IA está entre as maiores preocupações de CEOs de bancos, aponta estudo da KPMG

Pedro Augusto
| 6 min read
IA está entre as maiores preocupações de CEOs de bancos, aponta estudo da KPMG
Imagem: @_notWillyWonka

Em um contexto global, os bancos estão enfrentando uma série de desafios significativos. Estes vão desde a transformação digital até as questões ambientais, sociais e de governança (ESG). Além destes, deve-se incluir as incertezas do mercado, o aumento dos custos de capital e a disrupção tecnológica, com a inteligência artificial (IA) ganhando destaque entre os fatores disruptivos.

Essa é a constatação do estudo KPMG 2023 Banking CEO Outlook, elaborado pela KPMG, que ouviu 142 CEOs de instituições bancárias localizadas nas Américas — com ênfase nos Estados Unidos e no Canadá —, na Europa e na Ásia. O relatório oferece um panorama das percepções desses líderes sobre o cenário econômico atual e suas estratégias de negócios para os próximos três anos.

De acordo com o levantamento, há um otimismo cauteloso entre os executivos bancários quanto ao crescimento econômico futuro, apesar de este otimismo ser mais moderado em comparação com anos anteriores.

Perspectiva de crescimento para os bancos diminui


A pesquisa revelou uma diminuição na confiança das perspectivas de crescimento econômico global, registrando uma queda de 72% para 70%, e uma baixa na expectativa de crescimento do setor bancário, de 84% para 76%. Paralelamente, a confiança no crescimento das próprias empresas dos entrevistados também sofreu um declínio, passando de 82% para 76%.

Este “esfriamento” do otimismo é consequência direta da crescente incerteza nos cenários político e econômico, que sugere a iminência de recessões técnicas em determinados mercados.

Apesar desse cenário, uma expressiva parcela dos entrevistados, correspondente a 89%, mantém a expectativa de lucros positivos nos próximos três anos. Além disso, 87% dos respondentes indicaram planos para aumentar o quadro de funcionários internamente. Eles demonstram uma perspectiva de investimento na capacidade produtiva e na expansão de suas operações.

Quando questionados sobre o principal risco enfrentado por suas organizações no horizonte de três anos, a maioria dos CEOs, representando 79% dos participantes, apontou o custo de vida como a maior preocupação.

Esse dado evidencia a percepção de que as condições econômicas vigentes impactam de maneira significativa diversos grupos de interesse, culminando em um estancamento nos volumes de empréstimos e investimentos.

CEOs de bancos afirmam que o ESG vem para agregar valor


bancos

A pesquisa também destaca que as tecnologias disruptivas (76%), as exigências regulatórias (74%), a escassez de talentos (74%) e o cibercrime (71%) são percebidos como riscos significativos pelos líderes empresariais. Apesar desses desafios, os dirigentes mantêm um compromisso firme com as práticas de sustentabilidade e responsabilidade social corporativa, conhecidas pela sigla ESG (Environmental, Social, and Governance).

Os resultados do estudo evidenciam a percepção dos executivos sobre a relevância do investimento em ESG. Eles são motivados não só pela necessidade de atender a regulamentações, mas também pelas vantagens econômicas que isso pode trazer. Uma maioria de 63% dos CEOs confirma que o ESG já está integrado às estratégias de suas empresas como um vetor de geração de valor.

No que diz respeito ao impacto do ESG, os líderes empresariais reportam uma influência significativa na forma como se relacionam com os clientes (29%), na alocação de capital (20%) e nos resultados financeiros (17%). Além disso, mais da metade dos entrevistados antecipa um retorno considerável dos investimentos em ESG nos próximos três a cinco anos.

Metas de descarbonização e dificuldades

Um aspecto crítico abordado é que muitos CEOs têm estabelecido metas de descarbonização. Contudo, eles enfrentam desafios como a complexidade de reduzir emissões em suas cadeias de suprimentos.

Além disso, há a carência de competências para implementar soluções de carbono neutro, um obstáculo para 28% dos entrevistados. A ausência de soluções tecnológicas apropriadas também é um problema para 27% dos líderes.

Os CEOs reconhecem as dificuldades em mensurar progressos no âmbito do ESG, considerando as interdependências com a economia, as regulamentações vigentes e a disposição dos clientes para aderir a essa jornada sustentável.

Diversidade e inclusão também são de extrema importância para os bancos


Os diretores executivos também demonstram um compromisso contínuo com a diversidade e inclusão. Sobretudo, 79% deles reconhecem que a igualdade de gênero em posições de alta gestão é um impulsionador do crescimento empresarial. Já 78% veem a diversidade e inclusão como um dever inerente à liderança.

Paralelamente, a aposta em tecnologias disruptivas ganha destaque, com 73% dos CEOs concordando que a inteligência artificial representa a maior oportunidade de avanço. Eles a enxergam como um meio para ampliar a lucratividade, identificar fraudes, contrapor-se a ciberataques e capturar novas oportunidades de mercado.

Embora CEOs de bancos se sintam seguros contra ciberataques, casos aumentam a cada ano


A pesquisa de 2023 revela que a maioria dos CEOs de bancos se sente bem preparada para um ciberataque em suas instituições. Entretanto, não é surpresa que essa confiança tenha diminuído ano após ano diante da frequência crescente de ataques cibernéticos aos bancos do mundo durante 2023.

Enquanto 66% dos respondentes em 2022 afirmaram estar bem preparados para um ciberataque naquele ano, esse número caiu para 54% este ano. Aqueles que se descrevem como despreparados aumentaram para 21% em 2023, em comparação com 10% em 2022.

Quando questionados sobre o motivo de se sentirem despreparados para uma ameaça cibernética, 40% atribuíram à sofisticação crescente dos atacantes. Por outro lado, 27% reconheceram a escassez de pessoal qualificado e 17% culparam a falta de investimento em defesas cibernéticas. Felizmente, apenas uma pequena minoria (7%) relatou que a cibersegurança não é considerada uma prioridade empresarial.

Dificuldades na implementação da IA


Os CEOs do setor bancário estão igualmente cientes dos desafios associados à implementação da inteligência artificial de última geração. Mais da metade (55%) destaca as capacidades tecnológicas e as habilidades em IA, além do custo de implementação (55%), como grandes desafios. A maioria também aponta para os desafios éticos e a falta de regulamentação no setor como pontos altamente desafiadores.

No entanto, os CEOs mantêm um otimismo elevado em relação aos benefícios da Inteligência Artificial de última geração. Como resultado, 74% esperam ver um retorno sobre o investimento dentro de cinco anos, e 23% ainda mais otimistas, preveem um retorno dentro de três anos.

Esse entusiasmo pode ser atribuído ao fato de que muitos bancos recentemente conduziram testes intensivos com a inteligência artificial de última geração em suas operações, desde o desenvolvimento de TI até o suporte ao cliente com auxílio digital.

Muitos projetos alcançaram resultados impressionantes, sugerindo que a aplicação mais ampla pode efetivamente ampliar e habilitar suas forças de trabalho, aumentar a produtividade e impulsionar a rentabilidade.

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