Brasil foi o país que mais investiu em ativos digitais na última semana de janeiro

Killian A.
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O Brasil liderou os investimentos em cripto entre os dias 20 e 26 de janeiro. A atividade pegou o mercado despercebido, ao ir na contramão da tendência global. O atual cenário dos investimentos em criptomoedas é negativo, com queda de preço dos principais ativos e esvaziamento de carteiras.

Os investidores de todo o mundo se mostraram mais receosos com relação ao mercado digital. O motivo mais evidente é a ligeira queda registrada no preço do Bitcoin.

O Brasil apresentou um desempenho surpreendente nas últimas movimentações com ativos digitais. O país foi responsável pelo maior volume de transações com ativos digitais no período. Dessa forma, os investidores nacionais atraíram a atenção das empresas do setor. É esperado que essa performance possa impulsionar ainda mais o crescimento dos investimentos digitais por aqui.

CoinShare divulga números sobre as movimentações recentes


A CoinShare apresentou os números atualizados das transações no mercado de ativos digitais. No relatório, indica que o Brasil está contrariando as tendências de retração. Os brasileiros fizeram o maior volume de transações com criptomoedas e fundos de alto risco. Em 7 dias, ultrapassaram a marca dos US$ 50 milhões. Mais de ⅕ desse volume foi negociado somente na quarta-feira (21/02).

Volume de negociação de ativos digitais por país. Fontte: CoinShares

Outros países também se destacaram graças aos seus aportes. No entanto, os números foram bem mais discretos. A Austrália, por exemplo, registrou um saldo de US$ 30 mil investidos no mesmo período. Já a França, teve um investimento líquido de apenas US$ 100 mil.

Mesmo com esses números, os fundos de investimentos em criptomoedas estão fechando o mês de janeiro no vermelho. O mercado digital apresentou uma retirada dos valores investidos que ultrapassou a margem dos US$ 500 milhões. Essa marca se refere apenas às retiradas efetuadas neste ano.

Os maiores saques são de países como Estados Unidos, Suíça e Alemanha. Somente nos Estados Unidos, por exemplo, os saques foram de mais de US$ 409 milhões.

Baixa nas carteiras de criptomoedas pode ser resultado dos ETFs de Bitcoin


Alguns analistas estimam que a aprovação dos ETFs de Bitcoin pode ter provocado uma mudança nos interesses dos investidores. A venda de criptomoedas se deu logo após o lançamento dos primeiros ETFs de criptomoedas. Esse tipo de investimento foi autorizado pela SEC depois de um longo e conturbado período em avaliação. Foram necessárias infindáveis reuniões e muita habilidade de negociação.

A liberação oficial aconteceu em 11 de janeiro. A aprovação abriu caminho para o surgimento de uma nova modalidade de investimento misto: uma cesta de investimento em ativos financeiros e digitais. Isso permitiu uma maior rentabilidade. Desde então, muitos investidores passaram a retirar seu dinheiro investido em ativos digitais. A alegação mais recorrente é a de que os ETFs apresentam melhores rendimentos.

Em pouco mais de 20 dias em comercialização, os ETFs já movimentaram mais de US$ 5,9 bilhões. Desse volume, foram mais de US$ 1,8 bilhão em nos últimos 8 dias. Isso explica a baixa sentida no mercado de criptomoedas. Muitos investidores estão migrando para outros formatos de investimento. Como é comum, quanto mais moedas são retiradas das carteiras e alocadas em outros investimentos, mais o preço cai.

No entanto, outro movimento deve ser percebido em pouco tempo. Com o aumento do investimento em ETFs e a redução de criptomoedas alocadas em carteiras digitais, é muito provável que outros ativos digitais ocupem o espaço. Por isso, é esperado que os investidores comecem a mesclar as transações em ETFs com novas criptomoedas em breve. Isso deve acontecer à medida que os ETFs ganham mais notoriedade e aumentam as possibilidades de lucros.

Acúmulo, saques e movimentações do Bitcoin


O Bitcoin é a criptomoeda com maior capitalização do mercado. Portanto, é natural que o ativo mova mais que outras criptomoedas. Com o lançamento dos primeiros ETFs, o BTC foi a cripto que registrou mais movimentações no período apontado pela CoinShare. O ativo teve uma retirada global de US$ 479 milhões. Já o Ether, teve uma retirada registrada de US$ 39 milhões naquela semana. Outras criptomoedas com grande volume de saque foram a Polkadot e a Chainlink, com US$ 700 mil e US$ 600 mil respectivamente.

Volume de negociação de ativos digitais por criptomoeda. Fonte: CoinShares

Tudo indica que os Bitcoins sacados foram reinvestidos em ETFs de BTC. Isso porque os ETFs de Bitcoin especificamente acumularam mais de US$ 3 bilhões em tokens BTC. Ou seja, é provável que não tenha ocorrido uma redução nas transações com Bitcoin, mas uma mudança no tipo de investimento em Bitcoin. Ao invés de comprar somente o Bitcoin, pode ser que os investidores estejam priorizando a aquisição dos ETFs de Bitcoin.

As pesquisas de mercado devem confirmar essa informação em breve. Se for isso, não se terá ocorrido uma redução da FOMO em torno do Bitcoin. Pelo contrário, em breve o ativo pode retomar seu processo acelerado de crescimento.

Movimentação do Bitcoin no momento

No momento, o BTC está em ligeira queda. Ainda assim, com uma boa recuperação nos últimos dias. Após períodos difíceis, o token está em alta desde o ano passado. O Bitcoin está conseguindo manter uma média de preço acima dos US$ 40 mil, que é bastante importante para o ativo no momento.

Essas informações servem para traçar os primeiros panoramas sobre os novos investimentos do mercado. Isso porque os movimentos registrados se complementam com as movimentações de criptomoedas. As corretoras centralizadas de criptomoedas totalizaram uma diminuição dos seus aportes de cerca de US$ 100 milhões nas últimas semanas.

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