em tarefas estratégicas, como o planejamento e a elaboração de aplicativos de negócios mais atraentes.

Essas ferramentas podem gerar códigos automaticamente, transformar designs em código, traduzir códigos antigos para linguagens modernas e aprimorar a forma como os aplicativos são testados.

Segundo a previsão da Gartner, até 2028, cerca de 75% dos engenheiros de software empresariais vão usar assistentes de codificação baseados em IA. Isso é um salto enorme comparado aos menos de 10% que os utilizavam no início de 2023.

4. Força de trabalho conectada aumentada


A estratégia da força de trabalho conectada aumentada (ACWF: augmented-connected workforce) está sendo adotada para melhorar a eficiência e o desempenho dos trabalhadores humanos.

Esta abordagem está crescendo devido à necessidade de desenvolver rapidamente talentos e habilidades.

Essa estratégia usa tecnologias avançadas e análises de desempenho para dar suporte diário aos funcionários, ajudando a melhorar sua experiência, bem-estar e habilidades.

Além disso, a ACWF visa impulsionar os resultados das empresas e trazer benefícios para todos os envolvidos.

A Gartner prevê que até 2027, cerca de 25% dos diretores de tecnologia (CIOs) vão implementar a força de trabalho conectada aumentada.

O objetivo é diminuir pela metade o tempo necessário para desenvolver habilidades essenciais nas equipes.

A estratégia inclui o uso de aplicativos, dispositivos móveis, wearables (tecnologias vestíveis), análises, gestão de fluxo de trabalho, e também aborda a aprendizagem e o desenvolvimento de talentos.

5. Gerenciamento contínuo de exposição a ameaças (CTEM)


O gerenciamento contínuo de exposição a ameaças (CTEM: continuous threat exposure management) é um método eficaz e sistemático que ajuda as empresas a avaliar e gerenciar de forma constante a segurança dos seus ativos digitais e físicos.

Esta abordagem não se concentra apenas em uma parte específica da infraestrutura, mas sim nos riscos de negócios e ameaças que podem afetar toda a organização.

Isso inclui identificar não só as vulnerabilidades que podem ser corrigidas, mas também aquelas que não têm solução imediata.

Um ponto importante do CTEM é que ele integra a avaliação de riscos com os projetos de negócios da empresa ou com ameaças específicas, permitindo uma visão mais clara sobre onde e como agir.

Além disso, este método avalia quais ameaças são mais críticas e testa o quão eficazes são os controles de segurança atuais da empresa, ajudando a identificar as melhores formas de proteção.

Segundo uma previsão do Gartner, até 2026, as organizações que adotarem o CTEM como base para seus investimentos em segurança poderão reduzir em dois terços as violações de segurança.

6. Tecnologia sustentável


A tecnologia sustentável representa um conjunto de soluções digitais que ajudam a promover um equilíbrio ecológico e a defender os direitos humanos a longo prazo.

Ela engloba as práticas ambientais, sociais e de governança (ESG) e tem um papel fundamental na manutenção da sustentabilidade.

Com o uso crescente de tecnologias como inteligência artificial, criptomoedas, Internet das Coisas e computação em nuvem, surgem preocupações sobre o consumo de energia e os impactos ambientais.

Por isso, é cada vez mais importante que o uso da tecnologia da informação (TI) seja eficiente, reciclável e sustentável.

Segundo previsões do Gartner, até 2027, cerca de 25% dos diretores de informação (CIOs) terão seus salários vinculados ao impacto sustentável que conseguirem gerar com a tecnologia.

Essa tecnologia sustentável se divide em várias áreas:

  • As tecnologias ambientais, que buscam prevenir, minimizar e se adaptar aos riscos naturais.
  • As tecnologias sociais, que visam melhorar questões de direitos humanos, bem-estar e prosperidade.
  • As tecnologias de governança, que reforçam a conduta ética das empresas, supervisão e desenvolvimento de habilidades.

7. Engenharia de Plataforma


A engenharia de plataforma se concentra na criação e gerenciamento de plataformas internas de autoatendimento.

Cada uma dessas plataformas funciona como uma camada distinta, desenvolvida e cuidada por uma equipe especializada em produto, com o propósito de atender às necessidades dos usuários através da interação com diversas ferramentas e processos.

Essa abordagem traz vários benefícios. Primeiramente, ela melhora significativamente a experiência dos desenvolvedores, tornando mais ágil a entrega de resultados que têm impacto comercial.

Além disso, ela contribui para diminuir o esforço cognitivo, já que aprimora tanto a experiência quanto a produtividade desses profissionais.

Outra vantagem importante é que ela potencializa a autonomia dos desenvolvedores no que diz respeito a execução, gestão e desenvolvimento de seus aplicativos, sem comprometer a segurança e a confiabilidade do trabalho.

A previsão da Gartner indica que até 2026, 80% das organizações de engenharia de software terão equipes de plataforma atuando como fornecedores internos de serviços, componentes e ferramentas reutilizáveis para a entrega de aplicativos.

8. Machine Customers


Clientes-máquina, também conhecidos como machine customers ou custobots, são entidades econômicas que operam de forma autônoma, capazes de negociar e comprar bens e serviços sem intervenção humana.

Até 2028, prevê-se que 15 bilhões de produtos conectados terão o potencial de agir como clientes, com bilhões a mais surgindo nos anos seguintes.

Esta tendência em ascensão promete gerar trilhões de dólares em receitas até 2030, ultrapassando a importância do comércio digital. As empresas devem considerar estratégias para aproveitar essa onda, facilitando o funcionamento desses algoritmos e dispositivos ou até mesmo criando novos custobots.

Esses agentes econômicos são capazes de executar ações como receber mensagens, negociar, solicitar serviços, fazer compras e compartilhar experiências. Pela primeira vez na história, as empresas têm a oportunidade de criar seus próprios clientes.

Segundo previsões da Gartner, até 2028, os machine customers irão tornar obsoletas 20% das interfaces digitais projetadas para serem lidas por humanos.

9. Plataformas de nuvem industriais


A Gartner prevê que até 2027, mais da metade das empresas, ultrapassando 70%, adotarão plataformas de nuvem industriais para impulsionar suas iniciativas de negócios. Esse crescimento é notável quando comparado a menos de 15% das empresas que as utilizam em 2023.

As plataformas de nuvem industriais, conhecidas como ICPs, são soluções personalizadas para cada setor. Elas integram serviços como SaaS, PaaS e IaaS em um pacote completo que pode ser adaptado conforme as necessidades específicas de cada organização.

Essas plataformas incluem desde uma estrutura de dados do setor até uma biblioteca de recursos de negócios, além de ferramentas de composição e outras inovações.

Os líderes de TI encontram nas ICPs uma ferramenta valiosa para alcançar adaptabilidade e agilidade, essenciais para lidar com as rápidas mudanças no setor.

Portanto, a tendência é que o uso de plataformas de nuvem industriais se torne cada vez mais frequente, representando uma mudança significativa na forma como as empresas abordam suas iniciativas de negócios na próxima década.

10. Aplicações inteligentes com IA


As chamadas aplicações inteligentes estão incorporando a inteligência, que, segundo a Gartner, é a capacidade de adaptação aprendida para responder de forma adequada e autônoma.

Essas aplicações inteligentes utilizam uma variedade de serviços baseados em inteligência artificial, como aprendizado de máquina, armazenamento de vetores e dados conectados. Isso resulta em experiências que se adaptam dinamicamente aos usuários.

A demanda por tais aplicações é evidente. De acordo com a pesquisa Gartner CEO and Senior Business Executive de 2023, 26% dos CEOs identificaram a escassez de talentos como um dos principais riscos para as organizações.

Encontrar e manter talentos é uma prioridade, e a inteligência artificial é vista como a tecnologia mais impactante nos próximos três anos em vários setores.

Enriquecidos com dados de transações e fontes externas, os aplicativos inteligentes fornecem insights valiosos, eliminando a necessidade de ferramentas separadas de business intelligence (BI) para análise de negócios.

A previsão da Gartner é que até 2026, 30% dos novos aplicativos utilizarão IA para criar interfaces de usuário adaptáveis e personalizadas, um aumento significativo em relação aos menos de 5% atuais.

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